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sexta-feira, 29 de agosto de 2014
Um poço caipira, o Sebastião Salgado e a Martha Medeiros
Demorou um pouco mais do que em outros lugares do interior de São Paulo, mas a água aqui no sítio também já começou a rarear. Toda a nossa água vem de um poço caipira de 6 metros de profundidade que nos abastece regiamente durante todo o ano. É água límpida, gostosa, que sempre dá e sobra. Mas agora falta.
Nesta segunda-feira, pela primeira vez neste inverno, o nível da água desceu mais de um metro, e conforme nosso consumo aumenta (nos dias de irrigar as mudas do viveiro de árvores, por exemplo) ele desce ainda mais um pouco, chegando quase à pontinha do cano da bomba. Se a gente bobear, ela puxa ar.
A solução foi colocar uma boia que liga a bomba quando os lençóis freáticos abastecem o poço e desliga a sucção de água quando o poço esvazia. Isso quer dizer que às vezes nossa caixa d'água enche, outras não. Isso quer dizer que às vezes tem água pra tomar banho, às vezes não. E o mesmo pra regar as plantas, lavar a louça, a roupa, escovar os dentes…
No início da semana terminei de ler Da minha terra à Terra, livro em que o famoso fotógrafo Sebastião Salgado conta sua história de vida e sua experiência trabalhando ao redor de todo o mundo, de áreas de grandes mazelas sociais, como muitos países da África, a lugares de paisagem inesquecível, paraísos na Terra. Todo o texto é muito bonito e cheio de reflexões sobre o mundo e a raça humana, mas o que mais me tocou foi a reflexão ao final, na conclusão, onde ele diz algumas coisas importantes:
- … o homem das origens é muito forte e muito rico em algo que fomos perdendo com o tempo, tornando-nos urbanos: nosso instinto.
- Vi o que éramos antes de nos lançarmos à violência das cidades, onde nosso direito ao espaço, ao ar, ao céu e à natureza se perdeu entre quatro paredes. Erguemos barreiras entre a natureza e nós. Com isso, nos tornamos incapazes de ver, de sentir…
- Se em meu livro Trabalhadores fiquei orgulhoso por poder mostrar que somos um animal incrivelmente engenhoso na capacidade de produção, também vi que, em nossa maneira de viver, fizemos de tudo para destruir aquilo que garante a sobrevivência de nossa espécie.
Depois de terminar esse livro andei folheando A graça da coisa, da Martha Medeiros, espetacular coleção de crônicas guardada na minha estante entre outros livros dela, lidos sempre com muito prazer. Na página 40 está Alguém quem?, texto publicado num jornal do Rio de Janeiro ou de Porto Alegre em 20 de novembro de 2011.
Filosofando sobre aquele tão familiar pensamento do "alguém tem que fazer alguma coisa" ela fala de mim e de você que, por arrogância ou egoísmo, nos anunciamos muito capazes, mas quando a teoria necessita ser posta em prática, somos os primeiros a transferir responsabilidades.
Nessa parte do texto, lendo deitada, fechei o livro sobre o peito e fiquei lembrando da imagem da pouca água lá no fundinho do poço. Somos cinco adultos morando no sítio e ainda temos direito ao espaço, ao ar, ao céu e à natureza que, segundo Sebastião Salgado, a maioria das pessoas já perdeu. Além disso (e por causa disso), ainda preservamos um pouco do nosso instinto e interagimos com a natureza tentando nos integrar sempre mais e entendê-la.
Talvez muitos dos moradores das cidades já tenha se dado conta de sua responsabilidade no uso correto da água que chega às torneiras, mas certamente muitos ainda transferem responsabilidades dizendo que alguém tem que fazer alguma coisa. Quando se mora numa comunidade enorme, onde é impossível acompanhar tudo o que acontece na cidade - e eu passei a maior parta da vida em lugares assim - acho que a gente tem a sensação de que existe ali uma infra-estrutura pronta para nos servir seja lá qual for a nossa demanda. É muito comum ouvir gente dizendo "eu pago, eu tenho direito". Isso, aliás, acontece muito em relação a lixo: "eu pago os impostos que pagam os salários dos varredores de rua, então quando jogo lixo no chão eu estou dando emprego a eles". Eu já ouvi isso, juro.
Basta a gente se mudar para um mini lugar, onde está nas nossas mãos o controle de tudo o que entra ou sai, funciona ou quebra, tem ou falta, que a gente percebe a responsabilidade de cada um no funcionamento do todo. Somos cinco aqui pra dividir aquela aguinha no fundo do poço. Se usarmos com inteligência e educação, vai dar pra hoje e pra amanhã. Se bater um egoísmo, acaba hoje mesmo para as pessoas, os animais e as plantas, que são o comércio que nos sustenta. E aí toda a engrenagem emperra.
O raciocínio e o funcionamento são os mesmo numa pequena, numa média ou numa grande comunidade, e certamente todo mundo já sabe disso. O que falta é se perceber responsável, ao invés de esperar que alguém faça alguma coisa, e usar com muito respeito aquilo que garante a sobrevivência da nossa espécie.
terça-feira, 31 de julho de 2012
Os 5 primeiros passos da formiguinha consciente
As duas perguntas que mais tenho respondido em entrevistas para matérias de jornais e revistas são:
- Quais são as atitudes sustentáveis imprescindíveis que as pessoas devem adotar urgentemente?
- Como cada um de nós pode fazer a sua parte?
Antes de mais nada, é fundamental sentir-se parte de um todo (e não dono de tudo) e entender que temos responsabilidades para com nossas ações, porque todas elas têm efeitos e consequências no meio ambiente. É preciso ter consciência da necessidade de mudança de atitude para então comprometer-se com ela, porque sem um sério comprometimento, logo a falta de hábito, algumas dificuldades e um pouco de preguiça põem a perder toda a disposição de mudar.
Depois, faço uma listinha básica de atitudes urgentes que devem ser adotadas por cada formiguinha do planeta:
- CONSUMO CONSCIENTE. O valor em dinheiro não pode ser mais o único critério de desempate na escolha de bens de consumo. É preciso avaliar também, no momento da compra, critérios de produção, escolha de matéria-prima, eficiência e aproveitamento do material da embalagem, reciclabilidade e a real necessidade do produto
- RACIONALIZAÇÃO DAS COMPRAS DE ALIMENTO. Mais da metade do lixo produzido no Brasil é composto por matéria orgânica, e grande parte dela é de restos de alimento. Estima-se que residências e restaurantes joguem fora cerca de 40% de toda a comida que adquirem. É importante fazer compras menores, mais planejadas e aproveitar melhor os produtos
- USO RACIONAL DE ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA. Pensar na melhor maneira de usar a água cada vez que se abre a torneira, apagar luzes e desligar equipamentos que não estão sendo utilizados são os primeiros passos para a economia desses recursos. Substituir lâmpadas incandescentes e aparelhos de alto consumo de energia elétrica também são ações importantes
- SEPARAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS. Empenho na separação do que pode ser reciclado deve virar um hábito. É cada vez maior o número de usinas de reciclagem de papel, vidro, metal e plástico, esses materiais têm grande valor no mercado e a população deve fazer a sua parte encaminhando corretamente embalagens e produtos usados, além de cobrar dos municípios a coleta seletiva de lixo
- MUDANÇA DE HÁBITOS DE TRANSPORTE. Abrir mão do automóvel e usar o transporte público pelo menos alguns dias da semana pode ajudar bastante a redução do uso de combustíveis fósseis e consequentemente as emissões de gás carbônico nas cidades. É comum que a população que se locomove diariamente de carro tenha resistências com relação a essa mudança por questões de praticidade e conforto, mas em alguns casos é bastante frequente que, depois de experimentá-la, descubra-se que o transporte público não é tão ruim e incômodo quanto se pensava
Para quem não está acostumado com nenhuma das atitudes sugeridas acima esse pode parecer um pacotão difícil de carregar, mas uma coisa é certa: uma vez que as mudanças de hábitos se tornem atitudes normais e estejam completamente inseridas no dia a dia, é um caminho sem volta.
Ou você tem algum conhecido ex-consciente e ex-comprometido?
quinta-feira, 12 de julho de 2012
A vez do Salar de Uyuni
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Foto: Paulo Zero |
Os automóveis são responsáveis por 18% das emissões de gás carbônico em todo o planeta, e levando em consideração a paixão que o ser humano tem por veículos e novidades automotivas, é mais fácil acreditar que serão desenvolvidas novas tecnologias para a produção de automóveis "limpos" do que achar, ingenuamente, que a maioria de nós passará a se locomover a pé ou de bicicleta nas próximas décadas.
É certo que os automóveis movidos a álcool poluem menos do que os a gasolina e muito menos do que os a diesel, mas a indústria automobilística tem apostado mesmo é no carro elétrico como saída para reduzir emissões de gases poluentes em todo o planeta, então...
Chegamos ao Salar de Uyuni, a maior planície salgada do mundo. Esse deserto de sal fica na Bolívia, a 3.600 metros de altitude, e é o fundo de um imenso lago salgado que secou a cerca de 40.000 anos. De tão liso e branquinho, o salar é usado pela Nasa para calibrar seus satélites de medição de altitude. A área, de aproximadamente 12.000 km² de extensão, tem profundidade de sal estimada em 120 metros e abriga metade de todo o lítio disponível no planeta.
Lítio é o metal mais leve que existe, e por causa de seu elevado potencial eletroquímico é a principal matéria-prima para a fabricação de baterias leves. O peso de uma bateria de lítio é um décimo do peso da bateria convencional, e isso torna possível a fabricação de notebooks leves, telefones realmente portáteis e carros elétricos, o que quer dizer que quanto mais a produção de equipamentos e veículos elétricos crescer, mais lítio será extraído do Salar de Uyuni e de outras reservas pelo mundo. Certamente essa atividade extrativista levará dinheiro e desenvolvimento à Bolívia e às outras regiões que abrigam o metal, o que é bom, mas encontrar intacta a paisagem acima será cada vez mais improvável. Reduziremos o consumo de combustíveis fósseis e consequentemente a poluição atmosférica, mas avançaremos no Salar de Uyuni.
A conclusão, depois de ler Diário do clima, da jornalista Sônia Bridi, é de que estamos sim causando alterações irremediáveis no clima e na paisagem do planeta, e por mais que façamos esforços para reduzir o impacto da atividade humana, estaremos sempre estragando um lugar, um recurso ou uma paisagem em benefício de outra.
PS: a foto e alguns dados deste post foram retirados do livro Diário do clima.
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Bombeiros de Crocs
O telefone tocou na noite de sábado trazendo a notícia de que uma árvore do sítio (enorme, 40 anos de idade) estava pegando fogo. Foi o tempo de pegar alguns baldes e sair correndo, de Crocs e roupinha gostosa de ficar em casa, porque quando eu disse "vamos chamar os bombeiros", ouvi o que ainda não sabia: Holambra não tem corpo de bombeiros, então conta-se apenas com a própria torneira e a colaboração de quem estiver por perto e disposto a ajudar.
Trabalhamos por uma hora com pouca pressão na mangueira, enchendo baldes e arremessando água para o alto, e enquanto combatíamos o fogo ouvimos de alguns vizinhos pérolas do tipo "eu passei aqui e vi o fogo há meia hora atrás mas não tinha seu telefone para avisar".
Telefone para avisar??? Por que não buzinou no portão?
As muitas folhas secas do chão fizeram um fogaréu que queimou os primeiros metros da casca do tronco e alguns galhos mais baixos. Conseguimos apagar o grosso e os pequenos focos em pontas de galhos e forquilhas altas foram apagados pelo orvalho. Sorte.
E se você está se perguntando como o incêndio começou, eu conto: um funcionário piromaníaco recolheu folhas do chão, fez um montinho "isolado", colocou fogo, disse que esperou acabar de queimar e foi embora pra casa. Resultado:
Muita gente por aí tem mania de usar fogo para queimar lixo ou mesmo fazer "limpeza" em áreas tomadas por mato, por exemplo, mas está passando da hora de substituir essa cultura da queimada por atitudes mais sensatas. Em um mundo ideal, o material reciclável deve ir para a reciclagem, o orgânico para a compostagem e o que sobrar, para fornos de queima controlada, onde a fumaça que sai é filtrada para não poluir o ar e o calor é transformado em energia para abastecer lâmpadas, aquecedores e coisas do gênero.
Um ótimo exemplo de "quero ser assim quando eu crescer" é Boras, cidade na Suécia que joga fora apenas 1% do lixo que produz. Os resíduos gerados por seus 105.000 habitantes têm três destinos: 42% são incinerados e convertidos em energia elétrica, 30% são tratados biologicamente e transformados em combustível e 27% são levados para a reciclagem pela própria população, que se encarrega de separar e levar o material até os postos de coleta espalhados por toda a cidade. Apenas 1% do lixo que sobra é enterrado, porque o imposto para usar o aterro é muito alto.
Esse modelo de destinação do lixo foi iniciado em 1988 (pasme!), com 300 famílias, e é exportado pela universidade local, que presta assessoria de reaproveitamento de lixo para cidades no mundo inteiro, inclusive para as brasileiras Macaé, no Rio de Janeiro, e Sobral, no Ceará.
A experiência deu tão certo que atualmente o município importa detritos da Noruega para gerar mais energia limpa e no futuro tem planos de investir na eliminação total dos combustíveis fósseis (informações da Revista Veja - Especial Sustentabilidade, dez/2011).
Não é demais?
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Rock consciente
No próximo final de semana, de 9 a 11 de outubro, acontece em Itu, São Paulo, o festival de música e artes SWU, cuja sigla significa Starts With You (começa com você, em português).
Além de sessenta atrações musicais nacionais e internacionais, mostra de artes e fórum de sustentabilidade, o festival convidará o público a participar de ações ambientais básicas com o intuito de enfatizar a questão "faça a sua parte".
No local do evento, uma estação de reciclagem funcionará durante todo o final de semana para despertar um engajamento maior, e além das ações "demonstrativas", a infraestrutura do evento também foi pensada com base em novas tecnologias sustentáveis.
Veja alguns exemplos:
- grande parte da energia elétrica de todo o festival será fornecida por geradores movidos a biodiesel
- uma ilha de captação de energia solar manterá acesas as luzes das tendas e abastecerá uma central para recarregamento de telefones celulares
- a organização do festival distribuirá 10 mil tubinhos com tampa para depósito de cinzas de cigarro, bitucas e chiclete
- quem levar um copo ou caneca plástica ganha desconto na compra de bebida
- os hóspedes do acampamento terão direito a um banho de sete minutos (cronometrados!) em chuveiro quente
- a água utilizada no banho escoará pelo piso suspenso do box, forrado com uma espécie de borracha furada, e será armazenada para reutilização na hora da limpeza ao final do evento
Tudo isso quer dizer que, enquanto se diverte, a moçada estará aprendendo nas entrelinhas que é possível melhorar o impacto ambiental de qualquer coisa, das pequenas atitudes diárias aos grandes eventos de rock.
Além de sessenta atrações musicais nacionais e internacionais, mostra de artes e fórum de sustentabilidade, o festival convidará o público a participar de ações ambientais básicas com o intuito de enfatizar a questão "faça a sua parte".
No local do evento, uma estação de reciclagem funcionará durante todo o final de semana para despertar um engajamento maior, e além das ações "demonstrativas", a infraestrutura do evento também foi pensada com base em novas tecnologias sustentáveis.
Veja alguns exemplos:
- grande parte da energia elétrica de todo o festival será fornecida por geradores movidos a biodiesel
- uma ilha de captação de energia solar manterá acesas as luzes das tendas e abastecerá uma central para recarregamento de telefones celulares
- a organização do festival distribuirá 10 mil tubinhos com tampa para depósito de cinzas de cigarro, bitucas e chiclete
- quem levar um copo ou caneca plástica ganha desconto na compra de bebida
- os hóspedes do acampamento terão direito a um banho de sete minutos (cronometrados!) em chuveiro quente
- a água utilizada no banho escoará pelo piso suspenso do box, forrado com uma espécie de borracha furada, e será armazenada para reutilização na hora da limpeza ao final do evento
Tudo isso quer dizer que, enquanto se diverte, a moçada estará aprendendo nas entrelinhas que é possível melhorar o impacto ambiental de qualquer coisa, das pequenas atitudes diárias aos grandes eventos de rock.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Deixe o sol entrar!
Como se não bastasse o atendimento sempre muito simpático e educado, a loja do Chicão me chamou a atenção, desde a primeira visita, pela iluminação. Natural. A Biológico Materiais para Construção funciona, já há muitos anos, praticamente o dia todo iluminada apenas pela luz do sol.
Oito telhas tradicionais de fibrocimento (as conhecidas telhas Eternit) foram substituídas por telhas incolores de fibra de vidro, que iluminam com muita eficiência a loja de 180 metros quadrados. As lâmpadas frias tubulares passam quase todo o horário comercial apagadas.

No horário em que foram feitas as fotos (três da tarde, no inverno) o sol nem era dos mais fortes, mas mesmo assim impressiona a quantidade de luz que passa pelas telhas. No verão, com sol a pino então... nem se fala!
Oito telhas tradicionais de fibrocimento (as conhecidas telhas Eternit) foram substituídas por telhas incolores de fibra de vidro, que iluminam com muita eficiência a loja de 180 metros quadrados. As lâmpadas frias tubulares passam quase todo o horário comercial apagadas.


O único gasto com manutenção aparece quando as telhas começam a perder transparência, por causa de sujeira e poluição, e aí precisam ser trocadas. Veja a diferença entre uma telha antiga e uma nova:


E além das óbvias vantagens ecológicas e financeiras, não se pode deixar de mencionar o astral da loja. Qualquer lugar fica muito mais legal iluminado pela luz do sol.
Ou vai dizer que você prefere luzes fluorescentes?
.
Para conhecer pessoalmente, visite:
Biológico Materiais para Construção
Rua Tangará 120 - Vila Mariana
São Paulo - SP
(11) 5549-1522 ou (11) 5573-2901
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Lei da gravidade

Tentando garantir a segurança da fiação elétrica, quem fez a poda se esqueceu que as árvores crescem de forma a se equilibrar perfeitamente, e se parte da copa for mutilada desfazendo esse equilíbrio não tem santo que ajude.
Poda de árvores também tem sua técnica. É preciso fazer espaço para a fiação sem comprometer a estabilidade dos galhos. Se uma parte só pesa para um lado e a outra só para o outro... mais uma tragédia anunciada em dia de chuva forte.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Cerrado x desperdício
No jornal Folha de São Paulo de hoje, 17 de março de 2010, pode-se ler a matéria Minc quer antecipar meta contra desmate do cerrado. Segundo o jornal, Objetivo foi formulado com ajuda do próprio Minc, que deixa a pasta daqui a duas semanas; ele defende agora cumpri-lo entre 2009 e 2012. Mais um trecho do texto: A duas semanas de deixar o governo e disputar uma vaga de deputado estadual no Rio,o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) atacou ontem a proposta brasileira para a redução do desmatamento no cerrado, apresentada na conferência do clima da ONU, em dezembro, em Copenhague. Segundo ele, é um “absurdo” reduzir em 40% o desmate no bioma somente em 2020. Porém, essa meta foi definida pela Casa Civil e pelo Itamaraty e contou com ajuda do próprio Minc.
Fico em dúvida se desanimo com a incoerência ou comemoro a mudança de discurso antes tarde do que nunca. De qualquer maneira, seria importantíssimo correr atrás do tempo perdido e preservar a maior parte possível do que ainda resta do cerrado, bioma do qual ninguém fala quando se trata de desmatamento (não existem só a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica) mas que tem fundamental importância no equilíbrio de todo o ecossistema.
Por exemplo:
- o Cerrado possui mais de 100.000 espécies vegetais e animais
- 5% de todas as espécies de mamíferos do mundo são encontradas no Cerrado
- as três mais importantes bacias hidrográficas do país (São Francisco, Tocantins-Amazonas e Paraná-Prata, as maiores responsáveis pelo abastecimento de água e pela geração de energia do Brasil) nascem no Cerrado.
Tudo isso está ameaçado, entre outras coisas, pela retirada de 1.000 caminhões por dia de carvão vegetal para a produção de aço nas siderúrgicas da região, pela criação de um terço do rebanho bovino e 20% do rebanho suíno do país, pelos cultivos extensivos de soja (13% da produção mundial), milho e arroz (20% e 15% da produção nacional, respectivamente).
Agora pare por um instante para fazer uma co-relação: o Brasil joga no lixo 39.000 toneladas de alimentos por dia. Se tudo continuar do jeito que vai, grande parte do cerrado e de toda sua biodiversidade terá sido sacrificada e irá parar nos lixões e aterros sanitários por caminhos tortuosos e às custas de muito trabalho e consumo de energia humana, elétrica, de combustíveis fósseis, etc. Tem graça?
Fico em dúvida se desanimo com a incoerência ou comemoro a mudança de discurso antes tarde do que nunca. De qualquer maneira, seria importantíssimo correr atrás do tempo perdido e preservar a maior parte possível do que ainda resta do cerrado, bioma do qual ninguém fala quando se trata de desmatamento (não existem só a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica) mas que tem fundamental importância no equilíbrio de todo o ecossistema.
Por exemplo:
- o Cerrado possui mais de 100.000 espécies vegetais e animais
- 5% de todas as espécies de mamíferos do mundo são encontradas no Cerrado
- as três mais importantes bacias hidrográficas do país (São Francisco, Tocantins-Amazonas e Paraná-Prata, as maiores responsáveis pelo abastecimento de água e pela geração de energia do Brasil) nascem no Cerrado.
Tudo isso está ameaçado, entre outras coisas, pela retirada de 1.000 caminhões por dia de carvão vegetal para a produção de aço nas siderúrgicas da região, pela criação de um terço do rebanho bovino e 20% do rebanho suíno do país, pelos cultivos extensivos de soja (13% da produção mundial), milho e arroz (20% e 15% da produção nacional, respectivamente).
Agora pare por um instante para fazer uma co-relação: o Brasil joga no lixo 39.000 toneladas de alimentos por dia. Se tudo continuar do jeito que vai, grande parte do cerrado e de toda sua biodiversidade terá sido sacrificada e irá parar nos lixões e aterros sanitários por caminhos tortuosos e às custas de muito trabalho e consumo de energia humana, elétrica, de combustíveis fósseis, etc. Tem graça?
segunda-feira, 15 de março de 2010
Microoásis
A arquiteta Loyde Abreu descobriu, em sua pesquisa de mestrado na Unicamp, que o bem estar que se sente próximo a uma árvore não é causado só por sua sombra, mas principalmente pelo aumento da umidade relativa do ar.
Tome-se como exemplo o Jambolão, árvore que pode alcançar de 15 a 20 metros de altura e chega a perder 101 litros de água por dia por suas folhas (uma lavadora de roupas com capacidade para cinco quilos gasta 135 litros). A 10 metros dessa árvore a umidade média é de 68%, segundo Loyde. A 50 metros de distância esse índice cai para 57%, número ainda bastante alto em relação ao recomendado pela OMS para o bem estar do ser humano, que é de no mínimo 30%. São as gotículas presentes no entorno da planta que proporcionam a sensação de conforto, mesmo que a pessoa esteja sob o sol. É a mesma lógica de um borrifo de água: a temperatura não muda, mas a sensação é de frescor.
Além de aumentar a umidade no entorno, a vegetação também ajuda na absorção de parte da radiação que vem do sol: ainda no caso do Jambolão a absorção promovida pela copa da árvore pode chegar a 89%.
Estudos em diversas partes do país comprovam o que não é difícil deduzir nem imaginar: uma árvore em frente a uma residência, aliando aumento da umidade do ar à absorção da radiação solar, reduz significativamente a sensação térmica em seu interior e leva a uma queda de até 65% no consumo de energia elétrica gasta com ar-condicionado e ventiladores.
E se apenas uma árvore é capaz de proporcionar conforto térmico, o que dizer de um parque inteiro? Os mapas do Atlas Ambiental de São Paulo mostram que as regiões mais frias da cidade são, não coincidentemente, as mais arborizadas, e as diferenças de temperatura podem chegar a até 6 graus em comparação, por exemplo, com a região central.
Nem que seja só por interesse próprio, pensando no seu bem estar e na conta de energia no final do mês, vale ou não vale a pena plantar uma, ou melhor ainda, muitas árvores na sua calçada?
Tome-se como exemplo o Jambolão, árvore que pode alcançar de 15 a 20 metros de altura e chega a perder 101 litros de água por dia por suas folhas (uma lavadora de roupas com capacidade para cinco quilos gasta 135 litros). A 10 metros dessa árvore a umidade média é de 68%, segundo Loyde. A 50 metros de distância esse índice cai para 57%, número ainda bastante alto em relação ao recomendado pela OMS para o bem estar do ser humano, que é de no mínimo 30%. São as gotículas presentes no entorno da planta que proporcionam a sensação de conforto, mesmo que a pessoa esteja sob o sol. É a mesma lógica de um borrifo de água: a temperatura não muda, mas a sensação é de frescor.
Além de aumentar a umidade no entorno, a vegetação também ajuda na absorção de parte da radiação que vem do sol: ainda no caso do Jambolão a absorção promovida pela copa da árvore pode chegar a 89%.
Estudos em diversas partes do país comprovam o que não é difícil deduzir nem imaginar: uma árvore em frente a uma residência, aliando aumento da umidade do ar à absorção da radiação solar, reduz significativamente a sensação térmica em seu interior e leva a uma queda de até 65% no consumo de energia elétrica gasta com ar-condicionado e ventiladores.
E se apenas uma árvore é capaz de proporcionar conforto térmico, o que dizer de um parque inteiro? Os mapas do Atlas Ambiental de São Paulo mostram que as regiões mais frias da cidade são, não coincidentemente, as mais arborizadas, e as diferenças de temperatura podem chegar a até 6 graus em comparação, por exemplo, com a região central.
Nem que seja só por interesse próprio, pensando no seu bem estar e na conta de energia no final do mês, vale ou não vale a pena plantar uma, ou melhor ainda, muitas árvores na sua calçada?
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Lâmpadas fluorescentes - cuidados no descarte
As lâmpadas fluorescentes ficaram conhecidas por sua grande contribuição à economia de energia elétrica além de durarem até seis vezes mais do que lâmpadas incandescentes (aquelas de bulbo tipo pêra), mas também exigem cuidados especiais no descarte e quando se quebram dentro da sua casa. Tanto as fluorescentes compactas quanto as tubulares são compostos de vidro, pó fosfórico, metais e mercúrio, um metal pesado bastante tóxico. Considerando a estimativa de venda nacional de lâmpadas fluorescentes, sua vida útil e quantidade média de mercúrio por lâmpada, pode-se calcular um descarte anual de cerca de 940 kg de mercúrio, que causa danos à saúde de seres vivos quando ingerido ou inalado, e ao meio ambiente quando descartado inadequadamente, por contaminar o solo e os lençóis freáticos. Por isso as lâmpadas fluorescentes devem ser encaminhadas para desmanufatura e reciclagem de seus componentes. Apesar de já existirem empresas que oferecem o serviço de reciclagem e retiram grandes quantidades em empresas, o descarte adequado não é uma tarefa fácil para o consumidor comum. Na maioria das cidades brasileiras é difícil encontrar locais que aceitem a entrega de lâmpadas, mas aos poucos esse serviço começa a aparecer, mesmo que sob pagamento de uma taxa por unidade (R$ 0,60) como é o caso da Cime, no bairro da Lapa em São Paulo. Lojas de materiais elétricos e de construção aos poucos também vêm se tornando PEVs (postos de entrega voluntária), como a rede Leroy Merlin. Antes de entregar suas lâmpadas, capriche no embrulho de cada uma com bastante jornal para evitar que se quebrem. Se por acidente isso acontecer, siga as orientações da Associação Brasileira de Importadores de Produtos de Iluminação:
- não use aspirador de pó para limpar
- logo após o acidente abra portas e janelas para aumentar a ventilação e dispersar o vapor de mercúrio
- saia do ambiente por pelo menos 15 minutos
- utilize luvas e avental para recolher o pó e os cacos de vidro, assim você evita o contato dos materiais tóxicos com sua pele e roupas
- ainda com as luvas, use um papel toalha umedecido para recolher os pequenos cacos de vidro e o que sobrou de pó
- coloque o material recolhido dentro de um saco plástico
- coloque tudo dentro de um segundo saco plástico e lacre bem, para evitar a contínua evaporação do mercúrio
- escreva por fora do saco plástico “CUIDADO: lâmpada fluorescente quebrada” e entregue para reciclagem junto com as lâmpadas inteiras
- não use aspirador de pó para limpar
- logo após o acidente abra portas e janelas para aumentar a ventilação e dispersar o vapor de mercúrio
- saia do ambiente por pelo menos 15 minutos
- utilize luvas e avental para recolher o pó e os cacos de vidro, assim você evita o contato dos materiais tóxicos com sua pele e roupas
- ainda com as luvas, use um papel toalha umedecido para recolher os pequenos cacos de vidro e o que sobrou de pó
- coloque o material recolhido dentro de um saco plástico
- coloque tudo dentro de um segundo saco plástico e lacre bem, para evitar a contínua evaporação do mercúrio
- escreva por fora do saco plástico “CUIDADO: lâmpada fluorescente quebrada” e entregue para reciclagem junto com as lâmpadas inteiras
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