quinta-feira, 25 de março de 2010

A utilidade das pessoas inúteis

A região da Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, originalmente era ocupada por Mata Atlântica, que foi praticamente toda destruída em razão da retirada de madeira para a construção do Rio de Janeiro, produção de carvão e lenha para os engenhos de cana-de-açúcar, exportação das espécies nobres e fins domésticos variados, além da expansão da lavoura de café em quase toda a área.
Em meados de 1650 começou-se a falar na defesa das florestas para manutenção dos mananciais e em 1844, após uma grande seca, o ministro Almeida Torres propôs a desapropriação das casas ali existentes e o plantio de árvores para salvar as nascentes do Rio de Janeiro. “Em 1862 o imperador dom Pedro II nomeou o major Manoel Gomes Archer para tomar conta da área, inicialmente com a mão de obra de apenas seis escravos da união escolhidos entre os considerados inúteis para qualquer outro tipo de trabalho: um menino de doze anos, uma mulher e quatro homens de mais de cinqüenta anos. Em dez anos, plantaram 76.394 árvores. A partir daí a natureza restaurou-se e hoje existe o Parque da Floresta da Tijuca, maior floresta urbana do mundo, com uma flora rica e diversificada de espécies nativas e exóticas”.*

*trecho retirado do livro Meio Ambiente: e eu com isso? da autora Nurit Bensusan

terça-feira, 23 de março de 2010

Lindas, leves e soltas

Encontrei sementes de Pau-marfim (Balfourodendron riedelianum) passeando no Parque Ibirapuera. Ao contrário do Andá-assu, nenhuma marretada foi necessária; essas lindas borboletas de quatro asas caem prontas da árvore. Basta cavar um buraquinho na terra, colocar a semente lá dentro do jeito que está, regar um pouquinho todos os dias e torcer para germinar dentro de um mês, em média. Não são todas que nascem, mas com um pouco de sorte...

segunda-feira, 22 de março de 2010

Duro feito pedra

Por que será que a natureza achou necessário trancafiar as sementes de Andá-assu (Joannesia princeps é o nome científico dessa árvore) dentro de um fruto duro feito pedra?
Foram em média 14 marretadas (sim, porque martelo é muito leve!) para quebrar cada um dos 21 frutos que coletei e tirar 2 sementes de dentro de cada um deles. Tá certo que se você for mais forte do que eu -o que não é difícil- vai conseguir quebrar o fruto com menos marretadas, mas aposto que não menos do que 4 ou 5 em cada um!
Na foto, em cima à esquerda os frutos ainda inteiros mas já sem a casca externa fribrosa que os envolve, embaixo as cascas duras quebradas com a marreta e no alto à direita as sementes, que já estão na terra e devem começar a brotar dentro de 20 dias.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Cerrado x desperdício

No jornal Folha de São Paulo de hoje, 17 de março de 2010, pode-se ler a matéria Minc quer antecipar meta contra desmate do cerrado. Segundo o jornal, Objetivo foi formulado com ajuda do próprio Minc, que deixa a pasta daqui a duas semanas; ele defende agora cumpri-lo entre 2009 e 2012. Mais um trecho do texto: A duas semanas de deixar o governo e disputar uma vaga de deputado estadual no Rio,o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) atacou ontem a proposta brasileira para a redução do desmatamento no cerrado, apresentada na conferência do clima da ONU, em dezembro, em Copenhague. Segundo ele, é um “absurdo” reduzir em 40% o desmate no bioma somente em 2020. Porém, essa meta foi definida pela Casa Civil e pelo Itamaraty e contou com ajuda do próprio Minc.

Fico em dúvida se desanimo com a incoerência ou comemoro a mudança de discurso antes tarde do que nunca. De qualquer maneira, seria importantíssimo correr atrás do tempo perdido e preservar a maior parte possível do que ainda resta do cerrado, bioma do qual ninguém fala quando se trata de desmatamento (não existem só a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica) mas que tem fundamental importância no equilíbrio de todo o ecossistema.

Por exemplo:
- o Cerrado possui mais de 100.000 espécies vegetais e animais
- 5% de todas as espécies de mamíferos do mundo são encontradas no Cerrado
- as três mais importantes bacias hidrográficas do país (São Francisco, Tocantins-Amazonas e Paraná-Prata, as maiores responsáveis pelo abastecimento de água e pela geração de energia do Brasil) nascem no Cerrado.

Tudo isso está ameaçado, entre outras coisas, pela retirada de 1.000 caminhões por dia de carvão vegetal para a produção de aço nas siderúrgicas da região, pela criação de um terço do rebanho bovino e 20% do rebanho suíno do país, pelos cultivos extensivos de soja (13% da produção mundial), milho e arroz (20% e 15% da produção nacional, respectivamente).
Agora pare por um instante para fazer uma co-relação: o Brasil joga no lixo 39.000 toneladas de alimentos por dia. Se tudo continuar do jeito que vai, grande parte do cerrado e de toda sua biodiversidade terá sido sacrificada e irá parar nos lixões e aterros sanitários por caminhos tortuosos e às custas de muito trabalho e consumo de energia humana, elétrica, de combustíveis fósseis, etc. Tem graça?

segunda-feira, 15 de março de 2010

Microoásis

A arquiteta Loyde Abreu descobriu, em sua pesquisa de mestrado na Unicamp, que o bem estar que se sente próximo a uma árvore não é causado só por sua sombra, mas principalmente pelo aumento da umidade relativa do ar.
Tome-se como exemplo o Jambolão, árvore que pode alcançar de 15 a 20 metros de altura e chega a perder 101 litros de água por dia por suas folhas (uma lavadora de roupas com capacidade para cinco quilos gasta 135 litros). A 10 metros dessa árvore a umidade média é de 68%, segundo Loyde. A 50 metros de distância esse índice cai para 57%, número ainda bastante alto em relação ao recomendado pela OMS para o bem estar do ser humano, que é de no mínimo 30%. São as gotículas presentes no entorno da planta que proporcionam a sensação de conforto, mesmo que a pessoa esteja sob o sol. É a mesma lógica de um borrifo de água: a temperatura não muda, mas a sensação é de frescor.
Além de aumentar a umidade no entorno, a vegetação também ajuda na absorção de parte da radiação que vem do sol: ainda no caso do Jambolão a absorção promovida pela copa da árvore pode chegar a 89%.
Estudos em diversas partes do país comprovam o que não é difícil deduzir nem imaginar: uma árvore em frente a uma residência, aliando aumento da umidade do ar à absorção da radiação solar, reduz significativamente a sensação térmica em seu interior e leva a uma queda de até 65% no consumo de energia elétrica gasta com ar-condicionado e ventiladores.
E se apenas uma árvore é capaz de proporcionar conforto térmico, o que dizer de um parque inteiro? Os mapas do Atlas Ambiental de São Paulo mostram que as regiões mais frias da cidade são, não coincidentemente, as mais arborizadas, e as diferenças de temperatura podem chegar a até 6 graus em comparação, por exemplo, com a região central.
Nem que seja só por interesse próprio, pensando no seu bem estar e na conta de energia no final do mês, vale ou não vale a pena plantar uma, ou melhor ainda, muitas árvores na sua calçada?

quarta-feira, 10 de março de 2010

Paciência

Um bom tanto de paciência é necessário pra ouvir alguns minutos de musiquinha no telefone de atendimento da prefeitura de São Paulo e depois mais um pouco pra explicar pra atendente que o que eu quero não é tirar as árvores da calçada, e sim liberá-las dos protetores de ferro que um dia já fizeram seu serviço e hoje estão atrapalhando. Há quanto tempo será que essas árvores esperam que alguém tire essas grades daí? Um ano? Dois? Pois vão ter que esperar mais 40 dias, prazo máximo dado pela prefeitura para a execução do serviço. O número do protocolo está anotado. Começa amanhã a contagem regressiva.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Melhor vidro do que plástico

Na hora de optar por um mesmo tipo de produto em embalagem de vidro ou de plástico, escolha o vidro. A fabricação de uma garrafa de plástico gera 100 vezes mais emissões tóxicas do que a fabricação do mesmo tipo de garrafa em vidro. Além disso o vidro não libera substâncias nocivas nos líquidos como pode acontecer no caso de alguns plásticos com o passar do tempo, não é produzido a partir de matéria-prima fóssil (petróleo) e pode ser 100% reciclado infinitas vezes.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Se chover molha

Seja mais esperto do que eu e não use um pedaço de compensado para fazer uma das laterais da sua caixa-horta. Eu sabia que, ao molhar, o compensado começa a separar suas camadas, mas achei que uma boa pintura com tinta esmalte protegeria a madeira. Nada feito. Os três lados da caixa que foram feitos de madeira maciça estão perfeitos, mas a lateral de compensado já era. Durou menos de um ano.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Primeiro passo

Quem mora em São Paulo já pode usufruir de um primeiro passo, ainda modesto mas já muito importante, dado pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado em parceria com o Instituto Sérgio Motta. No site e-lixo é fácil encontrar, inserindo o CEP de onde você está, os locais de coleta e/ou reciclagem de lixo eletrônico mais perto de você. Só quem já se dedicou a procurar na cidade um local para descarte correto de lâmpadas, reatores, computadores e carregadores, entre outros, sabe o quanto essa tarefa é difícil.
O número de postos oferecidos até agora ainda é pequeno, mas o site também informa um e-mail para cadastramento de novos locais pela cidade, possibilitando o crescimento da rede de coleta e reciclagem.
Restar torcer (e pressionar) para que outros estados e municípios copiem logo esta idéia.