Hoje recebi e-mail de uma amiga pedindo ajuda para um problema: o prédio onde mora está procurando empresa coletora de lixo reciclável que recolha o material que os condôminos separam, mas está tendo dificuldade de encontrar instituição que se interesse em fazer a coleta.
O principal problema dessas empresas é para onde encaminhar o material recolhido.
Muito se divulga na mídia que ainda hoje é pequena a porcentagem de lixo reciclável separado pela população - cerca de 6% do volume total, apenas - mas este não é o único entrave para que o ciclo da reciclagem tome proporções maiores. As empresas que compram e usam material reciclável como matéria prima para fabricação de novos produtos ainda não compram volume que escoe tudo o que se destina a reciclagem. Resultado: de tempos em tempos as coletoras de material, que são quem faz a ponte entre os que separam e os que reciclam, ficam com seus depósitos lotados e param com a coleta.
Em maio deste ano publiquei post sobre a interrupção temporária de coleta de recicláveis na minha rua. Leia
aqui. Maio foi um mês complicado, as usinas de reciclagem estavam lotadas e a prefeitura interrompeu a coleta em algumas regiões. No meu bairro o serviço foi normalizado no mês seguinte, mas é permanente o problema de maior oferta do que procura.
Então qual a solução, diminuir a disponibilidade de material reciclável?
Bem, por um lado isso é sempre um desafio a vencer: compramos muita coisa que acaba indo para o lixo. O consumo consciente passa também pela escolha de produtos integralmente aproveitáveis, que não carreguem embalagens em excesso, que não sejam comprados por impulso e depois desperdiçados e descartados, etc.
Mas quanto ao que é
realmente inevitável comprar e descartar, a saída é continuar separando criteriosamente e encaminhar 100% para reciclagem. Estimule quem mora com você a levar essa questão a sério, tenha recipientes para diferentes tipos de lixo em casa e monitore o que é jogado neles, o que foi parar por engano no lixo comum, ensine as crianças, converse com os vizinhos, parentes, a pessoa que trabalha na sua casa, mensalista ou diarista, estimule que ela faça separação de reciclados na casa dela também, e assim por diante.
Não tenha preguiça! Para quem ainda não separa o lixo a tarefa pode parecer trabalhosa, mas quando o hábito é incorporado ao seu dia-a-dia passa a fazer parte do que você faz sem pensar, entra no modo automático, e aí você pode com orgulho dizer "eu estou fazendo a minha parte na questão do lixo". E assim, fazendo a sua parte e disponibilizando todo o seu lixo reciclável, você estará pressionando o lado de lá como quem diz "ei, vocês aí, estão esperando o quê?".
Fazer a sua parte é sim uma maneria de pressionar.
E então as coletoras e estabelecimentos que tem pontos de entrega voluntária de recicláveis abarrotados de material pressionarão as usinas, que pressionarão os municípios, que pressionarão os estados, que pressionarão...