domingo, 18 de abril de 2010

Para pedalar e pensar

Domingo de sol e a família convidou para um passeio na ciclovia ao longo de parte do rio Pinheiros. Depois de poucos metros de pedalada a sensação já era de que esse deve ser um caminho sem volta. Ao transformar em ciclovia uma pista de asfalto que já existia para a manutenção do rio e da linha de trem que o acompanha, o governo do estado de São Paulo deu para o paulistano, além de mais um espaço de lazer, a oportunidade de um contato mais íntimo com o rio, que antes só era visto de longe pela janela do carro. Intimidade mesmo só se tinha com o cheiro, que inevitavelmente invade o nariz de quem passa pela marginal.
Durante todo o passeio ouvi comentários dos ciclistas a respeito do aspecto denso da água, do cheiro de esgoto, da quantidade de lixo boiando e da péssima vida que devem ter as poucas aves que podem ser vistas por ali. Até as crianças observam e fazem comentários. Para "o bem", chamam a atenção a limpeza do lugar, a quantidade de gente que já frequenta a ciclovia e as placas que avisam sobre as capivaras. Censo recente dá conta de mais de 250 indivíduos, entre filhotes e adultos, que vivem às margens do rio.
Pedalando de volta para casa vim torcendo para que a longa faixa vermelha que acompanha o Pinheiros seja um espaço para o paulistano meditar e acordar para a responsabilidade de fazer alguma coisa. Ainda dá tempo. E cabe a cada um pensar em qual pode ser a sua parte. Vale ligar para o governador para elogiar, fazer sugestões de como melhorar o local, pensar duas vezes antes de jogar um papelzinho no canteiro, pedir a expansão da ciclovia ao longo de todo o rio e mais passarelas de acesso a ela, cobrar da empresa onde trabalha atitudes de respeito e pró-atividade com a cidade e o meio ambiente, participar como voluntário de projetos educacionais que ensinem à população carente (e à não tão carente também) a importância do respeito à natureza, entre inúmeras outras iniciativas que, por menores que sejam, sempre dão algum resultado.
Vá passear na ciclovia e volte você também com a sensação de que uma cidade mais decente só depende de cada um fazer a sua parte.

2 comentários:

  1. Mais um texto que eu adorei, como sempre acontece. Só uma correção: essa ciclovia foi obra do governo do estado, sob responsabilidade especialmente da CPTM (Cia de Trens Metropolitanos), e não da prefeitura. E agora a gente tem de cobrar deles todos (governo, prefeitura) a próxima etapa: os novos acessos à ciclovia, para que ela possa ser cada vez mais útil! :o)

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  2. Valeu, Soninha, já fiz a correção.
    Obrigada pela visita e volte sempre!
    Juliana.

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