tag:blogger.com,1999:blog-69369001011807356122024-03-14T03:15:06.268-03:00De Verde CasaJuliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.comBlogger350125tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-52408769478815329402021-11-19T18:25:00.000-03:002021-11-19T18:25:00.774-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-KUOQtrk7dO8/YZgUm_v4XoI/AAAAAAABejs/3I9wgHMHc_0765R8790GOpFOsw1Vy2QsQCPcBGAsYHg/s4000/IMG_20211107_114444575.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4000" data-original-width="3000" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-KUOQtrk7dO8/YZgUm_v4XoI/AAAAAAABejs/3I9wgHMHc_0765R8790GOpFOsw1Vy2QsQCPcBGAsYHg/w300-h400/IMG_20211107_114444575.jpg" width="300" /></a></div><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="text-align: left;">No primeiro dia de caixa nova e fechada no Laboratório, monitorando as meninas pelo plástico transparente, percebi um forídeo aparecer lá dentro e consegui matá-lo, espremendo o bicho entre o plástico e uma travessa de madeira. Algumas horas depois vi mais um, que voou para o fundo e escapou de mim. No dia seguinte outros quatro apareceram. Consegui fazer com que alguns voassem para fora da caixa, outros consegui matar, mas aquilo começou a me preocupar. Como eles apareciam cada vez mais ali dentro se nenhum conseguia entrar?</span></div><p style="text-align: justify;">Então, no terceiro dia, depois de matar o nono desgramento, tomei a decisão de abrir a caixa novamente dentro do banheiro lacrado para ter acesso ao fundo de tudo, que não era possível ver olhando de cima, pelo plástico.</p><p>O que encontrei baixou um pouco meu astral: dezenas de abelhas mortas, muito lixo acumulado e larvas, diversas larvas andando pela madeira, se enroscando em pedaços de cera e subindo pelas paredes. Sem falar de alguns casulos (as pupas, onde acontece a transformação de larva para ser voador) e forídeos adultos voando ali pelo meio. Desanimador. Descobri que não tinha conseguido limpar tudo na transferência, talvez tivessem sobrado ovos e larvas escondidos entre as camadas do ninho, onde não mexi muito para não estragar. A infestação continuava em andamento e a colônia ainda precisava da minha ajuda intensiva.</p><p>Virei o módulo inferior da caixa de cabeça para baixo, jogando fora todo aquele lixo e raspei a madeira com uma colherinha, catando todas as larvas que pude ver. Fiz realmente uma boa busca, e posso dizer que naquele módulo de madeira não sobrou nenhuma.</p><p>Enquanto isso as abelhas, agora sim estressadas, voavam por todo o banheiro, fazendo um zum zum zum forte que não tinha acontecido ainda. Segurei firme minhas próprias rédeas, me forçando a ficar calma e domando uma irritação que teimava em vir, porque eu era a única ali que podia fazer alguma coisa. Estava sozinha, eu com meus instintos e ferramentas, e tinha que encerrar aquilo da melhor maneira possível. Para elas.</p><p>Nessas horas, pensar em que já passou por perrengue maior que o seu dá uma certa força e a sensação de que a coisa até que não está tão ruim. Um médico, exausto durante uma cirurgia complicada, deve se sentir muito pior, pensei. Tamara Klink, dentro de uma tempestade, certamente passou mais dificuldades. E no meio do oceano a abelha morta seria ela mesma, caso a calma não a ajudasse a pensar.</p><p>Então remontei as metades de cima e de baixo da caixa, recoloquei as vedações de fita crepe e comecei a pegar as abelha, uma a uma nas pontas dos dedos, dessa vez contando. Mais uma vez o trabalho parecia infinito, mas por volta da número cinquenta e poucos fui enxergando o final daquilo. Terminei mesmo na sessenta e dois, e pelo silêncio dentro do banheiro tive certeza de que tinha pego todas de volta.</p><p>Passei mais três dias com elas fechadas na caixa, só observando pelo plástico, e fiz a mesma limpeza uma vez por dia, abrindo tudo, deixando todas voarem pelo Laboratório, recolhendo todo mundo de volta e notando que a cada dia tudo parecia melhor e mais fácil. Menos abelhas mortas, menos larvas vivas, nenhum forídeo voando, e então chegamos ao quinto dia desde a transferência, tempo limite para mantê-las presas sem ir a campo.</p><p>Pedi "asilo" no sítio de uma amiga, bem perto do meu, para que elas recomeçassem a vida num novo ambiente, sem a presença de saqueadores que ainda procuravam por elas aqui nas minhas instalações. Fiz a abertura da caixa numa manhã gostosa de sol morno, ainda bem baixo, desenhando sombras longas ao pé das árvores, e fiquei junto, porque há mais de dez dias nossas vidas estavam assim, correndo lado a lado.</p><p>Nos primeiro minutos não saiu ninguém, e tive a impressão de que elas tinham até se esquecido de como era sair de casa pela porta principal, de onde se voava para frente e não para cima, de onde se vê o verde da grama e da copa das árvores, ao invés do teto e da lâmpada de um banheiro. Mas então veio uma, que chegou na beiradinha do furo e parou, titubeante. E depois veio outra, que parou ao lado dela, pensando junto. E então as duas saíram ao mesmo tempo, puxando um cordão de outras abelhas como um colar de contas, espaçadas por intervalos de pensar e observar antes de alçar voo livre outra vez. Foi bonito demais!</p><p>Meu trabalho ainda não acabou. Faço visitas diárias para observar se estão agindo normalmente, voltando do campo com pólen e resina nas perninhas, construindo as estruturas de batume do interior da caixa e formando novos depósitos de mel. Levo meus apetrechos para o sítio onde estão e passo horas trabalhando ao lado delas, acompanhando os progressos e vigiando visitas suspeitas. Forídeos estão por aí, em todos os lugares, à espreita de uma colônia fraca que não consiga se defender. Têm faro apurado e são capazes de perceber de longe o odor de um pouco de pólen fermentado, mal cuidado, pedindo para ser atacado.</p><p>Uns e outros já se aproximaram e tentaram invadir a caixa, mas descobri a tempo e consegui espantá-los, antes que se instalassem e começassem a botar ovos. Em alguns momentos me pego chateada, achando que vai começar tudo de novo e não vou conseguir fortalecer esse enxame. Em outros momentos sinto segurança de que estou fazendo o melhor possível e que é assim mesmo, difícil mas possível. É isso o que Cristiano já me disse várias vezes.</p><p>A esperança vai e vem, ao sabor dos voos, para cima e para baixo.</p><p>Resta seguir em frente, sem sofrer por antecipação e sem desistir. Sou como elas, mais uma abelha operária, a atual responsável pela segurança e saúde do enxame, e assim como todas as outras tenho que sair de casa de manhã pela portinha da frente, e mergulhar num voo livre e firme, com energia e segurança do que tem que ser feito.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-PMQxx0a6nUI/YZgVZHPNToI/AAAAAAABej0/PSnKDX3AtZ4-WSWw5Gl6nJzJV6jvfUd7ACPcBGAsYHg/s4000/IMG_20211107_114535004_HDR.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4000" data-original-width="3000" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-PMQxx0a6nUI/YZgVZHPNToI/AAAAAAABej0/PSnKDX3AtZ4-WSWw5Gl6nJzJV6jvfUd7ACPcBGAsYHg/w300-h400/IMG_20211107_114535004_HDR.jpg" width="300" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-TgqOmlpcnR0/YZgVZGPwLAI/AAAAAAABej0/2Fxgo84snb04bcHVvxA1tHw-ORLJKGm5ACPcBGAsYHg/s4000/IMG_20211107_120337444.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="300" src="https://1.bp.blogspot.com/-TgqOmlpcnR0/YZgVZGPwLAI/AAAAAAABej0/2Fxgo84snb04bcHVvxA1tHw-ORLJKGm5ACPcBGAsYHg/w400-h300/IMG_20211107_120337444.jpg" width="400" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-fQB8mG3gKY4/YZgVZMCLXOI/AAAAAAABej0/PEKG9iPGQ_geRc9dSrCPL2vx76Q0VyeCgCPcBGAsYHg/s4000/IMG_20211107_124041480.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4000" data-original-width="3000" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-fQB8mG3gKY4/YZgVZMCLXOI/AAAAAAABej0/PEKG9iPGQ_geRc9dSrCPL2vx76Q0VyeCgCPcBGAsYHg/w300-h400/IMG_20211107_124041480.jpg" width="300" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-Sz8UkoeFMhE/YZgVmwAI9CI/AAAAAAABej4/ta9ApoHFbwU7dSzeWIrv8l-yytUSFULTwCPcBGAsYHg/s4000/IMG_20211109_082338484.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4000" data-original-width="3000" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-Sz8UkoeFMhE/YZgVmwAI9CI/AAAAAAABej4/ta9ApoHFbwU7dSzeWIrv8l-yytUSFULTwCPcBGAsYHg/w300-h400/IMG_20211109_082338484.jpg" width="300" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-DWJK4sdxbFU/YZgVm4eIG5I/AAAAAAABej4/WC02wiO3Z48CWYHrprd3VmyCTpeclIH9QCPcBGAsYHg/s4000/IMG_20211109_133840303_HDR.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4000" data-original-width="3000" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-DWJK4sdxbFU/YZgVm4eIG5I/AAAAAAABej4/WC02wiO3Z48CWYHrprd3VmyCTpeclIH9QCPcBGAsYHg/w300-h400/IMG_20211109_133840303_HDR.jpg" width="300" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-8-7pE0Y7wdU/YZgVmyyrxnI/AAAAAAABej4/4e5TW2kTQCc89cjCMt89rsEaIWHXrvmGQCPcBGAsYHg/s4000/IMG_20211109_153603755_HDR.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4000" data-original-width="3000" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-8-7pE0Y7wdU/YZgVmyyrxnI/AAAAAAABej4/4e5TW2kTQCc89cjCMt89rsEaIWHXrvmGQCPcBGAsYHg/w300-h400/IMG_20211109_153603755_HDR.jpg" width="300" /></a></div><br /><p><br /></p>Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-75963895016749944712021-11-14T16:21:00.005-03:002021-11-14T16:34:05.068-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-VHwBeuArtIo/YZFeEpFlDKI/AAAAAAABeMM/CfLZWlCNdjs7juLW7qZ63UiVKXI46mPRwCPcBGAsYHg/s4000/IMG_20211104_115635568.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4000" data-original-width="3000" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-VHwBeuArtIo/YZFeEpFlDKI/AAAAAAABeMM/CfLZWlCNdjs7juLW7qZ63UiVKXI46mPRwCPcBGAsYHg/w300-h400/IMG_20211104_115635568.jpg" width="300" /></a></div><p style="text-align: center;">A torre central da colônia de abelhas, o famoso "ninho", formado por discos de células hexagonais onde a abelha-rainha bota um ovo e dele nasce uma abelha.</p><p><br /></p><p>Como sempre, na linha de largada de qualquer desafio é importante combinar com você mesmo o que deve ser feito. Repassei o plano de ação na cabeça, abri a tampa da caixa, tomei coragem e comecei, retirando o barro das beiradas para abrir acesso ao ninho, uma torre central. Me surpreendi com abelhas mais calmas do que imaginei, que mais andavam sobre o que eu mexia do que voavam querendo fugir. Fui trabalhando com calma e cuidado, seguindo meus instintos para fazer a coisa da melhor maneira possível. O mais importante de tudo é transferir os discos de cria, um em cima do outro, desmontando essa estrutura o menos possível. Além disso, a rainha, que fica andando por esse "andares" da maternidade, não pode ser machucada nem perdida. De jeito nenhum ela pode ficar para trás, esquecida na caixa antiga. Mas ela normalmente ajuda, porque corre para o centro do ninho, para se esconder, então a transferência cuidadosa de toda a torre central da colônia leva ela junto, sem maiores estragos. Outra facilidade é que muitas das abelhas jovens, que ainda nem voam, ficam sempre pertinho da rainha, então vão todas em bloco, nessa transferência.</p><p>Depois de ajeitar a "sede" dessa linda organização nas suas novas instalações, topei com o núcleo da bagunça: centenas de larvinhas brancas andavam pelo fundo da caixa antiga, em meio a uma gosma de mel escorrido e pólen fermentado. Em poucos dias, tudo dentro da colônia teria sido destruído por essa onda de saqueadores que vinha avançando, silenciosamente, de baixo para cima da caixa.</p><p>Continuei com os trabalhos de mudança, descartando as sujeiras e salvando materiais limpos e sadios, enquanto abelhas jovens andavam por toda a bancada, meio sem rumo, e abelhas adultas voavam pelo banheiro, pousando no teto e nas paredes. Eu já devia estar ali há mais de meia hora, trancada naquele cubículo de pouco mais de um metro quadrado, cada vez mais quente e abafado.</p><p>Foi fácil capturar quem só andava, mas foi quase infinito o trabalho de pegar, uma a uma, as que voavam fugindo de mim. No início usei a velha técnica do copo com a lâmina de plástico, encaçapando a abelha na parede e pegando ela ali, presa, que é muito mais fácil. Mas logo virei gente grande e passei a praticar a captura em voo, segurando quem voava no entorno da lâmpada e bem rentinho ao teto. Como podem ser rápidas as pinças naturais que temos nas mãos! Virei uma máquina de pegar, colocar na caixa e tampar, pegar, colocar na caixa e tampar, pegar, colocar na caixa e tampar. Dezenas, talvez uma centena de vezes. E se acontece de uma sair quando você coloca outra pra dentro? Lógico!</p><p>Uma hora depois telefonei para Sr. Miyagi, ainda ali fechada no Laboratório quente, pra contar que tinha acabado de realizar minha missão e que estava feliz por ter feito tudo sozinha. Eram boas as notícias e, agora sim, parecia que a coisa ia funcionar. Ouvi dele os parabéns, mas que ainda havia muito o que fazer: nos próximos três ou quatro dias a colônia deveria continuar bem fechada, trabalhando para reconstruir à sua maneira as instalações da nova morada, enquanto eu colocaria néctar e pólen para alimentá-la. Tudo muito aos poucos, sem exagero, para que nada fermentasse e não corrêssemos o risco de gerar um novo odor atrativo para forídeos. Trabalho de formiguinha. Ou melhor...</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-_vJ05fOZLGk/YZFeWWfM1XI/AAAAAAABeMU/QXLsf6keVwYaZYmyxUa6JjIuxBkv7-OPwCPcBGAsYHg/s4000/IMG_20211104_120450419.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4000" data-original-width="3000" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-_vJ05fOZLGk/YZFeWWfM1XI/AAAAAAABeMU/QXLsf6keVwYaZYmyxUa6JjIuxBkv7-OPwCPcBGAsYHg/w300-h400/IMG_20211104_120450419.jpg" width="300" /></a></div><div><br /></div><div style="text-align: center;">A meleca de mel e larvas no fundo da caixa, que fermentava e atraía cada vez mais </div><div style="text-align: center;">forídeos pra dentro da caixa de criação</div><div><br /></div><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-wHgNZEPqvUc/YZFeqgyMOSI/AAAAAAABeMc/CMYOPJwYYW8DujWQJmm59nImhs8OwaLqwCPcBGAsYHg/s4000/IMG_20211104_144058504.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="300" src="https://1.bp.blogspot.com/-wHgNZEPqvUc/YZFeqgyMOSI/AAAAAAABeMc/CMYOPJwYYW8DujWQJmm59nImhs8OwaLqwCPcBGAsYHg/w400-h300/IMG_20211104_144058504.jpg" width="400" /></a></div><div><br /></div><div style="text-align: center;">O ninho visto de cima, já com o módulo superior da caixa colocado</div><div style="text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-q31zrra0MFk/YZFeWZaLhfI/AAAAAAABeMU/Z7pedhezYJobyPQ6IY8-9p1biUZ61MZkwCPcBGAsYHg/s4000/IMG_20211104_151245114.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4000" data-original-width="3000" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-q31zrra0MFk/YZFeWZaLhfI/AAAAAAABeMU/Z7pedhezYJobyPQ6IY8-9p1biUZ61MZkwCPcBGAsYHg/w300-h400/IMG_20211104_151245114.jpg" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">O plástico que cobre tudo, logo abaixo da tampa de madeira,</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">por onde a gente pode olhar sem que nenhuma abelha escape.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">E o ninho coberto com uma lâmina de cera alveolada, pra garantir conforto térmico e</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">facilitar o trabalho das abelhas, que teriam que começar toda essa</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">proteção do zero, se eu não tivesse dado uma mãozinha.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div>Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-57357811447385373992021-11-12T11:32:00.003-03:002021-11-12T14:11:30.597-03:00<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-8QidN82hnPs/YY55t2DssMI/AAAAAAABeHM/ES3P8DgM8AkSrKOeg1FRaGlKyq3xhYYwgCPcBGAsYHg/s4000/IMG_20211104_111002018.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4000" data-original-width="3000" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-8QidN82hnPs/YY55t2DssMI/AAAAAAABeHM/ES3P8DgM8AkSrKOeg1FRaGlKyq3xhYYwgCPcBGAsYHg/w300-h400/IMG_20211104_111002018.jpg" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">A grande questão da invasão de forídeos passou a ser descobrir se eles já haviam se instalado na colmeia ou se todas aquelas sessões de sopro tinham conseguido evitar isso. A estratégia, então, foi fechar as abelhas dentro da caixa no final do dia, quando todas voltaram do campo para passar a noite em casa, levá-las para morar no banheiro, longe da "fonte" de forídeos da mata, e continuar soprando por mais um tempo. Assim, sem que mais nenhum invasor pudesse entrar, seria possível descobrir se eles já nasciam lá dentro.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">E infelizmente essa foi nossa conclusão, depois de dois dias de mais invasores do que abelhas dentro da caixa. Eles não paravam de aparecer, eu não parava de matá-los com a raquete, e o banheiro já tinha bichos mortos por todo o chão, além de alguns espremidos nas paredes. Minha rotina já tinha virado de cabeça para baixo, tarefas de trabalho atrasadas começaram a se acumular, as abelhas certamente estavam estressadas, e o pior: agora era certo que o enxame estava realmente em risco. A cada hora que passava mais larvas nasciam, mais alimento das abelhas era comido e a rainha certamente iria perceber essa bagunça e parar de fazer a postura de ovos, o que decretaria o fim da colônia se não fosse revertido a tempo. Porque quando não nascem mais trabalhadores a população vai diminuindo conforme os mais velhos vão morrendo, e o fim se aproxima.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">- Então agora você não pode demorar, Juliana. Quanto mais o tempo passa, pior fica, me disse o Cristiano. Você vai ter que fazer a transferência da colônia para uma caixa nova, levando toda a estrutura do ninho das abelhas o mais intacta possível, além de pedaços de cera e batume da caixa antiga para que elas possam construir as estruturas internas das novas instalações. E faça a inspeção de tudo com atenção, para não levar junto ovos, larvas nem forídeos adultos.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Chama desafio, isso, e de vez em quando eu gosto de encarar um deles!</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Em poucas horas montei uma bancada cirúrgica em cima do vaso sanitário do banheiro, que naquele momento ganhou o nome de Laboratório, com L maiúsculo. Juntei apetrechos que eu já tinha e mais alguns que imaginei poder precisar:</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">- uma colher de sopa e uma espátula de pintura dobradas em 90 graus, para suspender o ninho apoiando por baixo</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">- formão, alicate e chave de fenda para soltar o batume duro das paredes da caixa</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">- lâminas de cera para ajudar nas novas construções</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">- potes vazios para guardar mel e pedaços de cera</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">- rolos de fita crepe larga e estreita</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">- papel higiênico</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">- canudinho de soprar forídeos</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">- copo transparente e lâmina de plástico rígido para pegar abelhas pousadas nas paredes</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">- uma nova caixa de madeira para a colônia, que por sorte eu já tinha</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">- um banquinho e um copo d'água para mim, porque não sabia por quanto tempo ficaria trancada no meu novo Laboratório</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Avisei marido e o pessoal do sítio que ficaria ali fechada por um tempo, sem poder abrir a porta, mas que eles poderiam falar comigo se precisassem de alguma coisa. E que se eu começasse a demorar demais para sair, eu ficaria feliz se eles me perguntassem se eu estava viva, respirando, hidratada, precisando de comida ou de alguma ajuda.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Revisei minhas ferramentas, fechei a porta do Laboratório, olhei a caixa onde estavam as abelhas, a caixa nova para onde elas iriam e respirei fundo. Naquele momento lembrei da Tamara Klink, de 24 anos, que há poucos dias tinha chegado ao Recife depois de cruzar em solitário o oceano Atlântico, "trancada" num barco de 8 metros de comprimento.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Isso aqui vai ser bico, pensei.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Continua amanhã, no próximo post.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><p></p>Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-89841753594763500332021-11-10T11:31:00.005-03:002021-11-12T13:58:55.631-03:00<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-R3zuFA1PVMo/YYvM_sAqWvI/AAAAAAABeBY/CvMCL9fV10g5oJWgx2pWKXsU9tv4eQcXACLcBGAsYHQ/s2048/IMG_20211026_163105871.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1536" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-R3zuFA1PVMo/YYvM_sAqWvI/AAAAAAABeBY/CvMCL9fV10g5oJWgx2pWKXsU9tv4eQcXACLcBGAsYHQ/w300-h400/IMG_20211026_163105871.jpg" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Estou há dias lidando com a invasão de forídeos numa colônia de abelhas Mandaçaia. É minha primeira vez convivendo com um problema tão sério, que em poucas semanas pode acabar com a vida de centenas de abelhas, e não imaginei que tomaria tanto do meu tempo e da minha preocupação.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Forídeos são pequenas moscas, parecidas com as mosquinhas das frutas, que invadem enxames enfraquecidos de abelhas sem ferrão e se aproveitam da sua estrutura para se alimentar e se reproduzir. Os estoque de pólen feitos pelas abelhas para alimentar suas crias são saqueados pelos forídeos adultos, que neles colocam seus ovos. Pequenas larvas nascem alguns dias depois em meio a todo aquele alimento e se fartam comendo feito loucas, crescendo o mais rápido possível para tomar conta de tudo, tentando ser mais eficientes do que as abelhas em sua capacidade de se defender.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Mais ou menos o mesmo acontece com nosso organismo quando é atacado por um vírus da gripe. Começa uma guerra por sobrevivência, e quem for mais rápido, mais forte e tiver a melhor estratégia é quem acaba vencendo, se estabelecendo e assistindo o fim trágico do outro. Não há espaço para os dois.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Assim como a gente procura um médico quando se sente realmente mal, pedi ajuda ao Cristiano Menezes, entomólogo especializado em abelhas sem ferrão, com quem tenho ensaiado parcerias e projetos para o ano que vem na nossa escola de educação ambiental, a Escola Orgânica.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Cristiano tem tido uma paciência de monge budista, respondendo minhas dúvidas em áudios longos e detalhados. Desde o primeiro dia em que notei a presença de diversas mosquinhas tentando entrar na caixa e poucas abelhas na entrada para evitar a invasão, mando mensagens descrevendo o que vejo e ele responde dizendo o que devo fazer para evitar o avanço da tragédia. São diversas possibilidades, diversas opções de tratamento, há que se analisar com calma.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Certamente as avaliações e diagnósticos teriam sido muito mais rápidos e eficientes se ele tivesse vindo aqui tomar as providências pessoalmente enquanto eu só assistia, mas a agenda apertada dele me colocou pra observar, trabalhar sozinha e adquirir uma experiência que eu ainda não tinha. É assim com tudo na vida, não? Saber a teoria nos da uma falsa confiança que rapidamente é desbancada quando se põe a mão na massa.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">No momento me sinto numa versão ecológica do filme Karatê Kid - A hora da verdade, quando Sr. Miyagi coloca Daniel San para envernizar centenas de metros da sua cerca de madeira, desenvolvendo um movimento específico das mãos que é fundamental para a prática da arte marcial.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Aqui no meu <i>remake</i> estou há três dias repetindo o mesmo ritual: tiro a caixa das abelhas de baixo das árvores, levo pra dentro do banheiro da escola e abro a tampa de cima, para soprar lá dentro com um canudinho flexível de plástico. O objetivo é espantar os forídeos de lá antes que eles se estabeleçam e comecem a colocar ovos. Não vejo muito do que está acontecendo dentro da caixa, que é toda cheia de cavernas de barro construídas pelas abelhas, mas vou enfiando o canudo pelos buraquinhos e soprando o máximo que consigo, durante minutos a fio. Quando já não sai mais nenhum fecho a caixa e, de raquete elétrica em punho, vou matando todos os morféticos que ficam voando pelo teto do banheiro. Para quem gosta daqueles estalos de mosquitos eletrocutados, é a atividade perfeita!</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Depois de matar todos muito bem matadinhos, volto a caixa para debaixo das árvores, para as abelhas seguirem com seu trabalho no campo. E algumas horas depois lá vou eu de novo, levar a caixa pro banheiro, soprar o canudinho, dar espetáculo de raquete elétrica... Isso tudo acontece quatro, cinco, seis vezes por dia, porque novos forídeos do ambiente entram na caixa, atraídos pelos feromônios dos que já estiveram lá dentro e pelo cheiro de pólen que sai dos depósitos invadidos.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">A conferir, nos próximos dias, o resultado dessa batalha.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><br /><br /> <p></p>Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-25544140686677771282021-10-20T06:22:00.009-03:002021-10-20T06:53:07.333-03:00<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-ldwTV1cZcvQ/YWGOgxZereI/AAAAAAABb0Y/3DsBs2uWozMpzjxhW2UVF-KtV6Gemlo1wCPcBGAsYHg/s1280/IMG-20211003-WA0000%257E2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="960" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-ldwTV1cZcvQ/YWGOgxZereI/AAAAAAABb0Y/3DsBs2uWozMpzjxhW2UVF-KtV6Gemlo1wCPcBGAsYHg/w300-h400/IMG-20211003-WA0000%257E2.jpg" width="300" /></a></div><br /><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">A primavera desta vez chegou adiantada, ainda nas últimas semanas de inverno, nas asas de passarinhos tão apressados que pareciam até atrasados.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Sabiás, sanhaços-azuis, bem-te-vis e beija-flores rapidamente construíram ninhos nas copas densas das árvores, nas moitas espinhosas do jardim e em cantinhos protegidos da nossa casa.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Enquanto a Sabiá-do-campo coletava barro pra sua cuia de raízes e ramos no vitrô do banheiro, a beija-flor ajeitava paina, matinhos e musgos no caule de uma folha de samambaia na varanda, formando a cestinha mais delicada, confortável e pequenininha que se pode imaginar.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">De dentro da casa, observando as engenheiras pelas frestas e vidros, tentamos atrapalhar o mínimo possível, tomando banho de vitrô fechado e regando menos as plantas da varanda. Resultado: um banheiro super úmido, as plantas sofrendo por falta de água e nossa porta principal interditada.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Depois de alguns dias de adaptação a sabiá se acostumou com a lâmpada que às vezes acendemos à noite - afinal não é legal fazer xixi nem escovar os dentes no escuro - e a beija-flor entende que de vez em quando preciso ligar a mangueira e jogar água na varanda. Quando me aproximo, ela voa rapidinho para a árvore logo em frente e de lá me observa, com um misto de confiança e receio, enquanto eu não resisto e dou umas espiadas discretas dentro do ninho. Se começo a me demorar demais, ouço seu tic tic tic impaciente me pedindo que acabe logo e libere o lugar, porque ela precisa voltar ao seu trabalho de chocar.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Com muito cuidado e sem tocar em nada andei fazendo umas fotos, e agora conto os dias para o nascimento das crianças. Que pena que não vou poder segurar nenhuma no colo!</span></div><br /><p></p>Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-14920839569893719602020-04-08T09:29:00.009-03:002021-10-09T11:37:32.807-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-9l-ciij08bQ/Xo3Dgt57siI/AAAAAAABENY/0JgxXyn_s4cjwHhfxBCmGYCFtM1yOLh_ACEwYBhgLKs4DAMBZVoCCluz3kZRyuFim0c1_zm1Df9q0Bw4GdHTC0HFKYhZbnceHAiA8TPe7BhpOrO9TXel05yYUxukZegxwzRquHOusod3l3IMeoICIbjHZSWzC1peT873fScJi8gwvyKzwJSdRDhNfD6itVt283lGcTjbpedYdLvhnrJ6y40lgK3Od7wx0dsDwnG-YET3NKHWGaCS6H2viF0X-euO_AJdlRKXbKTBXy2rK_0DrjoaKBj0r8t-KHSvW49CrJeqR6hWzsMrJorieS5NIb0Lby8ia40EDbnU1kluuAguqep2a64Eu0cTOzaPRX1rMRAqB1lXoIayiWuGn_XdmnbCNhqQ0FZx0admGtu9GfKePmHD3giKcTgj1kPN7rB_Gj9h4CDpYGj8PM9RJAVhmvnS9i8oaN-ERdIHRKKb2vH7VMXqAaYdqA4tpLq9gtFSiqSOayfS-4RAzon8MA3v_m4Ssv6BpXfKeOdmjlIpreJ_fjPpOveslZTrstnGOSdfbr_FMBZx9WOHjJjkU3JfkmjLZ5VCG3JpUkR7vMXz65zu64mmIsAIxOYe6rQ7f77ttbPuNqCeZaiYsYS-iZyl5TGqEuZDCIcsctThiyPebwsekMO2Lt_QF/s1600/Chocolate%2Bpost%2BIsa.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1600" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-9l-ciij08bQ/Xo3Dgt57siI/AAAAAAABENY/0JgxXyn_s4cjwHhfxBCmGYCFtM1yOLh_ACEwYBhgLKs4DAMBZVoCCluz3kZRyuFim0c1_zm1Df9q0Bw4GdHTC0HFKYhZbnceHAiA8TPe7BhpOrO9TXel05yYUxukZegxwzRquHOusod3l3IMeoICIbjHZSWzC1peT873fScJi8gwvyKzwJSdRDhNfD6itVt283lGcTjbpedYdLvhnrJ6y40lgK3Od7wx0dsDwnG-YET3NKHWGaCS6H2viF0X-euO_AJdlRKXbKTBXy2rK_0DrjoaKBj0r8t-KHSvW49CrJeqR6hWzsMrJorieS5NIb0Lby8ia40EDbnU1kluuAguqep2a64Eu0cTOzaPRX1rMRAqB1lXoIayiWuGn_XdmnbCNhqQ0FZx0admGtu9GfKePmHD3giKcTgj1kPN7rB_Gj9h4CDpYGj8PM9RJAVhmvnS9i8oaN-ERdIHRKKb2vH7VMXqAaYdqA4tpLq9gtFSiqSOayfS-4RAzon8MA3v_m4Ssv6BpXfKeOdmjlIpreJ_fjPpOveslZTrstnGOSdfbr_FMBZx9WOHjJjkU3JfkmjLZ5VCG3JpUkR7vMXz65zu64mmIsAIxOYe6rQ7f77ttbPuNqCeZaiYsYS-iZyl5TGqEuZDCIcsctThiyPebwsekMO2Lt_QF/s400/Chocolate%2Bpost%2BIsa.jpg" width="400" /></a></div>
<br />Dia desses telefonei à moda antiga para a Isa, uma amiga querida com que tenho muito em comum. Era final de tarde e resolvi não mandar mensagem por whatsapp, perguntando se ela poderia falar, nem marcar hora para conversar quando desse. Simplesmente peguei o telefone e liguei, como a gente fazia antigamente.<br />
<br />
Chamou, chamou, chamou e deu caixa de mensagens.<br />
Preferi não deixar nada gravado e daí sim, mandei um whats dizendo que eu só tinha ligado pra bater papo, que estava com saudades.<br />
Passou a noite inteira, fui dormir, e nada dela.<br />
No dia seguinte, bem cedo, o telefone fez o barulhinho de mensagem e me trouxe a seguinte pérola:<br />
<br />
"Oi, querida! Tudo bem? Ju, eu tava super na pegada do chocolate a hora que você me ligou, ontem, não dava pra atender. Tava naquele momento, mesmo! E depois ficou tarde pra eu te retornar. Eu posso te ligar agora?<br />
<br />
O que dizer de alguém que não atende o telefone pra não interromper a curtição de comer um chocolate; que se deu um momento de prazer e não vai trocar isso por nada?<br />
E sobre falar a verdade, sem achar que precisa trocá-la por algo que seria mais "importante" e que justificaria mais, como "não deu porque eu tava resolvendo um problema" ou "chegou visita bem naquela hora"?<br />
<br />
Mais tarde, quando nos falamos, agradeci a lição que ela me deu sem perceber e contei que tenho prezado muito esse tipo de coisa: foco em momentos de prazer, comer prestando atenção no gosto, fazer uma coisa de cada vez, viver com calma sempre que for possível escolher e não ficar inventando desculpas quando a verdade é muito mais nobre! Sempre (ou quase sempre!) existe um jeito de explicar as coisas sem inventar uma mentira social totalmente desnecessária - coisa que costumamos fazer por hábito - e a sensação de ter sido sincera gera tanta leveza na gente quanto o prazer de comer um chocolate! Sem falar na admiração do outro lado, em quem nos ouve.<br />
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</div>
<br />
Isa, querida, quando eu crescer quero ser "quiném" você! :-)Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com724tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-14392983368898475452020-04-03T09:20:00.002-03:002021-10-09T11:38:02.400-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-Ml8EjepZM_E/XocpDxeKOUI/AAAAAAABD4w/AMlqljkjzWQ8yRR5l81E-E5y0ESFvwKvwCLcBGAsYHQ/s1600/Pi%25CC%2581palo%2Bno%2Bcolo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1534" data-original-width="1534" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-Ml8EjepZM_E/XocpDxeKOUI/AAAAAAABD4w/AMlqljkjzWQ8yRR5l81E-E5y0ESFvwKvwCLcBGAsYHQ/s400/Pi%25CC%2581palo%2Bno%2Bcolo.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
Naquele domingo, por uma ou duas horinhas que a chuva deu uma trégua, soltei as galinhas para que passeassem um pouco pela grama do jardim, aproveitando um solzinho que passava apertado entre as nuvens. Solto sempre que posso, porque é o ponto alto do dia delas, e toda vez que abro a porta do galinheiro elas correm pra fora animadas, dando saltos, voando baixinho e cantando de felicidade.<br />
<br />
No final daquele dia voltou a chover, eu continuei minhas coisas dentro de casa e só quando já estava na cama percebi que não tinha fechado a porta do galinheiro. Certamente as galinhas já estariam todas acomodadas dormindo - elas sabem voltar para a "cama", assim como todos nós - mas é importante fechar a porta para protegê-las de gambás e teiús, dois animais silvestres de hábitos noturnos que ainda temos na região e são loucos por ovos de qualquer tipo.<br />
<br />
Caminhei até o galinheiro debaixo de uma chuva fina, e antes de entrar encontrei uma bolota cinza ensopada, bem escostadinho no degrau de entrada. Era Pípalo, nosso galinho tamanho P, que não conseguiu entrar e se acocorou onde pôde, meio abrigado sob a porta aberta, todo molhado e encolhidinho de frio.<br />
<br />
Peguei-o no colo, senti seu corpinho encharcado e escolhi um lugar para acomodá-lo no poleiro, entre as galinhas de tamanho maior, para que aproveitasse o calorzinho delas. Voltei para o quarto com o coração apertado, pensando que ele já está vivendo os problemas da idade avançada e preocupada em como um galo velhinho acordaria no dia seguinte, depois de dormir algumas horas na chuva e passar o resto da noite todo molhado.<br />
<br />
Para minha sorte, meu coração mole encontrou outro coração mole como companheiro, e depois de conversarmos sobre Pípalo passar a noite molhado concluímos que esse é o tipo de situação que gera arrependimento no dia seguinte. Se ele morresse, nós nos sentiríamos culpados.<br />
<br />
Toca levantar, botar sapatos, ligar as lanternas e partir para o resgate de nosso galinho P, que tremia de frio mesmo amparado por penosas bem maiores que ele. E o relógio da parede marcou 11 da noite do nosso domingo "tranquilo" de quarentena quando nos sentamos no escritório para secar um galo com secador de cabelos.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
Com uma manta velha no colo, Flop deu show de carinho secando Pípalo em pontos-chave, como debaixo das asas, nuca e cabeça. Conforme o topete molhado e despencado voltava a ficar arrepiado, o galinho ganhava um pouco mais de dignidade e fazia pequenos movimentos, se recompondo.<br />
<br />
Ficamos ali uns bons trinta minutos, até termos certeza de que todas as penas estavam praticamente secas e de que ele conseguiria passar a noite com um pouco de conforto. Montamos um ninho com panos de cachorro e improvisamos um cobertor com um trapo limpinho, algo leve de que ele poderia se livrar se estranhasse muito.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
Dormimos com a sensação de ter feito com capricho a nossa parte, e no dia seguinte tínhamos um galinho recomposto. Não estava 100%, era verdade, afinal, cada dia (e cada noite fria) que passa pesa um pouco mais na conta de quem já está velhinho. Mas que diferença fizeram o calor de um colo, de um secador de cabelo e de uns panos de cachorro na vida de um galo!<br />
<br />
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Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-72436004717997618732020-04-02T10:35:00.000-03:002020-04-02T10:39:34.671-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-fc2H_EvOVWM/XoXoqYks9mI/AAAAAAABDxU/wtTKfviLaY8oDaQIQBkhfNdVbXRtn-odgCLcBGAsYHQ/s1600/Tatu%2Bna%2Bcaixa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-fc2H_EvOVWM/XoXoqYks9mI/AAAAAAABDxU/wtTKfviLaY8oDaQIQBkhfNdVbXRtn-odgCLcBGAsYHQ/s400/Tatu%2Bna%2Bcaixa.jpg" width="300" /></a></div>
<br />
A primeira coisa em que pensei quando acordei foi que aquele seria nosso primeiro dia realmente em isolamento. Era o segundo domingo de quarentena e estava chovendo lá fora. Não daria pra trabalhar na horta, pintar as paredes da obra recém acabada, cortar a grama nem reformar os vasos da varanda, coisas que temos feito em época de isolamento social.<br />
<br />
Só que em sítio, ao contrário do que muita gente pensa, a vida não é tão tranquila quanto parece. Principalmente quando você tem - e faz questão de manter - muitas vidas dentro dele.<br />
Ainda não tinha terminado a manhã quando o funcionário que mora aqui conosco veio avisar que tinha um tatu nadando dentro do lago, sem conseguir sair.<br />
<br />
Nosso lago na verdade é um tanque artificial, um reservatório de água da chuva. Um grande e fundo retângulo cavado na terra e forrado com plástico. Duas camadas de tela grossa (imagine um mosquiteiro reforçado) protegem o plástico de furos feitos pelos cachorros, que sempre entram pra nadar. E de tatus também, que eventualmente vão parar lá dentro.<br />
<br />
Flop tem um sentimento especial por tatus. Ele diz que são bichos amistosos e ingênuos, sem maldade, e que não fazem mal a ninguém. Já aconteceu de um deles acompanhá-lo, lado a lado, numa caminhada aqui pelo sítio, em direção à matinha que protege nosso brejo. E foi por esse sentimento de amizade que, assim que soube da notícia, ele deu um pulo do sofá e foi logo vestir a sunga.<br />
<br />
Já temos alguma prática com o protocolo: quando o nível da água está baixo e não da pra fazer o resgate pelas bordas, é preciso entrar no lago, pegar o tatu, colocá-lo numa caixa, içar a caixa pra então transportar o bicho e soltá-lo num lugar melhor. Desta vez ainda houve um detalhe a mais: o tatu, com suas super unhas de cavar, furou a primeira tela e entrou por baixo dela, ficando ainda mais preso. Mas com calma e experiência nosso Tarzan particular deu conta do resgate (com o apoio de sua Jane, que trabalhou na retaguarda!), e em poucos minutos o tatu descansava aliviado, todo molhado, dentro de um engradado. Um pouco mais tarde foi solto na matinha do brejo, nossa área isolada e protegida, que recebe os animais silvestres que aparecem aqui em volta de casa.<br />
<br />
Ótimo. Tudo tranquilo e calmo, todos vivos e salvos, e então pudemos voltar ao nosso domingo de quarentena.<br />
Só que, sempre que levanto essa "lebre" do sossego, a vida me responde levantando de volta uma plaquinha que diz "Tsic, tsic, tsic. Tem mais. Você está sendo requisitada para..." E então no fim do dia, bem na hora de dormir, já na cama, me lembrei que não havia fechado a porta do galinheiro, para a segurança das galinhas durante a noite.<br />
<br />
Toca levantar, ligar a lanterna, sair de pijama mesmo e caminhar sob as estrelas com as três cadelas acompanhando, pra encontrar, bem na entrada do galinheiro...<br />
Amanhã eu conto! :)<br />
<br />
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<br />
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<br />Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com53tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-33821819535660251382020-03-28T18:15:00.001-03:002020-03-28T18:15:13.043-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-BcZH15seCco/Xn-9i7ldFjI/AAAAAAABDUo/d0KqzZigytEa2QOKL38b5wPhtLuz1xzhQCLcBGAsYHQ/s1600/Celular%2Bquarentena.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="840" data-original-width="839" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-BcZH15seCco/Xn-9i7ldFjI/AAAAAAABDUo/d0KqzZigytEa2QOKL38b5wPhtLuz1xzhQCLcBGAsYHQ/s400/Celular%2Bquarentena.jpg" width="398" /></a></div>
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<br /></div>
Com quase toda certeza sairei bem dessa fase de quarentena. Tenho mantido a rotina de exercícios físicos, trabalho na horta, cuidados com a casa, com a alimentação etc. Isso tudo, aliás, é basicamente o que já faço há anos e também o que tem sido recomendado para manter a sanidade no isolamento, de onde se conclui que eu já tinha uma rotina saudável.<br />
<br />
Infelizmente não posso dizer o mesmo do meu telefone celular. Ele, que tinha uma rotina razoavelmente tranquila e regrada, tem sido bombardeado por porcaria de todos os tipos. Passa o dia inteirinho carregando videos e fotos, que vão de recomendações de cuidados anti-contaminação a sugestões do que fazer durante a quarentena, passando por besteiras das piores até ideias criativas das mais inteligentes e divertidas.<br />
A bateria já não dura o dia inteiro, como era de costume, e ele reluta por um segundo ou dois a passar de uma coisa pra outra, o que fazia com agilidade até duas semanas atrás.<br />
<br />
Temo pelo futuro, porque não sei se minha condição financeira por vir me permitirá trocá-lo por um novo, e nem mesmo sei se minha fabricante preferida de aparelhos celulares sobreviverá.<br />
Diante do cenário incerto e pra tentar estender a vida do meu brinquedinho, agora incluí na minha rotina (e na dele) algumas horas diárias apagando arquivos inúteis, coisa que devia ter como hábito já há muito tempo.<br />
<br />
A depender da minha disciplina, pode ser que nós dois saiamos melhores de tudo isso. Eu terei aprendido a descartar no ato do recebimento o lixo virtual, e ele voltará à vida normal mais leve, depois de muitas e muitas sessões de desintoxicação.<br />
<br />
E antes que alguém me sugira configurar o aparelho para não baixar arquivos automaticamente, explico que isso já está feito, mas como saber se algo presta ou não presta antes de baixá-lo? Meu contatos estão em casa, entediados, e seus bons sensos andam meio assim, assim, duvidosos. Às vezes acertam na mosca, outras dão tiros n'água. Cabe a mim fazer a curadoria do que vale ou não a pena assistir!Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-9908965784358308482020-03-27T11:45:00.002-03:002021-10-09T11:38:25.930-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
Dia desses saí para andar de bicicleta e passei por uma experiência inusitada.<br />
Já vinha voltando pra casa quando encontrei uma senhora holandesa numa bicicleta daquelas de passeio, com a bolsa de compras na garupa, vestida com roupa do dia a dia, calça escura e blusa amarela floridinha.<br />
Eu estava toda paramentada, de luva, capacete, bermuda e camiseta de ciclista, músicas animadas tocando no fone de ouvido, pedalando uma bicicleta moderna...<br />
Nos encontramos numa rotatória perto do centro da cidade, eu vindo de uma direção e ela de outra. Dei um sorriso, acenei com a cabeça e fiz um bom dia silencioso com os lábios. Ela entendeu, sorriu e me cumprimentou de volta. Não sei bem quem era ela, mas nossos olhares se cruzaram então fomos educadas e registramos delicadamente nosso encontro.<br />
<br />
Segui meu caminho e pedalei por quase dois quilômetros, fazendo força. Passava das onze da manhã, o sol estava forte e o calor do asfalto subia por todo o meu corpo, dificultando ainda mais a volta pra casa. Nessas horas, as músicas animadas da minha playlist ajudam muito, porque dão uma adrenalina bem boa e eu pedalo como dançava aos vinte e poucos anos, nas noites de São Paulo e do Rio de Janeiro.<br />
<br />
Pois de repente vejo de canto de olho uma bicicleta me ultrapassando. Uma dessas de passeio, com uma senhora de calça escura e blusa amarela floridi... EPA! Era ela, a senhora da rotatória!<br />
Lembro de ter dado um sorrisinho meio mais ou menos, bem sem graça, totalmente surpreendida pela velocidade em que ela vinha e pela feição plácida, como se estivesse descendo uma ladeira no frescor da manhã. Fiquei olhando ela passar por mim e murchava um pouco mais a cada volta dos pedais, fazendo muito mais força pra seguir na minha velocidade do que ela pra me ultrapassar. Que ridículo. Até então eu me achava em boa forma, aos quarenta e poucos, toda atleta, saindo pra pedalar três vezes por semana pra manter as pernas fortes.<br />
<br />
Tudo o que consegui fazer depois de alguns segundos, quase um minuto, foi sacar o telefone sem parar de pedalar, pra registrar a ultrapassagem histórica. Fiz uma foto dela, bem lá na frente, e é essa imagem que você vê aí em cima.<br />
<br />
Cheguei em casa sentindo um misto de vergonha e frustração e resolvi contar para o marido, que deixava escapar um mini sorriso debochado enquanto eu desabafava, meio constrangida. Pelos detalhes que descrevi ele sabe exatamente de quem se trata, e me falou mais ou menos a idade dela.<br />
<br />
Isso aconteceu já faz uns dias, e nesse tempo me recuperei da humilhação e estou aqui contando a coisa em público: tomei um baile de uma senhora na casa dos setenta. Ela tem pelo menos uns vinte e cinco anos a mais que eu e não adianta esconder, ainda falta muito arroz com feijão pra eu conseguir acompanhá-la num passeio de bicicleta pela cidade.<br />
<br />
Olhando por outro ângulo, ainda restam esperanças. Se desde os trinta eu pedalo por aí, alguma chance tenho de chegar ativa aos setenta, pedalando por quase dez quilômetros pra fazer compras na cidade como ela, minha diva, musa inspiradora! :)Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-57000430431598683732020-03-26T14:24:00.003-03:002020-03-26T14:34:21.841-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-SU5Sq-Utsp0/XnzkS07iSMI/AAAAAAABDDg/OGfFfP6WKaUo_fZmu9KxS5-EVuS3O065ACLcBGAsYHQ/s1600/Ce%25CC%2581u%2B25mar20.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="797" data-original-width="1063" height="297" src="https://1.bp.blogspot.com/-SU5Sq-Utsp0/XnzkS07iSMI/AAAAAAABDDg/OGfFfP6WKaUo_fZmu9KxS5-EVuS3O065ACLcBGAsYHQ/s400/Ce%25CC%2581u%2B25mar20.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="-webkit-text-stroke: rgb(0, 0, 0); font-size: small;">Em 2009 comecei um blog porque sentia vontade e certa urgência de conversar sobre inquietações ecológicas, sugerir ideias e mostrar mudanças de hábitos que vinha experimentando em minha própria vida diária.</span></div>
<div class="p2">
<span style="font-size: small;"><span class="s1"></span><br /></span></div>
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;">Em 2019, quem diria, inaugurei a Escola Orgânica Holambra, uma escola de educação ambiental, porque com o passar de 10 anos mudando hábitos e pesquisando uma vida mais consciente, me pareceu urgente ensinar as lindezas que descubro todos os dias, mostrar que o contato com ambientes naturais só traz coisas boas (mesmo quando elas são difíceis) e que, apesar de já falarmos em consciência ecológica há pelo menos 20 anos, ainda temos muito a aprender e a ensinar; e escola é isso, uma via de mão dupla.</span></span></div>
<div class="p2">
<span style="font-size: small;"><span class="s1"></span><br /></span></div>
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;">Estamos em março de 2020. Mal inauguramos a escola e já tivemos que entrar em recesso. Estamos todos em compasso de espera e proteção, tentando nos isolar de um vírus.</span></span></div>
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;">E para onde voltou a minha vida? Outra vez para a horta, para a pesquisa de novos hábitos, para o escrever, para o fotografar... E para o De Verde Casa.</span></span></div>
<div class="p2">
<span style="font-size: small;"><span class="s1"></span><br /></span></div>
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;">Voltei ao blog, meu registro de descobertas, para agradecer tudo o que veio através dele.</span></span></div>
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;">Era um caderno com fotos e acesso livre pra quem quisesse ler. Eu escrevia e recebia visitas.</span></span></div>
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;">Pois veio muito mais do que eu jamais imaginei.</span></span></div>
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;">Ganhei amigos e uma nova família - hoje peças fundamentais na minha vida -, novos trabalhos, uma nova cidade para viver, novos interesses, novos projetos...quanta coisa! Mudou tudo, tudo, tudo.</span></span></div>
<div class="p2">
<span style="font-size: small;"><span class="s1"></span><br /></span></div>
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;">A gente às vezes se envolve em pequenas coisas e não pode imaginar que elas talvez sejam o buraquinho da fechadura do portal para um mundo novo. Que se insistirmos em enfiar a chave ali, se dermos as voltas completas pra destravá-la e depois tivermos a coragem de pressionar a maçaneta e abrirmos uma frestinha... Uau!</span></span></div>
<div class="p2">
<span style="font-size: small;"><span class="s1"></span><br /></span></div>
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;">Que nesse momento de isolamento em casa você possa se dedicar a algo que te chama e a que você tem respondido "agora não da, agora não da". Você diz que é por falta de tempo, mas no fundo sabe que falta mesmo é coragem. Talvez eu esteja escrevendo isso para mim mesma, me desculpe se te uso como pretexto, mas quem sabe não aproveita a oportunidade, pega na minha mão e vamos juntos?</span></span></div>
<br />
<style type="text/css">
p.p1 {margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 12.0px Times; -webkit-text-stroke: #000000}
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</style>Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-59369132252559396902015-02-17T12:31:00.002-02:002015-02-17T13:36:56.017-02:00Carnaval no jardim<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-EpWGJIa0Kr0/VONHVrmTOWI/AAAAAAAADo8/UqaeXwIgqrk/s1600/Mesa%2Bde%2Balmoc%CC%A7o%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-EpWGJIa0Kr0/VONHVrmTOWI/AAAAAAAADo8/UqaeXwIgqrk/s1600/Mesa%2Bde%2Balmoc%CC%A7o%2Bweb.jpg" height="285" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Flores, Arthur (que nem veio pra almoçar mas não resistiu, Marcos e Neide)</td></tr>
</tbody></table>
<div>
<br /></div>
<div>
No domingo, repetindo pela terceira vez o que eu já chamo de tradição desde a segunda, nos encontramos Neide, Marcos, Flores e eu para ao menos um dia juntos durante o carnaval. Nos anos anteriores fomos ao sítio deles carregados de plantas para enriquecer a diversidade por lá - plantas são o nosso assunto. Desta vez eles vieram a Holambra, no nosso sítio, carregados de comidinhas, folhas e flores secas para chá, frutinhas para sobremesa, maracujá para semear… comidas são o assunto deles.</div>
<br />
Não houve muito planejamento, mas eu e Neide trocamos por celular algumas mensagens sobre fazer macarrão caseiro colorido. Minha irmã Mari, <a href="http://www.brodo.com.br/" target="_blank">a Mariana Valentini da Brodo Rosticceria</a>, fez lindas gravatinhas coloridas para o carnaval que eu só vi pelo Instagram mas que me inspiraram bastante. Comer é uma delícia, e comer comida bonita é melhor ainda. Em boa companhia então…<br />
<br />
Pois ficou combinado que almoçaríamos massa. A Neide, sempre muito prática e animada, ofereceu de trazer a máquina e flores azuis de <i>Clitoria ternatea</i> para testarmos a cor na comida. Eu botei na roda a primeira moranga colhida este ano no jardim e beterrabas, assim teríamos três cores no prato.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-A_Em80qhDL4/VONHasPcm6I/AAAAAAAADpY/KA7XpsrfyWs/s1600/Moranga%2Bdo%2Bjardim%2Bfev2015%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-A_Em80qhDL4/VONHasPcm6I/AAAAAAAADpY/KA7XpsrfyWs/s1600/Moranga%2Bdo%2Bjardim%2Bfev2015%2Bweb.jpg" height="400" width="285" /></a></div>
<br />
Só que das caixas vindas da cozinha do blog <a href="http://www.come-se.blogspot.com.br/" target="_blank">Come-se</a> saíram muito mais do que ingredientes para chás e macarronada. Veio uma tigelona de coxas de frango para os que comem carne, uma boa fatia de melancia, um punhado de siriguelas, maracujás de duas espécies para sucos e mudas, uma metade de limão siciliano que só hoje encontrei esquecida na geladeira… É interessante como para quem trabalha com comida é tudo muito simples. Rapidinho junta-se uma coisa com outra com outra e com outra e vai a assadeira cheia para o forno. O processador de alimentos (que também veio na mala) em um instante transforma tomate fresco com melancia e temperos em um delicioso gazpacho pra comer como entrada. E enquanto eu fico pensando se é melhor juntar dois disso com três daquilo ou ao contrário, a Neide já bateu a massa de abóbora e eu nem vi como ela fez.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/--7S_bqaOhlI/VONHR6_bOpI/AAAAAAAADos/iRU1XjVMC1c/s1600/Gazpacho%2Btomate%2Be%2Bmelancia%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/--7S_bqaOhlI/VONHR6_bOpI/AAAAAAAADos/iRU1XjVMC1c/s1600/Gazpacho%2Btomate%2Be%2Bmelancia%2Bweb.jpg" height="320" width="228" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O gazpacho ficou delicioso. Acho que <br />
quero ter um processador de alimentos...</td></tr>
</tbody></table>
<br />
Uns minutos depois já estavam prontas três bolas de massa: a azul clarinha, colorida com flores de <i>Clitoria ternatea</i>; a amarela, feita com abóbora moranga e uma roxinha linda, de beterraba. O próximo passo era instalar a máquina numa superfície grande pra trabalhar, e a despeito das moscas e dos cachorros de plantão, Neide escolheu montar a traquitana toda lá fora, na grama, sob a sombra da Teca.<br />
<br />
No melhor estilo gambiarra, com cadeiras viradas sobre a mesa e um pedaço grande de cano de pvc, foi montado um varal para secar os fettuccines, e num minuto em que deixei a cozinha para ir ao banheiro ouvi risadas e fui chamada às pressas. <i>Corre, vem fotografar!</i> Não sei muito bem como aconteceu, mas em questão de segundos a primeira leva de massa de abóbora escorregou do varal de cano e foi parar na grama, e em mais um piscar de olhos os três cachorros devoraram aquilo tudo.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-NdXGqYBj4bE/VONHV4l-I9I/AAAAAAAADpA/funjc2H5Odg/s1600/Cachorros%2Bcomendo%2Bmassa%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-NdXGqYBj4bE/VONHV4l-I9I/AAAAAAAADpA/funjc2H5Odg/s1600/Cachorros%2Bcomendo%2Bmassa%2Bweb.jpg" height="400" width="285" /></a></div>
<br />
Depois das melhorias no varal para evitar futuras perdas vieram lindos fettuccines azuis e roxos combinando com a camiseta da cozinheira, e comemos nossa macarronada com molhinhos de manteiga e sálvia e de tomate, junto com as coxas de frango e fatias de abóbora assadas com temperinhos da horta. Isso é que é almoço de domingo!<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-Stnsa3En9-E/VONHZEdsJNI/AAAAAAAADpM/gKUF8rl5uQA/s1600/Moranga%2Bassada%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-Stnsa3En9-E/VONHZEdsJNI/AAAAAAAADpM/gKUF8rl5uQA/s1600/Moranga%2Bassada%2Bweb.jpg" height="320" width="228" /></a><a href="http://2.bp.blogspot.com/-A3khF-Ozc4o/VONHapNI_zI/AAAAAAAADpU/biQiHwxtXxo/s1600/Neide%2Bfazendo%2Bmassa%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-A3khF-Ozc4o/VONHapNI_zI/AAAAAAAADpU/biQiHwxtXxo/s1600/Neide%2Bfazendo%2Bmassa%2Bweb.jpg" height="320" width="228" /></a></div>
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-IN7e33s2vGc/VONHdtD_D3I/AAAAAAAADps/gqqU1xhTvGg/s1600/Varal%2Bde%2Bcadeiras%2Be%2Bcano%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-IN7e33s2vGc/VONHdtD_D3I/AAAAAAAADps/gqqU1xhTvGg/s1600/Varal%2Bde%2Bcadeiras%2Be%2Bcano%2Bweb.jpg" height="285" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Marcos, o companheiro que acompanha, <br />
espantava moscas e ajudava na produção da massa</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-BYhLjbt9wwU/VONHTO86jII/AAAAAAAADo0/4Si1vM5nvoI/s1600/Massa%2Broxa%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-BYhLjbt9wwU/VONHTO86jII/AAAAAAAADo0/4Si1vM5nvoI/s1600/Massa%2Broxa%2Bweb.jpg" height="285" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-At1JO-Y-G1w/VONHcLCDJFI/AAAAAAAADpk/TzQ4DvMAWaw/s1600/Varal%2Bde%2Bmassas%2B3%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-At1JO-Y-G1w/VONHcLCDJFI/AAAAAAAADpk/TzQ4DvMAWaw/s1600/Varal%2Bde%2Bmassas%2B3%2Bweb.jpg" height="285" width="400" /></a></div>
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Hoje acordei pensando em contrastes.<br />
A massa foi a Neide que fez e o molho fui eu, com tomates pelados de lata mas quase sem processamento industrial. A manteiga era de pacote mas a sálvia é produção da casa. Os corantes da comida eram totalmente naturais: beterraba, abóbora do quintal e flores da horta da Neide. Comemos na mesa sobre a grama, debaixo de uma árvore bonita, com moscas e cachorros por perto, sem muitos problemas.<br />
<br />
Agora pense em alguém que more num apartamento. Pode ser você, pode ser eu, que já fui muito urbana. Essa pessoa acorda lá no alto, décimo segundo, vigésimo quinto andar. Olha pela janela só pra saber se faz sol ou se chove e se enfia rápido numa roupa, café solúvel numa mão, bolacha de pacote na outra. Pega o elevador com o vizinho que nem responde o bom dia e aperta o G3, a garagem mais do alto. Entra no carro, afivela o cinto e logo se entala no trânsito; cinquenta minutos pra chegar ao trabalho. O prédio de escritórios fico no topo de um shopping, daqueles com muitos níveis de garagem. De novo o G3. Estacionamento cheio, vaga apertada, elevador lotado, a mesa tomada de pilhas de papel e um monte de e-mails para responder. Na hora do almoço a praça de alimentação salva: um salgado frito com refrigerante diet, porque não vai dar tempo de almoçar direito. De tarde telefone, computador, reunião no ar condicionado, cafezinho da máquina no copinho plástico, mais computador, mais telefone… Acaba o expediente e o dia termina como começou, só que ao contrário: mesa ainda tomada de papéis e os e-mails a responder, elevador lotado, vaga do carro apertada, fila pra passar pela cancela do estacionamento, uma hora e vinte no trânsito até chegar em casa, G3, elevador com os vizinhos… e chega o momento relax: um banho quente (mas rápido por causa do rodízio de água), pijaminha de malha feito de fio de garrafa PET (sustentável) e um jantarzinho leve (salada hidropônica com nuggets de vegetais e um chá gelado, daqueles de misturar o pozinho na água. Sabor pêssego).<br />
<br />
Essa pessoa (eu, você, alguém da sua família) não colocou o pé na Terra! Não digo descalço, na terra terra, aquela que tem minhocas, falo do planeta Terra! O dia inteiro se passou no alto, em andares de cimento. Os deslocamentos foram dentro do carro, as garagens eram elevadas, o almoço foi na praça de alimentação do shopping... Essa criatura não pisou numa calçada que seja, muito menos em um só metro quadrado de grama. Capaz que não tenha reparado no céu, não escutou um pio de pomba e nem comida de verdade comeu. Nem bebida de verdade bebeu! E pelo que me consta não inventei nenhum absurdo, nada que eu, você e seus conhecidos não tenhamos feito muitas e muitas vezes em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte…<br />
<br />
Antes que você me chame de Pollyanna, deixe-me dizer que não acho que tenhamos todos que nos mudar para ecovilas, plantar nossa própria comida, costurar nossas próprias roupas, vender nossos carros… Adoro dirigir, uso computador todos os dias, tenho pilhas e pilhas de papel sobre a mesa e dezenas de e-mails a responder, mas tenho tentado andar pelo caminho do meio. Planto horta (quando morava em São Paulo plantava em vasos), sento na grama com os cachorros no colo, como comida de verdade feita por mim em oitenta por cento das refeições, boto um tênis e vou correr na rua e tento, diariamente, melhorar minhas escolhas. Já morei em diversos lugares diferentes, já trabalhei com coisas saudáveis e com insalubres também, e a cada dia que passa acho mais importante e prazeroso o contato diário com a Terra. E mais: não conheço ninguém que tenha feito o caminho contrário sem ao menos cultivar um plano de, no futuro, voltar às raízes.<br />
<br />
É um caminho sem volta. Quanto mais a gente planta, mais quer plantar. Quanto mais pensa na comida, mais se dedica a fazê-la saudável. Quanto mais põe a mão na terra, senta na grama e corre na rua, mais sente falta disso tudo quando por algum motivo não pode fazer. E tem mais uma coisa bem interessante: a gente começa a se relacionar com pessoas que fazem o mesmo, que pensam igual, que andam pela mesma trilha sem querer voltar pra trás. É o caso da minha amizade com a Neide. Quando eu morava em São Paulo, trabalhava muito perto da casa dela e era um pouco aquela pessoa que não tinha tanto contato com a Terra, a gente não se conhecia. Agora que ficamos amigas, pergunta se eu quero passar um Carnaval sem ela???<br />
<br />Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com24tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-22296577538204088632014-10-08T20:03:00.004-03:002014-10-08T20:22:22.450-03:00Generosidade<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-FImmwaEsY3c/VDW_8lUU7jI/AAAAAAAADn0/MfCkmXFDQic/s1600/Edilson%2BGiacon%2Bpodando%2B2%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-FImmwaEsY3c/VDW_8lUU7jI/AAAAAAAADn0/MfCkmXFDQic/s1600/Edilson%2BGiacon%2Bpodando%2B2%2Bweb.jpg" height="285" width="400" /></a></div>
<br />
O mundo para quando ele vem aqui, e eu largo tudo o que estiver fazendo só pra ouvi-lo falar. Ele sabe tudo de plantas e tem no viveiro nada mais nada menos do que 1.200 espécies delas (aposto que tem mais; sempre tem umas que ficam esquecidas na hora do levantamento). O que não tem no sítio no momento ele diz quando vai ter ou conhece quem tem. Ou melhor ainda: diz que no trevo da cidade tal, do lado esquerdo de que vem de X e vai para Y tem um pé daquilo, que no ano passado não deu flor mais que nesse já está dando, e daqui a tanto tempo vai ter semente, e que o momento certo de colher é...<br />
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<br /></div>
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Já viajou o país inteiro diversas vezes garimpando espécies e cita montes de lugares interessantes que abrigam o que há de mais bonito e curioso no reino vegetal. Diz que hoje não tem mais aquele pique de antigamente, quando percorria mais de mil quilômetros num único dia visitando produtores e propriedades, então agora só encara 4 ou 5 horas no volante de cada vez. Só que falta tempo. Precisaria ter alguém para deixar no viveiro no lugar dele enquanto ganha mais mundo. Para isso tem ensinado Gustavo, o filho, que é daqueles casos que dispensam exame de DNA. Olhando um ao lado do outro você entende o real significado do termo <i>herança genética</i>.</div>
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O nome dele? Edilson Giacon, do <a href="http://www.ciprest.com.br/" target="_blank">viveiro Ciprest</a>.</div>
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Não bastasse tudo o que essa criatura conhece, digo com toda segurança que é uma das pessoas mais simpáticas e generosas que conheço. Pra começar ele fala sorrindo, o que faz qualquer conversa ficar mais especial. E sorrindo ele vai contando casos, falando nomes, descrevendo formatos de folhas, flores, frutos e ensinando coisas que eu não sei. Como o que mais tem é coisas que eu não sei, ele passa horas respondendo (numa boa!) as minhas perguntas. Com a maior generosidade me ajuda a identificar o que estamos cultivando sem saber o que é, sugere alterações, melhorias e ainda pede preços e reserva lotes. </div>
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Estamos muito próximos um do outro - coisa de meia hora de estrada - e ele às vezes compra plantas aqui, o que me deixa muito lisonjeada. Nada mal poder fornecer algo para quem é referência nacional por ter de tudo. Mas ele está sempre atrás de mais: invariavelmente chega com novidades de uma planta nova que conseguiu que alguém mandasse de outro continente e que já está multiplicada, enraizada e crescendo no viveiro. Assim, garimpando sem fronteiras, ele hoje tem variedades especiais como a orquídea que produz a verdadeira baunilha em fava, a Amapá - árvore que dá leite tão nutritivo quanto o leite materno, as diferentes espatódias branca e amarela, o cipó-alho, diversas frutíferas que você e eu nunca ouvimos falar, muitas variedades de manga e laranja, sem falar dos perfumadíssimos limões yuzu, cafir e agora também um novo que me trouxe de presente: o limão-caviar, ou "caviar vegetal".</div>
</div>
<div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-jPabkWmctHM/VDXAADS6pAI/AAAAAAAADoM/9opD_uXtPeg/s1600/Lima%CC%83o%2Bcaviar%2Bmuda%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-jPabkWmctHM/VDXAADS6pAI/AAAAAAAADoM/9opD_uXtPeg/s1600/Lima%CC%83o%2Bcaviar%2Bmuda%2Bweb.jpg" height="400" width="285" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Folhagem fininha do limão caviar</td></tr>
</tbody></table>
<br />
A folhagem é uma graça, e mais bonito ainda parece que é o interior do fruto, que ao invés dos gominhos em formato de gota, como todos os cítricos, tem o sumo embalado em bolinhas verdes, amarelas ou alaranjadas, dependendo da planta.</div>
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<br /></div>
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Fico sempre tentando retribuir tudo o que ele me ensina e me dá de presente, por isso, na visita da semana passada convidei-o a passear pelo jardim para ver como estão seus filhos - muito do que tenho de bonito veio da casa dele. O <i>Combretum</i> amarelo floresceu esse ano pela primeira vez e encheu nossa antena de ferro de delicadas escovas de cerdas macias. O eucalipto arco-íris ainda não coloriu mas cresce bonito, já está mais alto do que eu. A <i>Hamelia patens</i> dá flores e frutos o ano inteiro, e por causa dela sempre assistimos briga de beija-flores, que disputam a planta a bicadas. A paineira branca também floresceu pela primeira vez recentemente e foi o ponto alto do jardim por mais de um mês, com suas grandes flores de miolo cor de vinho. A fruta do milagre produziu bastante no primeiro semestre e agora com a chegada da primavera se animou a crescer ainda mais, já preparando botões para uma nova florada.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ShqCNwbsrLU/VDW_8_3iXLI/AAAAAAAADn4/P3Mfvb3E9Yw/s1600/Combretum%2Bfruticosum%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-ShqCNwbsrLU/VDW_8_3iXLI/AAAAAAAADn4/P3Mfvb3E9Yw/s1600/Combretum%2Bfruticosum%2Bweb.jpg" height="400" width="285" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Combretum fruticosum </i>florido no início do inverno</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-tY6YuauPFGw/VDW_53wdouI/AAAAAAAADns/0ECjwAq4eSY/s1600/Hamelia%2Bpatens%2Bflor%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-tY6YuauPFGw/VDW_53wdouI/AAAAAAAADns/0ECjwAq4eSY/s1600/Hamelia%2Bpatens%2Bflor%2Bweb.jpg" height="400" width="285" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Flores da <i>Hamelia patens</i>, <br />
super disputadas por beija-flores</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-uy4oQV1Etkg/VDW__Gv5XFI/AAAAAAAADoE/0FskURpVoyc/s1600/Hamelia%2Bpatens%2Bfrutos%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-uy4oQV1Etkg/VDW__Gv5XFI/AAAAAAAADoE/0FskURpVoyc/s1600/Hamelia%2Bpatens%2Bfrutos%2Bweb.jpg" height="400" width="285" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Frutos da <i>Hamelia patens</i>, <br />
super disputados por passarinhos vários</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-z4IILaHNgFs/VDXAAQtFeqI/AAAAAAAADoQ/RMCsLTgUiL4/s1600/Paineira%2Bbranca%2Bflor%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-z4IILaHNgFs/VDXAAQtFeqI/AAAAAAAADoQ/RMCsLTgUiL4/s1600/Paineira%2Bbranca%2Bflor%2Bweb.jpg" height="400" width="285" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Flor da paineira branca <br />
<i>Ceiba glaziovii</i></td></tr>
</tbody></table>
<br />
Depois de três horas aprendendo, aprendendo e aprendendo ainda ganhei de presente uma poda no arbusto Alegria-dos-pássaros (<i>Elaegnus umbellata</i>), que também veio do <a href="http://www.ciprest.com.br/" target="_blank">Ciprest</a> mas nunca fez a alegria dos voadores daqui. Já são dois anos tentando de tudo para que ele floresça e frutifique mas ainda nada. Acho que dei azar, porque quem tem a planta diz que ela produz fácil e realmente é um sucesso com a bicharada do jardim. Edilson conta que quando conheceu a espécie, anos atrás, teve a impressão de que macacos pulavam entre os galhos, de tanto que o arbusto chacoalhava. Chegando mais perto percebeu que eram pássaros, mais de uma centena deles num mesmo pé. Fez estacas, passou a produzir a espécie e batizou-a com esse nome mais adequado e sugestivo, para substituir Acerola-japonesa, que era como a chamavam. Parece que pegou, porque é assim que atualmente ele é conhecida, inclusive nos livros.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-QFsLVc6K5og/VDXAGXYFLII/AAAAAAAADoc/HGYBt-oppsE/s1600/Edilson%2BGiacon%2Bpodando%2B1%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-QFsLVc6K5og/VDXAGXYFLII/AAAAAAAADoc/HGYBt-oppsE/s1600/Edilson%2BGiacon%2Bpodando%2B1%2Bweb.jpg" height="400" width="285" /></a></div>
<br /></div>
<div>
Quando Edilson foi embora fui curtir os presentes, repassar as anotações e, como sempre, fiquei me sentindo eternamente em débito pelo pacotão de coisas interessantes que sempre fica aqui comigo depois que ele sai pelo portão.</div>
<div>
<br /></div>
Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-10583614839004284782014-09-26T19:23:00.000-03:002014-09-26T19:27:30.882-03:00As vacas e as banheiras<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-kQp53XODLTk/VCXdxE0ZP1I/AAAAAAAADnY/cQ_Xi-HiayE/s1600/Vacas%2B2%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-kQp53XODLTk/VCXdxE0ZP1I/AAAAAAAADnY/cQ_Xi-HiayE/s1600/Vacas%2B2%2Bweb.jpg" height="400" width="298" /></a></div>
<br />
Aqui bem perto do sítio tem um lugar por onde passo quando vou buscar retalhos de ferro de construção na d. Neila. É uma estradinha de terra que sai da estrada de asfalto do sítio onde moro e não é usada como passagem para lugar nenhum, apenas acesso aos sítios vizinhos. É uma área ainda mais rural do que a minha, porque além da terra na estrada tem vacas, e nada mais rural do que vacas, você há de concordar comigo.<br />
<br />
Já passei por aí diversas vezes, estou cansada de conhecer a paisagem, mas acho que em nenhuma das passagens deixei de parar o carro pra dar uma olhada com calma, uma curtida. Aquele ar bucólico, as vacas, as banheiras... Sim, banheiras!<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-mcwUcmjAOrM/VCXdtwzkXBI/AAAAAAAADnE/NeAKn8zagYU/s1600/Vacas%2B1%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-mcwUcmjAOrM/VCXdtwzkXBI/AAAAAAAADnE/NeAKn8zagYU/s1600/Vacas%2B1%2Bweb.jpg" height="400" width="298" /></a></div>
<br />
O sitio é de uma família holandesa de produtores de leite, e é óbvio que as vacas são holandesas. Até aí, interessante, bonito de ver, mas sem novidades. O legal mesmo são as banheiras. Dezenas e dezenas de banheiras antigas enfileiradas, uma ao ladinho da outra, servindo de coxo às vacas. Dependendo do horário em que passo as vacas estão comendo ou os coxos estão vazios e as vacas preguiçando no sol ou na sombra - sempre todas juntas. E é nesse momento que a cena fica inusitada. Uma fila de banheiras vazias ao sol, sobre a terra, e um monte de vacas deitadas ao lado.<br />
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<a href="http://3.bp.blogspot.com/-vkCmzlVkSBI/VCXdv25TxQI/AAAAAAAADnM/7eY6CfJcfGQ/s1600/Vacas%2B3%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-vkCmzlVkSBI/VCXdv25TxQI/AAAAAAAADnM/7eY6CfJcfGQ/s1600/Vacas%2B3%2Bweb.jpg" height="400" width="298" /></a></div>
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<br /></div>
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Eu SEMPRE paro o carro. As vacas me olham, eu olho as vacas… elas devem pensar <i>qual é o problema? Essa moça nunca viu vacas ou nunca viu banheiras?</i></div>
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Depois de alguns minutos eu sigo. Sorrindo. Adoro essas cenas! </div>
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Mais pra frente é menos inusitado mas também é bonito. Até outro dia tinha plantação de sorgo, que agora já está colhido </div>
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<a href="http://2.bp.blogspot.com/-ZAUS3XVgH60/VCXdrei0L_I/AAAAAAAADm0/IUw9O673clE/s1600/Sorgo%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-ZAUS3XVgH60/VCXdrei0L_I/AAAAAAAADm0/IUw9O673clE/s1600/Sorgo%2Bweb.jpg" height="400" width="298" /></a></div>
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e tem um campo permanente de roseiras, já de redinhas nos botões pra que as flores cheguem bonitas na floricultura.</div>
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<br /></div>
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<a href="http://1.bp.blogspot.com/-EiVgMqJkjIE/VCXdsrWmL-I/AAAAAAAADm8/66TR5aW2660/s1600/Rosas%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-EiVgMqJkjIE/VCXdsrWmL-I/AAAAAAAADm8/66TR5aW2660/s1600/Rosas%2Bweb.jpg" height="400" width="298" /></a></div>
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E ontem passei por algo diferente: uma capivara seca e achatada. Não sei como isso foi acontecer, só sei que ela estava lá, no meio da estrada, plana como uma folha de papel.</div>
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<br /></div>
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<a href="http://4.bp.blogspot.com/-gGpsCzn0AqM/VCXdqOUPbjI/AAAAAAAADms/rLkID1BybBw/s1600/Capivara%2Bachatada%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-gGpsCzn0AqM/VCXdqOUPbjI/AAAAAAAADms/rLkID1BybBw/s1600/Capivara%2Bachatada%2Bweb.jpg" height="400" width="298" /></a></div>
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Depois disso está o terreno da d. Neila. Logo conto sobre ela e seu trabalho árduo com entulho e lixo reciclável. </div>
Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-80696318912097211552014-09-23T20:17:00.001-03:002014-09-23T20:21:02.114-03:00Cegonha<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-BAkZCDRQfII/VCH7YNhiyKI/AAAAAAAADmc/fMRXhUQ5tQ0/s1600/Sabia%CC%81s%2B24%2Bhoras.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-BAkZCDRQfII/VCH7YNhiyKI/AAAAAAAADmc/fMRXhUQ5tQ0/s1600/Sabia%CC%81s%2B24%2Bhoras.jpg" height="400" width="400" /></a></div>
<br />
Ninguém sabe a hora exata, mas no último domingo, 21 de setembro - o dia da árvore! - chegaram no bico da cegonha os bebês sabiá que a gente tanto esperava. Mudamos os hábitos de entrada e saída aqui de casa por causa deles; uma porta foi interditada, uma cortina foi improvisada e até silêncio a gente faz pra não assustar essa familiazinha.<br />
<br />
As cascas dos ovos sumiram (mamãe gosta da casa limpinha) e no lugar deles agora crescem essas duas criaturinhas magrelas e ossudas, de penacho nas costas e grandes olhos pretos saltados e ainda fechados.<br />
<br />
Ontem eu e D. Sabioca fizemos um trato: todos os dias às 8:30 da manhã ela dá uma saidinha pra esticar as asas e eu rapidinho faço fotos pra registrar o desenvolvimento das crianças. Aí em cima vai a imagem das primeiras 24 horas vencidas, e quando tiver um álbum bem recheado volto para mostrar e deixo todo mundo folhear.<br />
<br />
<a href="http://www.deverdecasa.com/2014/09/interditado-favor-usar-outra-porta.html" target="_blank">Veja aqui o começo dessa história.</a><br />
<br />Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-5388861453245236112014-09-22T20:25:00.003-03:002014-09-23T13:12:06.226-03:00Saindo pra olhar lá fora<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-T92NuPNa0pY/VCCvG7tvXGI/AAAAAAAADmM/28gThB6Nr0A/s1600/Neide%2BMara%2Be%2BAna%2B1%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-T92NuPNa0pY/VCCvG7tvXGI/AAAAAAAADmM/28gThB6Nr0A/s1600/Neide%2BMara%2Be%2BAna%2B1%2Bweb.jpg" height="400" width="298" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ana Soares, Neide Rigo e Mara Salles<br />
abrindo a aula "O que é que tem de mistura"</td></tr>
</tbody></table>
<br />
Nesse final de semana deixei a vida de sítio pra tomar na veia uma dose de São Paulo, que eu adoro. E apesar de também adorar dirigir em estrada (boa, como a Bandeirantes) ouvindo música no carro, dessa vez tive vontade de ir de ônibus, aproveitando ser levada. Isso tem um pouco clima de filme, acho. A viagem de ônibus, depois o metrô, um taxi pra chegar na casa da Mari, onde fiquei hospedada… Sem falar na economia de dinheiro, de pneu, de combustível, e na curtição de ler em trânsito.<br />
<br />
Fui pra assistir aulas no evento Paladar - Cozinha do Brasil. Essa foi a oitava edição e eu nunca tinha ido. Não é o meu ramo mas tem um tanto de coisas interessantes, sem falar no meu motivo principal: aulas da Neide. A Rigo. Do <a href="http://www.come-se.blogspot.com.br/" target="_blank">Come-se</a>.<br />
<br />
No sábado teve ela junto com a Mara Salles, do Tordesilhas, e a Ana Soares do Mesa 3. Falaram sobre "o que é que tem de mistura", o que vai junto com o arroz e feijão em cada região do Brasil, em cada mesa, em cada família. O termo mistura, que já dá margem a diversas interpretações, mais as memórias afetivas de cada uma - o que a mãe fazia, o que o pai preferia, o que a criança podia, queria e não queria - renderam assunto pra quase duas horas, encerradas solenemente com o privilégio da degustação de tudo o que elas trouxeram para mostrar.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-bCwgIn9BL9s/VCCuZU_U47I/AAAAAAAADmA/F5fRD6LP82E/s1600/Neide%2BMara%2Be%2BAna%2B2%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-bCwgIn9BL9s/VCCuZU_U47I/AAAAAAAADmA/F5fRD6LP82E/s1600/Neide%2BMara%2Be%2BAna%2B2%2Bweb.jpg" height="400" width="298" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Um tanto de gente tentando se servir <br />
na degustação de misturas</td></tr>
</tbody></table>
<br />
No domingo foi a vez da Neide sozinha (porque ela é espetacular e sobra!) mostrar e falar sobre ervas aromáticas não convencionais. Foi bom demais. Além de interessante a aula foi bonita, porque ela caprichou na apresentação fazendo a bancada de cozinha parecer um balcão de alquimista. Aliás, pareceu não, foi mesmo uma bancada de alquimista, porque ela brincou de acidificar (com limão) uma infusão de flor de feijão borboleta pro líquido ficar lilás, depois voltou o lilás pro azul original misturando bicarbonato de sódio… toda essa química pra mostrar possibilidades de chás e refrescos.<br />
<br />
Tinha vidros e frascos de todos os tamanhos acondicionando folhas, flores e frutos, a maioria que a gente nunca nem ouviu falar; e ela falando daquilo com uma intimidade, como se fosse possível encontrar tudo em qualquer esquina. Na verdade quase é, porque muitas das coisas são matos, matos mesmo, desses que nascem em rachadura de calçada em qualquer cidade. A buva, por exemplo, vira um pesto picante delicioso; o picão branco rende um caldinho gostoso que sabe a alcachofra; a erva de santa maria - chamada de epazote no México - pode ser usada no feijão pra diminuir a produção de gases no intestino (o seu intestino, não o do feijão) e o próprio feijão borboleta, que dá o chá azul, parece que agora está na moda nos Estados Unidos, por seus efeitos medicinais. O foco da aula era ervas aromáticas, mas como disse a Neide, praticamente todas as aromáticas também têm efeito medicinal, então usar dá sempre bônus.<br />
<br />
E pra não dizer que foi só de ver e ouvir, teve de comer também. Experimentamos mingauzinho de araruta com macassá, pacová - o cardamomo brasileiro - salpicado sobre pedacinhos de abacaxi maduro (espetacular!), refresco de hibisco com gerânio aromático fermentado com kefir de água… vinha um potinho atrás do outro e as pessoas se olhavam com caras maravilhadas, fazendo hums e ohs, curtindo uma novidade atrás da outra.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-6bCpjyMURfs/VCCuZRaO_bI/AAAAAAAADl8/ibRSc19Jvi4/s1600/Aula%2Bda%2BNeide%2B21set2014%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-6bCpjyMURfs/VCCuZRaO_bI/AAAAAAAADl8/ibRSc19Jvi4/s1600/Aula%2Bda%2BNeide%2B21set2014%2Bweb.jpg" height="400" width="298" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A Neide e sua bancada de alquimista</td></tr>
</tbody></table>
<br />
Por isso eu adoro fazer cursos. A internet é muito boa, livros são imprescindíveis, mas um bom bate papo ao vivo, ainda mais com demonstração e degustação, têm outro gosto. Literalmente, neste caso. Acho que eu nunca teria experimentado diversas das espécies de "matos" que já li por aí se não fosse num evento assim.<br />
<br />
Além disso encontrei as queridas Silvia e Sabrina Jeha, do viveiro Sabor de Fazenda, que não via há tempos, conheci um tanto de gente interessante, combinei de fazer e receber visitas diversas pra conhecer mais lugares novos…<br />
<br />
Mudar pro interior é muito bom mas não dá pra ter preguiça de sair pra ver o mundo, senão tudo fica muito pequenininho. Sem falar que São Paulo pode ter todos os piores defeitos do mundo mas também tem muita gente boa, coisa boa, novidade boa...<br />
<br />Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-23018927048117729592014-09-19T00:30:00.000-03:002014-09-19T00:30:01.185-03:00Razão e sensibilidade<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-2YjIRl4KzYQ/VBsw7R_s4rI/AAAAAAAADlg/Xlh2KxIAi7w/s1600/Pe%CC%81%2Bde%2Bamora%2Bgigante%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-2YjIRl4KzYQ/VBsw7R_s4rI/AAAAAAAADlg/Xlh2KxIAi7w/s1600/Pe%CC%81%2Bde%2Bamora%2Bgigante%2Bweb.jpg" height="400" width="298" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Quatro metros de pura energia produtiva</td></tr>
</tbody></table>
<br />
Adoro quando conheço gente do campo, da roça mesmo, de verdade, aquelas pessoas que passaram a vida cultivando de tudo e têm uma rara sensibilidade em relação à natureza e todos os seus assuntos.<br />
Hoje veio aqui no sítio um senhor assim. Baixinho, já foi saindo do carro sem nem perguntar se os cachorros são bravos - todo mundo pergunta. Quando questionei se não tinha medo ele me disse que se fossem bravos eu não os teria deixado soltos quando o convidei a entrar. Alem disso, "dá pra ver na cara deles que são tranquilos".<br />
<br />
Tranquilidade tinha ele, paranaense nascido em 1940, com uns olhinhos vivos já olhando em volta, pesquisando as árvores do meu quintal. Seu Teresiano. Veio de Limeira até aqui especialmente para me trazer os saquinhos plásticos que encomendei para plantar mudas. Não nos conhecíamos ainda, foi meu primeiro pedido depois da indicação do amigo <a href="http://www.ciprest.com.br/" target="_blank">Edilson Giacon</a>.<br />
<br />
Descarregamos a mercadoria, chamei-o a ver o viveiro, as mudas, e no caminho fomos conversando. Contei que a produção de árvores nativas tem só três anos apesar do sítio ser um dos primeiros da Holambra, que foi de um dos fundadores da cidade etc, e ele me perguntou: como vocês estão de água? Falei do único poço que nos abastece, que a água baixou quase 50% em comparação com períodos de chuva, que estamos racionando… Água é a preocupação de todo mundo no momento. Nossa e dele também.<br />
<br />
E num certo momento ele parou em frente à minha amoreira: você rega sempre essa árvore? Na verdade nunca, seu Teresiano. Pra não mentir, coloquei bastante água nela no último domingo, já que está carregada e não quero perder as frutas. Por que?<br />
<br />
Ele me chamou a atenção para como ela está bonita, com um verde vivo, exuberante, além da enorme quantidade de frutos amadurecendo. "Nessa seca, se ninguém rega, isso é sinal de que tem umidade aí embaixo. Eu tenho uma dessa que esse ano não produziu nada."<br />
<br />
Sábio homem. Sem saber ele acabava de me dar uma dica de algo que estamos procurando já há tempos: temos um vazamento de água em algum lugar de um cano que sai da caixa d'água e passa por uma grande área, abastecendo as torneiras do jardim ao redor da casa. Já escavamos inúmeros buracos pelo quintal e o cano sempre aparece intacto, ou seja, nada de achar o vazamento. A amoreira está a cerca de 1,5 metros do caminho do cano; pode estar bebendo dele. Ainda não é uma árvore grande nem tem raízes agressivas, portanto não é responsável pela ruptura. Muito pelo contrário: é uma muda nova, tem apenas 3 anos e vem crescendo muito rápido. Ao que parece tem irrigação particular.<br />
<br />
Que diferença faz um olhar atento que interpreta e deduz! A gente estuda, pesquisa, assunta por aí, mas sem observação, sensibilidade e experiência nunca seremos completos.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-mW9CiBG8vK4/VBsw54f6T7I/AAAAAAAADlU/sh-f2J7ptn8/s1600/Amoras%2Bamadurecendo%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-mW9CiBG8vK4/VBsw54f6T7I/AAAAAAAADlU/sh-f2J7ptn8/s1600/Amoras%2Bamadurecendo%2Bweb.jpg" height="400" width="298" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Algumas já roxas, muitas vermelhas e outras ainda verdes</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-ar4ZmvpFwCg/VBsw6y8JntI/AAAAAAAADlY/PylIOxni1-8/s1600/Amoras%2Bna%2Bma%CC%83o%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-ar4ZmvpFwCg/VBsw6y8JntI/AAAAAAAADlY/PylIOxni1-8/s1600/Amoras%2Bna%2Bma%CC%83o%2Bweb.jpg" height="298" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br />Enormes e deliciosas</td></tr>
</tbody></table>
<br />Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-11063296847101425122014-09-17T14:21:00.000-03:002014-09-17T16:09:25.297-03:00Interditado. Favor usar a outra porta<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-qd4J_egg6u0/VBm5NuVpTzI/AAAAAAAADk0/MuC6TLrh0Kw/s1600/Sabia%CC%81%2Bno%2Bninho%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-qd4J_egg6u0/VBm5NuVpTzI/AAAAAAAADk0/MuC6TLrh0Kw/s1600/Sabia%CC%81%2Bno%2Bninho%2Bweb.jpg" height="298" width="400" /></a></div>
<br />
Interdita-se rua no dia da feira, pra passagem do bloco de carnaval, remendo no asfalto, poda de árvore, reparos na fiação elétrica, troca de lâmpada do poste, quando o piano vai subir pela janela, o viaduto vai ser demolido, quando vai ter show, desfile cívico, corrida de rua, passeata, quando houve acidente de carro, quando vai passar autoridade…<br />
<br />
Evento importante é mais do que justificativa e não tem discussão. Portanto, já que Sabioca escolheu meu vaso de samambaia pluma pra produção da filharada da primavera, foi interditada a porta sul desta residência.<br />
<br />
Desde segunda-feira dia 8 de setembro a entrada é só dela, já que não conseguiu conviver conosco cruzando pra lá e pra cá pela porta. Durante a confecção do ninho passávamos de fininho, tentando mostrar a ela que suas instalações eram muito bem vindas assim tão próximo das nossas, mas não teve jeito. A moça se estressava e abandonava a obra cada vez que um de nós punha a mão na maçaneta. A escolha do local deve ter sido feita num final de semana, quando quase ninguém entrou nem saiu, mas bastou amanhecer o primeiro dia útil da semana pro ambiente se mostrar menos sossegado do que ela imaginava.<br />
<br />
Mas tudo bem, por sorte dela temos outras duas opções de passagem e somos verdadeiros entusiastas da convivência pacífica e harmoniosa entre todos os seres, então passou-se a chave na fechadura e pronto. Só que mãe em período de "gestação"... sabe como é. Mesmo nosso trânsito dentro de casa a assustava, então foi necessária mais uma providência:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-1NUF_K6zflI/VBm5Oyj3CpI/AAAAAAAADk8/uF_3iRAcP2g/s1600/Tapadeira%2Bna%2Bporta%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-1NUF_K6zflI/VBm5Oyj3CpI/AAAAAAAADk8/uF_3iRAcP2g/s1600/Tapadeira%2Bna%2Bporta%2Bweb.jpg" height="400" width="298" /></a></div>
<br />
Um quadrado de tecido foi pendurado fazendo as vezes de cortina e separando a vida dela da nossa. Uma pena. Agora tenho monitorado à distância os acontecimentos do ninho, e vez ou outra vejo pelo quintal que ela saiu pra se alimentar, então subo num banquinho e espio lá dentro. Por enquanto, só ovos. Dizem os entendidos que são 13 os dias de choca. A conferir, no 20 de setembro.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-qgVYWTppObc/VBm5PsY7B5I/AAAAAAAADlE/JeaUCThgDD4/s1600/Ovos%2Bno%2Bninho%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-qgVYWTppObc/VBm5PsY7B5I/AAAAAAAADlE/JeaUCThgDD4/s1600/Ovos%2Bno%2Bninho%2Bweb.jpg" height="298" width="400" /></a></div>
<br />Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-25456089907782988322014-09-13T17:17:00.001-03:002014-09-13T17:17:13.968-03:00O prazer dos resultados<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-wibywXxC_yc/VBSkDCU2llI/AAAAAAAADkM/Fk-abSufUfw/s1600/Laeliocathleia%2Bago2014%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-wibywXxC_yc/VBSkDCU2llI/AAAAAAAADkM/Fk-abSufUfw/s1600/Laeliocathleia%2Bago2014%2Bweb.jpg" height="298" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Laeliocathleia</i> paulistana vivendo no interior</td></tr>
</tbody></table>
<br />
Lembro de momentos aqui no sitio em que quase todos os dias eu olhava para os lados e imaginava coisas diferentes do que via. Queria tirar o mato dali e plantar umas flores, mudar esse vaso daqui e colocar a planta direto na terra, dar uma limpada na galharada acumulada no chão e replantar a grama, escolher um bom lugar para os meus vasos de ervas…<br />
<br />
Vim morar num lugar por onde já passou muita gente, e cada um cuidou da casa e do jardim a seu gosto, claro. Há coisas lindas que ficaram - grandes árvores que produzem nozes, frutas e flores, a própria casa, a matinha - e outras que desde o início eu queria mudar, ou construir, ou melhorar. Um dia, conversando com um dos vizinhos, ouvi que sítio é assim, tem sempre o que fazer.<br />
<br />
Muitas vezes isso me desanimou, porque se a manutenção já é trabalho permanente, o que dizer de quando você acaba de chegar e, além de ter que tomar pé de tudo, ainda tem vontade de fazer o lugar ter mais a sua cara?<br />
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Mas aí o tempo foi passando, fui fazendo um pouco de cada vez (ou muito, tudo ao mesmo tempo!), e o ambiente foi mudando. O pezinho de amora que plantei quando cheguei de repente virou uma árvore mais alta que eu; a samambaia gostou do lugar novo e começou a brotar; as orquídeas grudaram nas árvores e já dão flores; os ipês e a jabuticabeira florescem pela terceira vez desde que estou morando aqui, os vasos de ervas e hortaliças estão lindos...<br />
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Lógico que ainda falta muito o que fazer - muito mesmo - mas o prazer de andar por aqui e ver pequenos e grandes resultados é indescritível. Nessa hora a gente sente que valeu a pena ter encarado o desafio e aprende que é preciso ter muita paciência. Nada se transforma do dia para a noite e nem teria graça se fosse assim.<br />
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Sempre fui imediatista, queria tudo pronto agora, rápido e de preferência fácil. Participaria numa boa de vários daqueles programas de transformação que a gente vê na televisão: você sai de casa e quando volta sua salinha modesta virou um ambiente de revista descolada. Seu jardim, tomado de mato, se transformou num mini jardim botânico particular com laguinho, herbário, orquidário, <i>chaise longue</i> pra ler o jornal de domingo...<br />
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Só que na vida real tudo tem seu ritmo, inclusive eu, que hoje percebo que preciso de um tempo olhando um lugar, um ambiente, uma parede ou uma planta para saber o que fazer com aquilo. Capaz que exista gente que decide rápido, mas eu preciso amadurecer as ideias e "ouvir" o que o lugar ou a coisa tem a me dizer. Aprendi que quando respeito esse tempo o resultado me deixa feliz porque veio realmente de mim. É a minha cara, a minha assinatura, e tem a ver com o resto de tudo o que tenho. De outra forma seria um copia e cola de referências, bonitas talvez, mas com assinaturas estrangeiras.<br />
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Também percebi que coisinhas que ganhei de amigos queridos e visitas que ficaram por um dia ou por muitas semanas, hoje formam um quebra-cabeças super interessante de memórias que não poderia ter sido montado de outro jeito. O mesmo acontece com objetos que fui juntando ao longo do tempo. O açucareiro de barro com florzinhas da Neide, as micro orquídeas da Carol, as cerâmicas da Cynthia, as pedrinhas que trouxe do Chile, a ferradura que encontrei enterrada na horta… Tudo isso faz parte da história da minha vida e da minha casa.<br />
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Continuo com mil planos, inclusive de melhorar o que fiz e não deu muito certo, mas já colho como resultado presentinhos vindos de todos os lados e estou feliz.<br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-tV-AchtEvhA/VBSkFpox33I/AAAAAAAADkk/TKHlIfeqvcE/s1600/Ipe%CC%82%2Bbranco%2Bterreno%2Bdo%2Bmoinho%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-tV-AchtEvhA/VBSkFpox33I/AAAAAAAADkk/TKHlIfeqvcE/s1600/Ipe%CC%82%2Bbranco%2Bterreno%2Bdo%2Bmoinho%2Bweb.jpg" height="298" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ipê branco florido, <br />com cara de cerejeira do Japão, <br />com cara de flocos de neve.</td></tr>
</tbody></table>
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-uQdpBzfVJsc/VBSj07X8IKI/AAAAAAAADj0/4UOwa0xb49s/s1600/Tamanho%2Bda%2Bamora%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-uQdpBzfVJsc/VBSj07X8IKI/AAAAAAAADj0/4UOwa0xb49s/s1600/Tamanho%2Bda%2Bamora%2Bweb.jpg" height="298" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Amora gigante. Plantei um pezinho de 50 cm, em três anos chegou a 4 metros.</td></tr>
</tbody></table>
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-LPt6pjhGGUA/VBSkDSe-YWI/AAAAAAAADkU/kBVsvR6Gfdo/s1600/Mini%2BPhalaenopsis%2Bbranca%2Bset2014%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-LPt6pjhGGUA/VBSkDSe-YWI/AAAAAAAADkU/kBVsvR6Gfdo/s1600/Mini%2BPhalaenopsis%2Bbranca%2Bset2014%2Bweb.jpg" height="298" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mini phalaenopsis, presente da Carol</td></tr>
</tbody></table>
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-gYk9_EGQXWQ/VBSkDEDcElI/AAAAAAAADkQ/BvUw8_iJHh4/s1600/Dendrobium%2Bfimbriatum%2Boculatum%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-gYk9_EGQXWQ/VBSkDEDcElI/AAAAAAAADkQ/BvUw8_iJHh4/s1600/Dendrobium%2Bfimbriatum%2Boculatum%2Bweb.jpg" height="400" width="298" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Dendrobium fimbriatum</i> var. <i>oculatum </i></td></tr>
</tbody></table>
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-SqVakQd6eYE/VBSj8QUBbqI/AAAAAAAADkE/y3QOPcqKs9Y/s1600/Jabuti%2Btroncos%2Bfloridos%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-SqVakQd6eYE/VBSj8QUBbqI/AAAAAAAADkE/y3QOPcqKs9Y/s1600/Jabuti%2Btroncos%2Bfloridos%2Bweb.jpg" height="400" width="298" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jabuticabeira de meio século que dá espetáculo todos os anos</td></tr>
</tbody></table>
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-mzM2-TKYmHA/VBSj4EMlPjI/AAAAAAAADj8/7Case4phcNY/s1600/Tomates%2Bem%2Bvaso%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-mzM2-TKYmHA/VBSj4EMlPjI/AAAAAAAADj8/7Case4phcNY/s1600/Tomates%2Bem%2Bvaso%2Bweb.jpg" height="400" width="298" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tomates em vaso, muito fáceis de cultivar</td></tr>
</tbody></table>
<br />Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-33143551581301483462014-09-03T19:05:00.001-03:002014-09-03T19:50:11.422-03:00Lixo no quintal dos outros é refresco<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-_F1WC3UDqR0/VAeR8mdddaI/AAAAAAAADjA/o4Z_GbUW_iU/s1600/Buraco%2Bdo%2Blixo%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-_F1WC3UDqR0/VAeR8mdddaI/AAAAAAAADjA/o4Z_GbUW_iU/s1600/Buraco%2Bdo%2Blixo%2Bweb.jpg" height="298" width="400" /></a></div>
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Nada como ter o problema perto, muito perto de você, para tratá-lo com seriedade.<br />
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A área rural onde moro fica a 3 km do centro da cidade. É perto, e isso me agrada porque não é preciso fazer longas viagens para ir ao banco, ao supermercado e outros lugares onde a gente vai sempre. Mas na nossa porta não passam o carteiro nem o lixeiro. O problema da correspondência é facilmente resolvido com o aluguel de uma caixa postal na agência da cidade, mas o do lixo…<br />
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A solução é a mesma de quando não existia lixeiro passando na porta de ninguém: um buraco no quintal. Cava-se o mais fundo possível e no entorno da boca do buraco vai uma paredinha de tijolos, para evitar o acesso de ratos e cachorros. Algo de 80 cm de altura. Nos mais de 60 anos em que existe o sítio, o buraco do lixo já foi em diversos lugares. Isso porque com o passar do tempo ele vai enchendo, e um dia é necessário encerrá-lo para abrir um novo.<br />
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Se tivéssemos visão de raio X passearíamos pelo jardim enxergando um museu de tudo o que já foi descartado aqui. Felizmente, há 50, 60 anos não eram tantas as embalagens de plástico, e latas de diversos tipos normalmente eram reaproveitadas para outros fins, então muito do que foi enterrado provavelmente já se decompôs e está reintegrado à natureza.<br />
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Hoje é que o bicho, ou melhor, o lixo pega. Separamos para reciclagem tudo o que é possível, mas acontece de aparecer uma embalagem sem identificação de tipo de material (o número dentro do triângulo de setas) ou algo tão sujo e engordurado que não pode ser reciclado. Uma embalagem de queijo parmesão, por exemplo, que tem tanto óleo que até escorre. E aí, quem tem coragem de simplesmente jogar aquilo no buraco do lixo, sabendo que o plástico leva 400 anos para se decompor? Enterrar resolve? O que os olhos não vêem o coração não sente?<br />
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Uma coisa é transferir o problema para o lixeiro - aquele incrível mágico ilusionista que passa de porta em porta fazendo tudo desaparecer -, outra coisa é ser responsável por cada coisinha que você enterra a 40 metros da sua cozinha, embaixo das plantas bonitas que escolheu a dedo e plantou com as próprias mãos. No fundo é tudo a mesma coisa, o plástico estará enterrado aqui ou no lixão, mas a responsabilidade de cuidar daqui me mobilizou ainda mais.<br />
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O resultado é que as experiências e os desafios vão nos aperfeiçoando, e que bom que é assim. Cada vez compro menos coisas embaladas, menos comidas industrializadas, menos glutamato monossódico, e tenho feito mais pães, bolos, biscoitos, arroz, feijão, sopas a partir de vegetais frescos… e no fim das contas não só nós somos beneficiados com toda essa comida de verdade, mas o lixo também. Sobram mais cascas e menos pacotes. Mais matéria orgânica compostável e menos embalagens.<br />
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Nos casos de pacotes recicláveis porém engordurados demais, em respeito às usinas que recebem o material que separamos tenho lavado tudo com água e bastante sabão de coco. Não dá trabalho nenhum e torna aproveitável a matéria prima já processada. E não venham me dizer que eu gasto mais água na lavagem do que a usada na produção de um pedaço de plástico novo, porque não é só isso que está em jogo. O pedaço de terra que está sob minha responsabilidade agradece. O seu aterro sanitário também agradeceria.<br />
<br />Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-28975550724577575142014-08-29T15:07:00.000-03:002014-08-29T15:14:41.060-03:00Um poço caipira, o Sebastião Salgado e a Martha Medeiros<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-n4IsA4oEKQw/VAC_xo4Uc6I/AAAAAAAADio/nVDtds77IxQ/s1600/A%CC%81gua%2Bno%2Bpoc%CC%A7o%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-n4IsA4oEKQw/VAC_xo4Uc6I/AAAAAAAADio/nVDtds77IxQ/s1600/A%CC%81gua%2Bno%2Bpoc%CC%A7o%2Bweb.jpg" height="298" width="400" /></a></div>
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Demorou um pouco mais do que em outros lugares do interior de São Paulo, mas a água aqui no sítio também já começou a rarear. Toda a nossa água vem de um poço caipira de 6 metros de profundidade que nos abastece regiamente durante todo o ano. É água límpida, gostosa, que sempre dá e sobra. Mas agora falta.<br />
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Nesta segunda-feira, pela primeira vez neste inverno, o nível da água desceu mais de um metro, e conforme nosso consumo aumenta (nos dias de irrigar as mudas do viveiro de árvores, por exemplo) ele desce ainda mais um pouco, chegando quase à pontinha do cano da bomba. Se a gente bobear, ela puxa ar.<br />
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A solução foi colocar uma boia que liga a bomba quando os lençóis freáticos abastecem o poço e desliga a sucção de água quando o poço esvazia. Isso quer dizer que às vezes nossa caixa d'água enche, outras não. Isso quer dizer que às vezes tem água pra tomar banho, às vezes não. E o mesmo pra regar as plantas, lavar a louça, a roupa, escovar os dentes…<br />
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No início da semana terminei de ler <i>Da minha terra à Terra</i>, livro em que o famoso fotógrafo Sebastião Salgado conta sua história de vida e sua experiência trabalhando ao redor de todo o mundo, de áreas de grandes mazelas sociais, como muitos países da África, a lugares de paisagem inesquecível, paraísos na Terra. Todo o texto é muito bonito e cheio de reflexões sobre o mundo e a raça humana, mas o que mais me tocou foi a reflexão ao final, na conclusão, onde ele diz algumas coisas importantes:<br />
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<i>- … o homem das origens é muito forte e muito rico em algo que fomos perdendo com o tempo, tornando-nos urbanos: nosso instinto.</i><br />
<i>- Vi o que éramos antes de nos lançarmos à violência das cidades, onde nosso direito ao espaço, ao ar, ao céu e à natureza se perdeu entre quatro paredes. Erguemos barreiras entre a natureza e nós. Com isso, nos tornamos incapazes de ver, de sentir…</i><br />
<i>- Se em meu livro Trabalhadores fiquei orgulhoso por poder mostrar que somos um animal incrivelmente engenhoso na capacidade de produção, também vi que, em nossa maneira de viver, fizemos de tudo para destruir aquilo que garante a sobrevivência de nossa espécie.</i><br />
<i><br /></i>
Depois de terminar esse livro andei folheando <i>A graça da coisa</i>, da Martha Medeiros, espetacular coleção de crônicas guardada na minha estante entre outros livros dela, lidos sempre com muito prazer. Na página 40 está <i>Alguém quem?</i>, texto publicado num jornal do Rio de Janeiro ou de Porto Alegre em 20 de novembro de 2011.<br />
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Filosofando sobre aquele tão familiar pensamento do "alguém tem que fazer alguma coisa" ela fala de mim e de você que, <i>por arrogância ou egoísmo, nos anunciamos muito capazes, mas quando a teoria necessita ser posta em prática, somos os primeiros a transferir responsabilidades</i>.<br />
<i><br /></i>
Nessa parte do texto, lendo deitada, fechei o livro sobre o peito e fiquei lembrando da imagem da pouca água lá no fundinho do poço. Somos cinco adultos morando no sítio e ainda temos direito ao espaço, ao ar, ao céu e à natureza que, segundo Sebastião Salgado, a maioria das pessoas já perdeu. Além disso (e por causa disso), ainda preservamos um pouco do nosso instinto e interagimos com a natureza tentando nos integrar sempre mais e entendê-la.<br />
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Talvez muitos dos moradores das cidades já tenha se dado conta de sua responsabilidade no uso correto da água que chega às torneiras, mas certamente muitos ainda transferem responsabilidades dizendo que alguém tem que fazer alguma coisa. Quando se mora numa comunidade enorme, onde é impossível acompanhar tudo o que acontece na cidade - e eu passei a maior parta da vida em lugares assim - acho que a gente tem a sensação de que existe ali uma infra-estrutura pronta para nos servir seja lá qual for a nossa demanda. É muito comum ouvir gente dizendo "eu pago, eu tenho direito". Isso, aliás, acontece muito em relação a lixo: "eu pago os impostos que pagam os salários dos varredores de rua, então quando jogo lixo no chão eu estou dando emprego a eles". Eu já ouvi isso, juro.<br />
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Basta a gente se mudar para um mini lugar, onde está nas nossas mãos o controle de tudo o que entra ou sai, funciona ou quebra, tem ou falta, que a gente percebe a responsabilidade de cada um no funcionamento do todo. Somos cinco aqui pra dividir aquela aguinha no fundo do poço. Se usarmos com inteligência e educação, vai dar pra hoje e pra amanhã. Se bater um egoísmo, acaba hoje mesmo para as pessoas, os animais e as plantas, que são o comércio que nos sustenta. E aí toda a engrenagem emperra.<br />
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O raciocínio e o funcionamento são os mesmo numa pequena, numa média ou numa grande comunidade, e certamente todo mundo já sabe disso. O que falta é se perceber responsável, ao invés de esperar que alguém faça alguma coisa, e usar com muito respeito aquilo que garante a sobrevivência da nossa espécie.<br />
<i><br /></i>Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-68807659255638555982014-08-12T10:22:00.000-03:002014-08-12T10:22:42.573-03:00O trigo do vizinho já não está mais verde...<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-GkK6ijRdDGc/U-oMuyNvxAI/AAAAAAAADgo/9Sndw4yZLek/s1600/Trigo%2Bverde%2B02jul2014%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-GkK6ijRdDGc/U-oMuyNvxAI/AAAAAAAADgo/9Sndw4yZLek/s1600/Trigo%2Bverde%2B02jul2014%2Bweb.jpg" height="298" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Trigo - 02 de julho de 2014</td></tr>
</tbody></table>
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No ano passado me escreveu a Suelen, leitora romântica do De Verde Casa que iria se casar e procurava uma plantação de trigo para fazer fotos com o noivo. Respondi com a má notícia de que se o casamento seria em maio ela não conseguiria um campo de trigo daqueles de cinema, bem douradinho, porque o trigo é uma cultura de inverno. Isso quer dizer que em maio os produtores ainda estão pensando em plantar o trigo, e só lá pra julho ele vai estar como a Suelen queria.<br />
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Tá certo que estamos num tempo em que tem morango em janeiro e manga em agosto - o ser humano tem tentado enganar a natureza forçando produções fora de hora com estufas e recursos tecnológicos - mas nas grandes culturas quem manda ainda é o clima. Safrona de milho, daquelas boas mesmo, é em janeiro e fevereiro. Milho gosta de calor e chuva. Já o trigo é do contra: gosta de frio e seco.<br />
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Num país enorme desses, onde na metade de cima faz calor de fritar os miolos e na de baixo às vezes até neva, é possível produzir quase de tudo. O segredo está em saber escolher a cultura certa para o local certo. Quando a gente é muito urbana, só pensa no clima na hora de escolher a roupa pra sair. Já o pessoal da roça tá sempre de chapelão e manga comprida, faça frio ou faça sol, mas dorme e acorda de olho no clima pra saber o que tá na hora de plantar e de colher. E se essa moçada dorme no ponto, a lá da cidade não tem mais o que comer!<br />
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Aproveitando o ensejo do trigo, deixo duas fotos da plantação de um vizinho. Lá no alto o trigo ainda verde, pra quem (como eu, um dia!), nunca tinha parado para pensar que ele não nasce seco, douradinho como nos desenhos das embalagens de pão e biscoito. Abaixo vai o mesmo campo vinte dias depois, sequinho, pronto para colher.<br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-jeG5meH7LCU/U-oMuB03tgI/AAAAAAAADgg/JysfAVARb0A/s1600/Trigo%2Bseco%2B22jul2014%2Bweb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-jeG5meH7LCU/U-oMuB03tgI/AAAAAAAADgg/JysfAVARb0A/s1600/Trigo%2Bseco%2B22jul2014%2Bweb.jpg" height="298" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Trigo - 22 de julho de 2014</td></tr>
</tbody></table>
<br />Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-84461883424606935712014-05-14T17:47:00.000-03:002014-05-14T18:12:58.211-03:00Duas amigas queridas, a sálvia e seus usos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-C4CSOenk5Rg/U3PVq-ikyUI/AAAAAAAADgQ/vA8rU0iN8k4/s1600/Sa%CC%81lvia+roxa+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-C4CSOenk5Rg/U3PVq-ikyUI/AAAAAAAADgQ/vA8rU0iN8k4/s1600/Sa%CC%81lvia+roxa+web.jpg" height="400" width="266" /></a></div>
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A primeira lembrança que tenho de ter comido sálvia (<i>Salvia officinalis</i>) foi num frango com requeijão que a Helô fez no forno. Éramos amigas começando um apartamentinho charmoso, e esse foi um dos pratos que estreou nosso fogão novo. Eu não cozinhava quase nada e ela sabia muito mais coisas do que eu, tanto na cozinha quanto sobre ervas. Nosso jardinzinho interno, debaixo da janela da sala, começou com sálvia, arruda e uma avenca que os gatos insistiam em comer, pra depois vomitar em cima do sofá.<br />
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Muito tempo passou e muitas sálvias eu tive, mas apenas pelo prazer de cultivá-las - praticamente nunca mais a usei, nem em preparos culinários, muito menos medicinais. Há anos não como carne (como se a sálvia combinasse só com frango, imagine!) e descobri que já sofri muito daquela síndrome burra que nos faz desprezar as soluções tradicionais caseiras porque o moderno/comprado/industrializado é mais fácil, portanto parece melhor. A gente compra bolo pronto empacotado, pó colorido pra fazer suco e sopa, arroz ensacado em porções pra cozinhar com plástico e tudo… Ah, os tempos modernos...<br />
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Pois ontem a Carol, outra querida com quem também já tive o prazer de dividir a casa, falou no programa da rádio que sálvia é tiro e queda pra resfriados, tosse, asma, bronquite e outros "ites". E eu, resfriada há duas semanas como ela e meio estado de São Paulo, chupando pastilha de farmácia com gosto de tinta enquanto vejo crescerem intactas as sálvias do jardim.<br />
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Também me senti burra por ter em casa uma estante cheinha de livros sobre ervas e nunca ter pesquisado sobre essa espécie, considerada erva sagrada desde que o mundo é mundo. Sim, a sálvia tem mil propriedades curativas além de dar mais sabor à comida. No nome científico, o <i>Salvia</i> vem do latim <i>salvere</i>, que significa salvo, são, sadio, e o <i>officinalis </i>indica que a planta é reconhecida por suas propriedades medicinais. Olha só:<br />
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<b> Uso interno:</b><br />
<ul>
<li>Para indigestão (dispepsia) e formação de gases: uma xícara de chá após as refeições</li>
<li>Para cólicas menstruais e seios doloridos durante a TPM: uma xícara de chá a cada três horas</li>
<li>Para sudorese e salivação excessivas: uma xícara de chá pela manhã e outra à noite</li>
<li>Para diminuir a produção de leite materno no processo de desmame de bebês: uma xícara de chá duas ou três vezes ao dia</li>
</ul>
<br />
<b> Uso externo:</b><br />
<ul>
<li>Para garganta inflamada: gargarejos com chá de sálvia morno. Para aumentar ainda mais a ação, acrescente uma colher de chá de vinagre por xícara. Tenho feito e estou gostando do resultado.</li>
<li>Para gengivite, afta e mau hálito de origem bucal: bochecos com chá de sálvia, que tem excelente ação antiséptica</li>
<li>Para limpar os dentes numa versão natureba da escova de dentes (só vale quando não há outra opção!): esfregue folhas de sálvia em todos os dentes, caprichando nas junções com as gengivas. A textura das folhas se encarrega da limpeza, e a ação antiséptica ajuda na eliminação das bactérias</li>
<li>Para aliviar a coceira nas picadas de insetos e a dor de feridas na pele: compressas com pano umedecido em chá de sálvia sobre o local atingido</li>
<li>Para escurecer os cabelos castanhos: enxague com chá de sálvia após a lavagem com xampu</li>
</ul>
<div>
<br />
IMPORTANTE: Apesar de tantas propriedades de cura, o uso da sálvia é contraindicado em gestantes, lactantes (se não há a intenção de diminuir a produção de leite) e epiléticos. Também pode haver efeito tóxico em uso prolongado, afinal, qualquer coisa em excesso pode fazer mal, por isso faça intervalos de algumas semanas a cada mês de uso da sálvia.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Os chás devem ser preparados sempre por infusão: aqueça uma xícara de água até a formação de bolhinhas no recipiente. Apague o fogo e acrescente uma colher de sopa de sálvia desidratada ou duas da erva fresca. Tampe para abafar e espere 10 minutos antes do uso interno ou externo.</div>
<div>
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Cultivar a sálvia não é nenhum mistério, basta oferecer a ela as condições de vida da costa do mar Mediterrâneo, sua terra natal. Algumas horas de sol pleno e terra levemente arenosa fazem a sálvia feliz. Pode até ser em vasos pequenos, de 20 cm de altura. Assim como o alecrim e o tomilho, nativos da mesma região, sálvias não gostam de sombra nem de encharcamento do solo, por isso são bastante indicadas para jardins ao ar livre com manutenção pouco frequente, como praças e outros espaços públicos, ou para a casa de quem não tem muito tempo para mimá-las.</div>
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Nos mercados e lojas de jardinagem é possível encontrar lindas variedades dessa erva, além da básica e verdinha <i>Salvia officinalis, </i>a sálvia comum. Algumas tem caule arroxeado, como a <i>Salvia officinalis "Purpurascens</i>" das fotos, outras têm as folhas manchadas de amarelo, como a Sálvia dourada (<i>Salvia officinalis "Icterina"</i>). Tem ainda a variedade <i>Tricolor</i>, que junta numa planta só as colorações das duas anteriores. Essa é linda!</div>
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Sem mistérios: é planta fácil de cuidar, útil e super decorativa. Uma ótima opção pra ir além da salsa, da cebolinha e do manjericão de sempre.</div>
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<a href="http://4.bp.blogspot.com/-A8cRCxBYbB8/U3PVrl3iyII/AAAAAAAADgM/YMT99bKs9F4/s1600/Salvia+detalhe+folha+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-A8cRCxBYbB8/U3PVrl3iyII/AAAAAAAADgM/YMT99bKs9F4/s1600/Salvia+detalhe+folha+web.jpg" height="400" width="266" /></a></div>
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Para ouvir a Carol na Band News FM, <a href="http://www.minhasplantas.com.br/radio/bandnews/cha-de-salvia-ameniza-asma-bronquite-e-tosse-seca/" target="_blank">clique aqui</a> ou vá até o portal <a href="http://www.minhasplantas.com.br/" target="_blank">Minhas Plantas</a> e procure pelo podcast na sessão Rádio.<br />
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Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-39311341015501318712014-03-14T17:19:00.000-03:002014-03-14T17:29:00.238-03:00A filha da mãe<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-v-9RhQUm8wc/UyNYBAtuj9I/AAAAAAAADfw/SfVPS5H5-bU/s1600/Espera+na+fila+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-v-9RhQUm8wc/UyNYBAtuj9I/AAAAAAAADfw/SfVPS5H5-bU/s1600/Espera+na+fila+web.jpg" height="298" width="400" /></a></div>
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Em noventa por cento do tempo que passo aqui mostrando meus deveres de casa falo de coisas verdes, mas acredito que não só dessa cor são nossas tarefas e obrigações, por isso também tenho vontade de, às vezes, contar outras experiências.<br />
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Cresci ouvindo minha mãe dizer que a gente tem a obrigação de reclamar dos serviços que não nos atendem bem. Durante a adolescência me lembro de alguns momentos em que desejei que o chão se abrisse e eu sumisse dentro do buraco: era só minha mãe ameaçar chamar o gerente e eu tinha certeza de que pagaria mico - aliás, mico é expressão e sensação característica daquela longa fase dos 12 aos 20 anos, quando a gente acha que o certo e o bonito é ser e fazer tudo igual a todo o mundo, mesmo que estejam todos errados. 'Inda bem que um dia isso passa. Virei gente grande e, bem educadinha que fui, fiquei igual à mãe.<br />
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Na sexta-feria antes do Carnaval tive que ir ao banco e entrar na fila do caixa. Eram duas e meia da tarde da véspera do maior feriado deste país. Éramos 20 pessoas na fila e só duas moças operavam os caixas. Quando não tem solução a gente se conforma e espera, mas aquilo vai irritando, irritando, irritando…<br />
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Com a fila andando e eu chegando mais perto do balcão de atendimento comecei a perceber que, além de fazer os saques e pagamentos de contas dos clientes, as atendentes ofereciam e explicavam, a cada um que chegava na boca do caixa, como é o plano de previdência, o seguro de vida, o de carro, o de residência… Não bastasse a quantidade de gente na fila para apenas dois caixas abertos, e o banco se acha no direito de fazer a coisa demorar ainda mais oferecendo produtos e explicando procedimentos que ninguém pediu pra saber.<br />
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Se minha mãe estivesse na fila ela já estaria conversando com os da frente e os de trás e convencendo todo mundo a ir na gerente reclamar. Posso até ouvi-la dizendo "a gente tem que reclamar, porque senão eles pensam que tá todo mundo achando bom o serviço e continuam fazendo esse tipo de absurdo com o cliente. Quando só um reclama tem menos efeito do que quando todos reclamam".<br />
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Só que era eu ali, então não houve a mobilização dos enfileirados - isso é coisa de cliente profissional e eu ainda preciso me aperfeiçoar. Mas depois de ser atendida fui à gerente reclamar. Disse que não era uma reclamação contra as atendentes, particularmente, mas contra a política do banco que cobra intensivamente dos funcionários o cumprimento de metas de venda de produtos. Sei disso porque conheço gente que saiu do banco por não aguentar a pressão.<br />
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Para minha surpresa a gerente fez cara de "concordo plenamente com você" e logo foi pedindo a abertura de mais um caixa. Pena que eu tive que reclamar para isso acontecer. Depois disso fui embora e até hoje ainda não tive que voltar à fila, mas naquele dia saí do banco com a sensação boa de ter reclamado de um abuso, de ter exigido ser respeitada. Só assim as coisas por aqui um dia serão melhores. Porque todos nós sabemos como fica um país quando ninguém reclama e, sem se envolver, engole tudo do jeito que está.<br />
<br />Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-6936900101180735612.post-42339877142338410422014-03-06T11:42:00.002-03:002014-03-14T16:13:49.901-03:00DescansarA gente devia ser obrigada a viajar de vez em quando, a cada três, quatro ou no máximo cinco meses, só para descansar. Como numa meditação, ir para um lugar onde nada acontecesse, rodeado de muito silêncio e energia boa.<br />
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É certo que a paz começa dentro da gente, mas quando ela também está do lado de fora é bem mais fácil relaxar. E mesmo que o retiro aconteça num lugar muito parecido com onde a gente vive, o fato de olhar de fora os problemas renova a serenidade que nos faz perceber que tudo tem solução. A falta d'água, a saúde da gata e o mato nascendo a cada centímetro de terra parecem dificuldades menores quando não estão sob nossa responsabilidade, mas na verdade têm o mesmo tamanho, só não estão pesando no nosso colo.<br />
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Já virou tradicional o Carnapira, e no ano que vem (e no outro, e no outro, e no outro…) a gente quer voltar a curtir o sítio da Neide e do Marcos no feriadão. Sob os cuidados desses carinhosos anfitriões e na casinha super cheia de charme, teve:<br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-B4v9rMMFXmY/Uxh2Iv9LzZI/AAAAAAAADdQ/Dwp8s8EKuc8/s1600/Cafe%CC%81+da+manha%CC%83+no+jardim+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-B4v9rMMFXmY/Uxh2Iv9LzZI/AAAAAAAADdQ/Dwp8s8EKuc8/s1600/Cafe%CC%81+da+manha%CC%83+no+jardim+web.jpg" height="298" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Café da manhã no jardim com vista para as montanhas</td></tr>
</tbody></table>
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-46hA3ms186M/Uxh2MzHbELI/AAAAAAAADdo/bLMO2PZU3LE/s1600/Cambuci+no+liquidificador+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-46hA3ms186M/Uxh2MzHbELI/AAAAAAAADdo/bLMO2PZU3LE/s1600/Cambuci+no+liquidificador+web.jpg" height="298" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Suco de cambuci que tínhamos congelado em casa, mas que só tivemos <br />
coragem de fazer junto com quem também valoriza</td></tr>
</tbody></table>
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-7HfrpMcpk3w/Uxh2IyHZd-I/AAAAAAAADdU/yfViHt-5Nnc/s1600/Banho+na+represa+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-7HfrpMcpk3w/Uxh2IyHZd-I/AAAAAAAADdU/yfViHt-5Nnc/s1600/Banho+na+represa+web.jpg" height="298" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Banho na represa...</td></tr>
</tbody></table>
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-cv21HHGqLxU/Uxh2iEmg3QI/AAAAAAAADfg/H8AZG26D8Wc/s1600/Vista+da+represa+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-cv21HHGqLxU/Uxh2iEmg3QI/AAAAAAAADfg/H8AZG26D8Wc/s1600/Vista+da+represa+web.jpg" height="298" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">… que estava com menos água que o normal (veja o contorno de terra <br />
que no verão não deveria existir) mas pra nadar deu</td></tr>
</tbody></table>
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Existe uma grande diferença entre gente que vive e gente que vive bonito. Entre quem cozinha e quem cozinha com prazer. Entre quem planta e quem planta com amor. Passar dias gostosos em companhia de amigos que dão valor às coisas e querem melhorar a vida e o ambiente em que vivem ensina sempre mais um pouquinho a quem, como eu, gosta de caprichos e toques especiais.<br />
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Neide e Marcos compraram, há três anos, uma terra que havia sido pasto. Isso significa que toda a área era coberta de capim braquiária e poucas árvores haviam. De lá pra cá muito têm batalhado - com o próprio muque e a ajuda de um casal de caseiros especiais - para inverter essa paisagem e acabar com o capim sombreando a área toda com árvores. Quem olha para o Dr. Marcos no consultório, de jaleco em dias úteis, não imagina o trabalho físico do médico nos dias de descansar; e o mesmo deve acontecer com quem conhece a Neide só da coluna quinzenal no Estadão: a nutricionista poeta e sabida, que conta suas descobertas com paixão, pega pesado na roça sem parar nem pra beber água. Ela tem uma constituição camelística, diz o marido. Sinceramente, fico com inveja de não ter a energia dela. Quando eu crescer, quero ser <i>igual quiném</i>.<br />
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Para colaborar com o reflorestamento e a diversidade levamos o carro lotadinho de mudas - algumas que eles insistem em pagar e outras de presente, que a gente fica feliz em oferecer. No ano passado já tínhamos levado mais de trinta espécies, principalmente frutíferas, então dessa vez escolhemos algumas árvores ornamentais, que a Neide disse que anda com vontade de flores. Foi lofântera, jeniparana, abricó de macaco, além de bastante assa-peixe pra atrair abelhas (que depois descobri que lá nasce espontâneo), cabeludinha pra chupar no pé, olho de dragão, cajá mirim…<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-gTmQ5Rx3HwE/Uxh2Z2hK6iI/AAAAAAAADe0/70nRepS2L2s/s1600/Mudas+para+plantar+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-gTmQ5Rx3HwE/Uxh2Z2hK6iI/AAAAAAAADe0/70nRepS2L2s/s1600/Mudas+para+plantar+web.jpg" height="298" width="400" /></a></div>
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Ah, foi também uma jabuticabeira bonita, ainda de quando eu morava em São Paulo, que estava num vaso e há anos pedia para se mudar para o chão. Fiquei feliz por ela, porque casa nova melhor não há! Foto não tenho porque enquanto Neide plantava a muda com os maridos (ela tem um só, o outro era o meu) eu curtia a vida de visita folgada, copiando receitas deitada na rede.<br />
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No resto do tempo comemos muita comida boa e curtimos bonitezas e invenções. Coisas como o escorredor de louça, por exemplo, adaptação perfeita de um aramado de armário que de um lado é apoiado no parapeito da janela da pia e do outro é suspenso por uma correntinha quem vem do teto. Assim não ocupa espaço na cozinha nem molha a pia. Genial.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-opJmjUeGXXY/Uxh2SC0SeaI/AAAAAAAADeQ/7XkWLzt535U/s1600/Escorredor+na+janela+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-opJmjUeGXXY/Uxh2SC0SeaI/AAAAAAAADeQ/7XkWLzt535U/s1600/Escorredor+na+janela+web.jpg" height="400" width="298" /></a></div>
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Dendezoca, assim como eu, mais descansou que trabalhou. E Tapioca está viva, graças a São Francisco que fez plantão especial durante a semana, quando Neide e Marcos tiveram que deixá-la sozinha.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-TKvpnu7W0NA/Uxh2SPp6dhI/AAAAAAAADeU/gMdwgLt11DY/s1600/Dende%25CC%2582+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-TKvpnu7W0NA/Uxh2SPp6dhI/AAAAAAAADeU/gMdwgLt11DY/s1600/Dende%25CC%2582+web.jpg" height="298" width="400" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-wvkmXoMLB54/Uxh2fijbXmI/AAAAAAAADfU/xPyhkY4QW6w/s1600/Tapioca+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-wvkmXoMLB54/Uxh2fijbXmI/AAAAAAAADfU/xPyhkY4QW6w/s1600/Tapioca+web.jpg" height="298" width="400" /></a></div>
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Nós voltamos leves, agradecidos pelos dias tão gostosos, com ares de felicidade e uma sensação boa de ter ajudado um pouquinho os amigos a fazerem seu lugar melhor. Do lado de fora, porque por dentro já é só charme…<br />
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<a href="http://4.bp.blogspot.com/-BNyXXKrizKI/Uxh2b7Xn5XI/AAAAAAAADe8/Q3En7b6_x3E/s1600/Sala+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-BNyXXKrizKI/Uxh2b7Xn5XI/AAAAAAAADe8/Q3En7b6_x3E/s1600/Sala+web.jpg" height="320" width="239" /></a><a href="http://4.bp.blogspot.com/-czMdPFaVIMI/Uxh2R6Jpf-I/AAAAAAAADeM/HExGTTv6v1Y/s1600/Enfeites+da+sala+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-czMdPFaVIMI/Uxh2R6Jpf-I/AAAAAAAADeM/HExGTTv6v1Y/s1600/Enfeites+da+sala+web.jpg" height="320" width="239" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-DzOjlVhIays/Uxh2eP6BBwI/AAAAAAAADfE/009aNEsgyWc/s1600/Talheres+e+garrafas+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-DzOjlVhIays/Uxh2eP6BBwI/AAAAAAAADfE/009aNEsgyWc/s1600/Talheres+e+garrafas+web.jpg" height="298" width="400" /></a></div>
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<div style="text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-BNhOAXR06iE/Uxh2OLTjEDI/AAAAAAAADd8/iHfcs6Np-qs/s1600/Colheres+e+facas+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-BNhOAXR06iE/Uxh2OLTjEDI/AAAAAAAADd8/iHfcs6Np-qs/s1600/Colheres+e+facas+web.jpg" height="400" width="298" /></a></div>
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<div style="text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-tXdyo_kP7Bs/Uxh2V2_EvzI/AAAAAAAADec/pKVO5Ug1Gkg/s1600/Pendurador+de+apetrechos+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-tXdyo_kP7Bs/Uxh2V2_EvzI/AAAAAAAADec/pKVO5Ug1Gkg/s1600/Pendurador+de+apetrechos+web.jpg" height="400" width="298" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-sft9wGfP9XU/Uxh2ZWcuFwI/AAAAAAAADes/heNJ3Glyr5c/s1600/Pendurador+de+panelas+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-sft9wGfP9XU/Uxh2ZWcuFwI/AAAAAAAADes/heNJ3Glyr5c/s1600/Pendurador+de+panelas+web.jpg" height="298" width="400" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-xP8mDOp5u3I/Uxh2hj0mFMI/AAAAAAAADfc/TWNgmysjCHk/s1600/Velas+e+ventilador+web.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-xP8mDOp5u3I/Uxh2hj0mFMI/AAAAAAAADfc/TWNgmysjCHk/s1600/Velas+e+ventilador+web.jpg" height="298" width="400" /></a></div>
<br />
<br />Juliana Valentinihttp://www.blogger.com/profile/14842417636901113798noreply@blogger.com11