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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Saindo pra olhar lá fora

Ana Soares, Neide Rigo e Mara Salles
abrindo a aula "O que é que tem de mistura"

Nesse final de semana deixei a vida de sítio pra tomar na veia uma dose de São Paulo, que eu adoro. E apesar de também adorar dirigir em estrada (boa, como a Bandeirantes) ouvindo música no carro, dessa vez tive vontade de ir de ônibus, aproveitando ser levada. Isso tem um pouco clima de filme, acho. A viagem de ônibus, depois o metrô, um taxi pra chegar na casa da Mari, onde fiquei hospedada… Sem falar na economia de dinheiro, de pneu, de combustível, e na curtição de ler em trânsito.

Fui pra assistir aulas no evento Paladar - Cozinha do Brasil. Essa foi a oitava edição e eu nunca tinha ido. Não é o meu ramo mas tem um tanto de coisas interessantes, sem falar no meu motivo principal: aulas da Neide. A Rigo. Do Come-se.

No sábado teve ela junto com a Mara Salles, do Tordesilhas, e a Ana Soares do Mesa 3. Falaram sobre "o que é que tem de mistura", o que vai junto com o arroz e feijão em cada região do Brasil, em cada mesa, em cada família. O termo mistura, que já dá margem a diversas interpretações, mais as memórias afetivas de cada uma - o que a mãe fazia, o que o pai preferia, o que a criança podia, queria e não queria - renderam assunto pra quase duas horas, encerradas solenemente com o privilégio da degustação de tudo o que elas trouxeram para mostrar.

Um tanto de gente tentando se servir
na degustação de misturas

No domingo foi a vez da Neide sozinha (porque ela é espetacular e sobra!) mostrar e falar sobre ervas aromáticas não convencionais. Foi bom demais. Além de interessante a aula foi bonita, porque ela caprichou na apresentação fazendo a bancada de cozinha parecer um balcão de alquimista. Aliás, pareceu não, foi mesmo uma bancada de alquimista, porque ela brincou de acidificar (com limão) uma infusão de flor de feijão borboleta pro líquido ficar lilás, depois voltou o lilás pro azul original misturando bicarbonato de sódio… toda essa química pra mostrar possibilidades de chás e refrescos.

Tinha vidros e frascos de todos os tamanhos acondicionando folhas, flores e frutos, a maioria que a gente nunca nem ouviu falar; e ela falando daquilo com uma intimidade, como se fosse possível encontrar tudo em qualquer esquina. Na verdade quase é, porque muitas das coisas são matos, matos mesmo, desses que nascem em rachadura de calçada em qualquer cidade. A buva, por exemplo, vira um pesto picante delicioso; o picão branco rende um caldinho gostoso que sabe a alcachofra; a erva de santa maria - chamada de epazote no México - pode ser usada no feijão pra diminuir a produção de gases no intestino (o seu intestino, não o do feijão) e o próprio feijão borboleta, que dá o chá azul, parece que agora está na moda nos Estados Unidos, por seus efeitos medicinais. O foco da aula era ervas aromáticas, mas como disse a Neide, praticamente todas as aromáticas também têm efeito medicinal, então usar dá sempre bônus.

E pra não dizer que foi só de ver e ouvir, teve de comer também. Experimentamos mingauzinho de araruta com macassá, pacová - o cardamomo brasileiro - salpicado sobre pedacinhos de abacaxi maduro (espetacular!), refresco de hibisco com gerânio aromático fermentado com kefir de água… vinha um potinho atrás do outro e as pessoas se olhavam com caras maravilhadas, fazendo hums e ohs, curtindo uma novidade atrás da outra.

A Neide e sua bancada de alquimista

Por isso eu adoro fazer cursos. A internet é muito boa, livros são imprescindíveis, mas um bom bate papo ao vivo, ainda mais com demonstração e degustação, têm outro gosto. Literalmente, neste caso. Acho que eu nunca teria experimentado diversas das espécies de "matos" que já li por aí se não fosse num evento assim.

Além disso encontrei as queridas Silvia e Sabrina Jeha, do viveiro Sabor de Fazenda, que não via há tempos, conheci um tanto de gente interessante, combinei de fazer e receber visitas diversas pra conhecer mais lugares novos…

Mudar pro interior é muito bom mas não dá pra ter preguiça de sair pra ver o mundo, senão tudo fica muito pequenininho. Sem falar que São Paulo pode ter todos os piores defeitos do mundo mas também tem muita gente boa, coisa boa, novidade boa...

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Caçadores de bons exemplos

Imagem do site Caçadores de Bons Exemplos

Comecei a semana com um post na cabeça, mas o dia cheio de tarefas e o e-mail de divulgação de um bom exemplo mudou meus planos, por isso publico aqui uma história super inspiradora, que se não vai nos tirar de casa para uma expedição igual, ao menos pode nos estimular a ver o mundo através dos mesmos olhos.

Curta a história e clique no link, lá no final do post, para conhecer ótimos exemplos descobertos por Iara e Eduardo Xavier.

Caçadores de Bons Exemplos: O casal que percorre o mundo 
em busca de ações transformadoras

Eles poderiam perguntar coisas do tipo: Onde esta o posto mais próximo ou onde fica o hotel da cidade? Mas a pergunta que fazem ao chegar em novos lugares define bem o objetivo do casal que desapegou de tudo o que tinha e caiu na estrada em busca de algo além de ganhar dinheiro, adquirir bens e cuidar da família somente. A pergunta é: Quem faz a diferença nesta cidade?

Caçadores de Bons Exemplos é o nome adotado por Iara e Eduardo Xavier quando começaram a viagem pelo Brasil em janeiro de 2011. “Somos um casal cansado de ouvir notícias ruins. Acreditamos que existem muito mais pessoas do bem do que ações negativas no mundo”, afirmam.

Eles contam que sentiam necessidade de fazer algo maior pelas pessoas, mas não sabiam o que e nem como suprir essa vontade. Então decidiram viajar por cinco anos para conhecer e conviver com exemplos que fazem a diferença pelo Brasil e no exterior. “Precisávamos conviver com pessoas que já fazem isso. Pessoas que pararam de olhar apenas para ‘seu próprio umbigo’ e olham para um todo”.

O carro transformou-se na casa de Iara e Eduardo.
O sonho antigo não precisou de muito planejamento, foram se permitindo e quando viram já estavam na estrada rumo a Minas Gerais, onde encontraram o primeiro bom exemplo e a certeza de que estavam no caminho. “Planejamos muitas coisas para fazer nestes cinco anos, mas o tempo foi modulando e deixando o que realmente importa. Hoje está acontecendo o que precisava acontecer, o resto ficou pelo caminho”, explicam.

O objetivo é percorrer todo o país e o exterior encontrando gente e instituições que fazem o bem e trazem melhorias para a vida das pessoas por meio de ações.  Não estão preocupados em acarretar resultados ou promover grandes transformações e sim se emocionarem a cada encontro e poder compartilhar essa experiência do bem com o mundo.

A vida é uma viagem
“A vida passa rápido, como uma viagem e devemos ficar com as boas lembranças do caminho. Carregar em nossa bagagem não só roupas e matéria, mas sim o que fizemos com o próximo e pelo próximo. Nossa bagagem deve ter muitas fotografias de bons momentos e do bem que fizemos”,explica os Caçadores de Bons exemplos sobre o nome da expedição “A vida é uma viagem” que se tornou filosofia e os acompanham.

Para o casal, bons exemplos são aqueles que transformam. “Bom exemplo para nós é sinônimo de transformação. É aquele que faz algo a mais pela comunidade em que vive. É ir além do limite da comodidade e ‘botar a mão na massa’ para realmente resolver problemas sociais do país."

Na estrada descobriram que o povo brasileiro é caridoso e também acredita na mudança, diferente do que mostra os jornais. “Precisam apenas direcionar a solidariedade para ações menos assistencialistas e mais transformadoras”, dizem.

Para começar a praticar o bem o casal explica que não precisa ir muito longe, basta contribuir com aquilo que estiver ao seu alcance. “Ajude o próximo que está próximo de você! Não estamos falando de assistencialismo, mas sim de transformação de vidas! Coisas ruins sempre irão acontecer, mas, podemos neutralizá-las com ações positivas.”

Como se faz o bem
A única regra seguida pelo casal é não pesquisar na internet sobre projetos. As ações são indicadas pelas pessoas que encontram no caminho. Estão certos de que tudo pode acontecer em um dia. Não há horários para refeições, locais para banhos e nem para o repouso. “A única certeza é que no fim de semana postamos no nosso blog os projetos que encontramos pelo caminho”.

O carro se transformou em morada e foi adaptado a suprir algumas necessidades como panelas e frigobar para as refeições e uma barraca automotiva para repouso quando não são convidados a dormir na casa de algum morador.

O casal fala sobre o que os move a permanecer na estrada durante tanto tempo: “Acreditamos que todo mundo tem o bem no coração. Divulgando estas ações positivas e estes bons exemplos, as pessoas podem fazer o mesmo em suas cidades, transformando-se em multiplicadores ou podem ajudar aqueles que já fazem estas ações.”

A maior dificuldade encontrada pelo casal é a falta de patrocínio e não possuir um banheiro.
A única coisa que realmente acham necessária para realizar uma ação como essa é a vontade de fazer acontecer. “É necessário apenas a força de vontade e acreditar no sonho. O resto é detalhe”.

Muitas são as dificuldades encontradas no caminho, pois apesar de terem vendido tudo que tinham não eram ricos e a falta de apoio e patrocínio tem trazido alguns obstáculos superados com amor e perseverança por eles.  A falta de banheiro também é um das grandes dificuldades encontradas por Iara e Eduardo. “Foi uma mudança radical em nossas vidas”, diz eles.

A semente no caminho
Até o momento já registraram mais 600 boas ações em 133.855 km percorridos por terra, mar e ar, passando pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará e Amapá. "O que nos importa é a ação positiva que as pessoas realizam. Não importa o foco ou religião, o importante é fazer a diferença naquela comunidade”.

O pagamento pela atitude do casal vem em forma de histórias como a de uma senhora que após ler as ações encontradas por eles entrou em contato e disse que se sentia mal por nunca ter feito algo por alguém. Mas que a partir daquele dia confeccionaria enxovais para grávidas carentes. “Quantas pessoas leram sobre os bons exemplos e estão agindo? Talvez nunca iremos saber à proporção que alcançaremos, mas saberemos que a visão de alguns perante o mundo foi mudada”, dizem.

O sonho do casal é fazer uma revista ou livro de cada estado percorrido para catalogar as ações encontradas e distribuir as publicações gratuitamente para motivar mais pessoas a fazer o bem. “Fazer um intercâmbio de idéias positivas entre as regiões. Assim, podemos formar multiplicadores de ações sociais”, dizem.

Quando indagados se uma ação como a deles poderia mudar o mundo a resposta vem com um sorriso. “Sim! Tudo o que o ser humano faz pode mudar o mundo. Então, por que não tentar? Talvez não mudaremos todo o planeta Terra, mas pelo menos “mudamos” o mundo das pessoas que conhecemos pelo caminho. Sabe como? Fazendo com que elas reflitam sobre suas vidas” conclui o casal.
 

Texto da Agência de Notícias do Terceiro Setor

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Enquanto floresce o ipê roxo...

Milhares de flores se abriram todas de uma vez...

... e o beija-flor nem sabe por onde começar.

Ando aflita esses dias, tentando dar conta de todas as coisas com as quais estou envolvida e chateada por estar atrasada com muitas delas. Ao mesmo tempo não paro de ter ideias boas, de perceber quanta coisa pode ser inventada e realizada. Frequentemente planejo postar sobre algo mas nem chego a escrever e o assunto já fica velho, porque em seguida aparece uma coisa ainda mais interessante.

Nos momentos em que estou assim, ansiosa e ativa, sem nem saber por onde começar as atividades do dia, costumo me lembrar da minha mãe e da D. Clélia - a primeira com 64, recém doutora e pós-doutoranda na USP, e a segunda com 76 anos, farmacêutica ativa por toda a vida – que sempre ouço repetirem que não conseguem entender como tem tanta gente no mundo que reclama de tédio e falta do que fazer, se há tanta coisa interessante nos esperando por aí.

Já faz tempo que me vejo jogando no time delas, me envolvendo com coisas novas mesmo ainda não tendo esgotado as coisas antigas ainda tão prazerosas. É com orgulho que visto essa camisa, e é nesse orgulho de ser curiosa e querer abraçar o mundo que tento pensar quando me perco nos meus afazeres e novas ideias.

Tenho meia dúzia de posts na cabeça esperando para entrar no blog, a horta e o quintal me pedem mais de uma hora de água diariamente, nesses dias de umidade baixa, a atividade profissional tem suas demandas normais, o almoço é preparado por mim todos os dias porque é mais barato e porque assim tenho controle sobre o que me alimenta, aceitei o convite para colaborar num portal sobre plantas e preciso produzir conteúdo novo com frequência, tenho livros imperdíveis me esperando na mesinha de cabeceira, estou fazendo à mão o presente de aniversário do Leleco, sobrinho mais novo que faz um ano em dois dias, já comecei a produzir bandeirinhas de xita, enfeites e brindes para uma festa junina que promete, estou escrevendo um projeto de educação ambiental para apresentar à prefeitura da cidade e outro para uma empresa particular, transformei duas camas de solteiro em sofá em L e ainda falta costurar os encostos, capas e almofadas, a casa está passando por uma pequena reforma e pede faxina pesada assim que acabar a pintura e daqui a pouco tenho reunião da comissão de filmes da qual faço parte, formada depois que sugeri a exibição do documentário Quem se Importa num centro cultural da cidade.

Essas são as atividades às quais já me comprometi. As novas ideias vou contando conforme forem acontecendo, porque ainda estão em desenvolvimento.

Enquanto toco mais algumas pendências por aqui, deixo links para quem quiser me acompanhar e conhecer um pouco de coisas que acho que valem a pena.

- Hoje almocei lobozó, mexidão salvador da Neide, do Come-se, para os dias em que não há mais que 20 minutos para resolver o almoço.

- O livro McGee & Stuckey's Bountiful Container, sobre hortas em vasos, chegou pelo correio faz tempo e até agora só consegui dar umas folheadas, mas já deu pra perceber que é muito bom, valeu a compra.

- O Minhas Plantas nasceu outro dia mas já é o maior portal sobre plantas do Brasil. Carol Costa tem o dedo verde pra escrever e pra escolher colaboradores - modéstia à parte! - e toda essa galera vai dar o que plantar!

- Sobre o documentário Quem se importa já postei aqui, no ano passado, e foi depois de assisti-lo que pensei em promover uma exibição aberta a toda a cidade, porque esse é o tipo de filme que deve ser mostrado ao maior número de gente possível, e então poderemos ter um mundo melhor. No início desse ano procurei o Espaço Cultural Terra Viva, que topou fazer uma sessão gratuita do filme. Cerca de 80 pessoas compareceram e foram recebidas com chopp e pipoca patrocinados, e a partir daí formou-se uma comissão para escolher os próximos filmes, já que de agora em diante teremos sessões abertas a cada dois meses.

Hoje acontece a primeira reunião da comissão, e durante minha pesquisa sobre bons documentários para sugerir conheci pessoas e filmes interessantíssimos para assistir na internet:

Entre rios - a urbanização de São Paulo fala sobre os rios que influenciaram na escolha do local para a fundação da cidade, e depois sobre o processo de canalização desses mesmos rios, que hoje correm escondidos sob o asfalto. 

Nesta apresentação no TEDx São Paulo, Fábio Barbosa, presidente do Santander Brasil, fala de como é importante o que você faz no dia a dia. Na opinião do executivo, é possível fazer negócios cuidando de pessoas. Em certo momento da palestra ele cita um filósofo americano que diz "o que você faz fala tão alto que eu não consigo escutar o que você diz".

Também numa apresentacão do TED, Amanda Palmer, artista americana, conta sua experiência sobre a arte de pedir. Ela tem o recorde de arrecadação de fundos vindos de contribuições particulares através do site Kick Starter, e é da opinião de que as pessoas devem querer pagar pela música, ao invés de serem obrigadas a fazê-lo.

Num pequeno vídeo de 6 minutos, Rubem Alves fala um pouco sobre a Escola da Ponte, em Portugal, onde não há salas, séries, aulas de matérias específicas nem professores convencionais. Sobre essa maneira de ensinar ele escreveu o livro A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir.

E mais um TED, onde o ativista e captador de recursos Dan Pallotta chama a atenção para os princípios contraditórios que baseiam nossa relação com as instituições de caridade.

Escolha seu assunto preferido ou invista algum tempo e assista a tudo. Certamente você terminará a sessão transformado e com novas ideias semeadas na cabeça.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Como fazer um borboletário


Parecia até que o dia ontem estava ganho. Fingi que não tinha mil coisas a fazer e passei a manhã toda às voltas com a preparação de um borboletário; finalmente, depois de tantas lagartas!

A última turma que apareceu aqui foi de Automeris sp., uma das espécies mais bonitas que conheci nesse ano. Encontrei algumas delas comendo as marantas de um canteiro novo, que ainda nem acabei de plantar. Eu trabalhando em uma ponta e elas comendo o que eu havia acabado de plantar na outra. Oportunidade melhor, impossível.

Nas semanas que passaram andei guardando umas e outras lagartas em vidros, a maioria lagartas-cachorrinho, mas estava meio improvisado porque os vidros eram pequenos e mal cabiam as folhas para alimentar as aprisionadas.

Pois ontem acordei profissional e resgatei um aquário de 45 litros embrulhado há anos. Nem precisava ser tão grande, mas o espaço foi perfeito pra brincar de paisagista oriental e fazer um jardim zen para as meninas. Junto com o vidro tinha guardado alguns pedaços de toco de madeira que faziam parte do aquário, e usei também no borboletário. Decoração absolutamente desnecessária no quesito funcionalidade, mas fez toda a diferença na boniteza final.


Segundo João Angelo, técnico do Laboratório de Entomologia e Acarologia da ESALQ, para fazer um borboletário básico você só precisa de um vidro com um pouco de substrato no fundo (pode ser terra ou vermiculita) e das folhas que a lagarta estava comendo quando você a encontrou. É que cada espécie de lagarta tem hábitos alimentares específicos, e pode ser que seja difícil descobrir, na base da tentativa e erro, o que vai apetecer a uma lagarta que você encontrou andando por aí. Você pode tentar folhas de couve, de repolho, mas é bem mais garantido conseguir alimentar uma que você tenha encontrado comendo. É só manter o cardápio que ela escolheu.

Além disso, muitas vezes encontra-se lagartas já andando à procura de um lugar onde vão passar pelo processo de metamorfose, e nesse momento elas não querem mais comer, não adianta oferecer alimento. Nessa fase elas precisam mesmo é de um lugar seguro onde vão virar pupa. Esse é o nome do casulinho que constroem quando chega a hora de mudar de estágio. Algumas pupas são chamadas de crisálidas por causa da coloração dourada que têm. Em grego, chrysós significa ouro. E uma curiosidade bem legal: aurélia (aurus é ouro em latim) foi um termo usado no passado para as crisálidas, e dele surgiu aureliano, que é quem estuda o processo de saída da borboleta da crisálida.

Enfim, se você quer acompanhar um lepidóptero em transformação, colete uma lagarta ainda se alimentando e com um pouco de sorte você vai vê-la borboleta.

Conheci o João Angelo enquanto navegava tentando identificar espécies, e escrevi pra elogiar o blog que ele escreve sobre borboletas e perguntar se ele não gostaria de identificar as que fotografei. Ele, super simpático, me respondeu sugerindo que eu fizesse o borboletário, porque é mais fácil identificar os indivíduos adultos (borboletas e mariposas) do que os imaturos (lagartas e taturanas) que tenho mostrado aqui no blog.


Lavei o aquário, coloquei vermiculita no fundo (por acaso tinha comprado recentemente, para o viveiro), ajeitei os tronquinhos e fui coletar folhas e lagartas. Já tinha percebido que as folhas de maranta enrolam rapidamente depois de cortadas, e murchas assim as lagartas não querem, então instalei dois vasinhos de vidro com água dentro do borboletário para manter as folhas mais frescas até serem devoradas.

Com pauzinhos e a ponta de uma tesoura caçei uma a uma as sete peludas que encontrei, e com paciência fui passando todas para dentro da casa nova, convencendo-as de que as instalações são de primeira.


Nos primeiros minutos andaram bastante, fazendo o reconhecimento da área. No vidro não conseguiram subir - acho que ficou escorregadio depois da limpeza - mas logo encontraram as madeiras e as folhas.


O nhac-nhac começou em poucos minutos e logo já davam cabo de grandes pedaços de folhas. Como comem! E como "descomem"! Em menos de uma hora os cocozinhos pretos já caíam na vermiculita.


Hoje foi o dia 2 do borboletário; vamos ver quanto tempo dura a brincadeira. Enquanto isso deixo vídeos, para quem quiser passar minutos a fio assistindo junto comigo ao hipnotizante programa A vida das lagartas. 

 



Veja também: - Notícias do borboletário - o primeiro casulo

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Imprevistos rurais e a vontade de criar galinhas

Quando a vida acontece numa cidade, os imprevistos domésticos costumam vir em forma de um carro parado em frente à sua garagem, o saco de lixo que estoura antes de você chegar na calçada e o nível da água da chuva subindo na rua enquanto você está preso no trânsito.

Mudar-se para uma área rural significa ficar livre do vizinho que sapateia no andar de cima mas também traz surpresas impensáveis, como encontrar um crânio de vaca logo na entrada do sítio.


Nos primeiros minutos só consegui pensar na possibilidade de macumba; sei lá, essas coisas esquisitas que deixam na porta da casa das pessoas... Mas depois, pensando melhor, por que fariam uma coisa dessas?


A explicação veio assim que a vaca apareceu no jardim na boca de um caçador malandro que não passa dois dias sem aprontar uma boa.


Depois de passado o episódio do crânio para roer, hoje tivemos mais um assunto rural interessante a resolver. Há alguns dias o vizinho ligou pedindo nosso empenho no fechamento dos buracos da cerca.

- Buracos, mas que buracos? Nós já fechamos todos!
- Então tem um novo, vizinha, porque um cachorrinho preto daí passou para cá nas últimas noites e acabou com os nove pintinhos de uma galinha bonita que comprei pra minha esposa.

E toca nóis procurar um kit "galinha com pintinhos" à venda, pra tentar amainar o sofrimento da vizinha que perdeu sua ninhada de pintainhos. Não foi fácil, porque pintinhos tem e galinhas também, mas galinha com pintinhos junto não se acha para comprar. Pergunta pra um, e pergunta pra outro, e todos diziam que só saindo pra bater de sítio em sítio, perguntando se alguém não venderia sua criação.

Acabamos na casa de uma família de caseiros que tem meia dúzia de galinhas e cria os pintinhos que nascem para vendê-los frangos. Galinha com pintinhos nunca tinham vendido, mas diante da história do cachorro fujão que comeu a criação do vizinho, cederam.

Na hora de escolher a turma, esses não pode porque a galinha é o xodó da minha filha e os pintinhos tão muito novinhos, bicaram só há três dias. Essa tinha mais pintinhos mas morreram uns quatro. Essa outra pode mas os pintinhos já tão grandes, vocês querem menorzinhos, não é?

Acabamos escolhendo uma galinha altiva, bonita, com sete crianças de dez dias, cada uma de um jeito. Uma graça.
 


Voltamos com a família dentro de uma caixa, ouvindo no carro aquele sonzinho gostoso de piu piu de criança abafado por um crooooc crooooc rouco de mãe preocupada.


Depois de dez minutos quem já queria ficar com todos eles era eu. Que coisa mais bonita é quando a galinha deita e todos os pintinhos somem debaixo dela. E quando ela anda ciscando e todos os pequenininhos imitam atrás.

De volta em casa estacionei na internet e pesquisei um bom tanto sobre galinhas. Os americanos andam com mania de pequenos galinheiros na cidade, como uma maneira de ter ovos saudáveis e ainda produzir adubo orgânico e cuidar do jardim de forma natural (galinhas pastam, comem ervas daninhas, insetos...), além de trazer um pouco do ar rural para as grandes metrópoles.

Não faz muito tempo recebi um comentário da Paula Siqueira (no post Às vezes o bicho pega, sobre pragas), que conta que está na mesma onda, curtindo muito suas galinhas no quintal. Adorei e reproduzo abaixo:

Olá Juliana,
Sempre leio seu blog e adoro.

Recentemente, tenho tentado conciliar a minha horta com a criação de galinhas. E tem dado muito certo. Elas comem os próprios bichos ou as larvas dos bichos, mas não os exterminam, ou seja, são um excelente controle biológico. E não é só isso. Eu sempre vou completando os canteiros com serragem bem alta que, junto com as fezes das galinhas, vão virando uma compostagem no próprio canteiro, além de funcionarem como proteção contra o sol e a chuva.

As galinhas podem prejudicar, sim, um viveiro ou uma horta. Mas somente se houver mais galinhas do que o terreno comporta. Eu deixo elas soltas até mesmo na grama. Normalmente, é importante poder contar com diferentes espaços cercados para que você possa alternar – mas, mesmo assim, com a chuva, eu nem precisei fazer isso; tenho deixado elas soltas em todo o quintal e não há espaço que pareça abatido, pois há comida/mato de sobra pra elas!

Outra coisa legal de saber é que elas fazem mais estrago às raízes, ou seja, com o ciscar delas, do que às próprias folhas, e foi por isso que eu escolhi ter garnizés, que são aquelas lindas galinhas pequenininhas. Enfim, se elas não forem de jeito nenhum compatíveis com seu viveiro, é possível pensar em mantê-las em espaços cercados próximos ao viveiro, pois isso já pode ajudar a reduzir muito as pragas (por exemplo, meus cachorros viviam se coçando. Depois das galinhas patrulharem o quintal, não há mais aquele ‘coça-coça’)

As galinhas também podem ser ótimas para resolver o 'problema' do mato em excesso, que eu sei que vc tem, e eu também tenho aqui. Ainda não testei, mas é meu próximo projeto fazer um desses galinheiros móveis, que podem funcionar como uma espécie de capina e ao mesmo tempo adubação.

Muito do que eu aprendi eu li nesse livro ( http://www.amazon.com/Free-Range-Chicken-Gardens-Beautiful-Chicken-Friendly/dp/1604692375), que é muito, muito bom. Há também esse aqui (http://www.amazon.com/City-Chicks-Micro-Flocks-Chickens-ebook/dp/B0046H9IJM/ref=sr_1_1_title_1_kin?s=books&ie=UTF8&qid=1363204395&sr=1-1&keywords=city+chicks).

Infelizmente, eles são em inglês e a única coisa que achei em português que é mais parecida com as ideias desses livros – mas não igual – é Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS) (http://www.rts.org.br/publicacoes/arquivos/cartilha_pais.pdf)

Espero que isso possa ajudar, se não for literalmente, pelo menos a se inspirar e encontrar uma outra solução! E vou adorar se a gente puder continuar conversando e trocando ideias, pois sou totalmente novata nessas questões e estou aprendendo e lendo muito sobre como manter o quintal e a horta, utilizando técnicas e ideias que prezem pela eficiência com baixa manutenção!

Abraços!

Paula Siqueira



Agora a vontade não larga mais de mim. Quero ter galinhas. Não é para já, porque ainda há muito o que fazer antes de começar um galinheiro e, acima de tudo, é preciso resolver a intolerância dos cachorros com qualquer outro animal que não seja da mesma espécie que eles. Mas deixo aqui registrados, para quem mais quiser passar vontade, dois links de sites por onde andei que falam do básico necessário para criar penosas e como elas retribuem os bons cuidados.

- Cinco razões para criar galinhas, da revista Organic Gardening

- Você tem o que é preciso para criar galinhas? do site Rodale


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Jardineira chocólatra


Família em casa no fim de semana, e a jardineira chocólatra juntou a gula com a vontade de plantar. A ideia dos vasinhos foi da Mari, irmã cozinheira especializada em eventos, e veio junto com a sugestão de montar a mousse de chocolate em copinhos de pinga. Mas na semana passada encontrei à venda mini vasinhos de vidro no tamanho ideal para porções individuais. Poderia ser mais perfeito?

A receita da mousse é da Patricia Scarpin, do delicioso Technicolor Kitchen, de onde saem atualmente todas as receitas de doce que faço. É levíssima, fácil e rápida de preparar.


Mousse de chocolate com especiarias

180g de chocolate amargo (70% cacau) picado
3 ovos em temperatura ambiente, claras e gemas separadas
3 colheres de sopa de açúcar refinado
1/4 de colher de chá de canela em pó
1/4 de colher de chá de noz moscada moída na hora
225ml de creme de leite fresco batido até formar picos suaves

Coloque o chocolate em uma tigela refratária e derreta-o em banho-maria.
Retire do fogo e deixe esfriar.
Acrescente as gemas e mexa - a mistura vai ficar espessa.
Junte as especiarias e misture.
Acrescente o creme de leite e misture delicadamente, de baixo para cima, com o auxílio de uma espátula de borracha/silicone.
Na tigela grande da batedeira bata as claras em neve até que formem picos suaves.
Junte o açúcar e bata para incorporar.
Misture as claras delicadamente ao creme de chocolate, novamente misturando de baixo para cima com a espátula - a mousse deve ficar homogênea tanto na textura quanto na cor.
Transfira para seis potinhos ou copinhos com capacidade para meia xícara (120ml) cada e leve à geladeira por 3 horas ou até firmar.


O acabamento com efeito de pedrinhas fiz com amêndoas cruas picadas, mas você pode usar amendoim, castanha de caju, do Pará, farofa para sorvete ou o que tiver em casa. E a plantinha aqui é hortelã, mas seus vasinhos também podem ser de menta, melissa, tomilho ou qualquer outra plantinha não tóxica que tiver à mão. Vale até flor.

Depois de ouvir todos os ahs e ohs das visitas encantadas, você vai ver como é uma delícia curtir a fama de anfitriã caprichosa!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Caruru-do-reino, a maledeta comestível


A primeira planta que conheci na primeira vez que fui na casa da Neide foi a última que eu poderia imaginar que seria comestível. No dia anterior à minha ida lá tinha passado horas arrancando (e xingando) a maledetinha, que subia por grades e plantas em todos os lados, aqui no sítio. Ela não quer saber de educação nem de direitos iguais; vai se agarrando, subindo e embrulhando tudo o que vê pela frente, porque é exagerada e quer saber das alturas. E sobe, sobe sobe.

Caruru-do-reino (Anredera cordifolia) é o nome da desvairada. Eu não conhecia e até hoje só a vi aqui e na casa sede do Come-se, o bunker da Neide, mas ela me disse que o caruru reina por aí, nasce em jardins e terrenos abandonados, e que já o viu em mais lugares em São Paulo. A planta toda é comestível. As folhas são suculentas e nutritivas e podem ser preparadas inteiras ou cortadinhas como couve e depois refogadas. As batatinhas são parecidas com inhame: têm um pouco de baba, então podem ser cozidas em água com um pouco de limão ou vinagre, e depois refogadinhas. Ou não. Para saber todos os detalhes, características nutricionais, nomes populares ao redor do país e modos de propagação da planta, clique aqui e aqui e leia dois posts super completos.

O que fiz ao voltar para casa foi correr atrás de algum restinho do caruru-do-reino para me redimir da devastação e me desculpar fazendo dele uma bela refeição. Saí de cestinha por aí, a la Chapeuzinho, e colhi alguns ramos e batatinhas, mas só encontrei um restinho, muito menos do que joguei fora uns dias antes.

As folhas, cortei e refoguei como couve, e as batatinhas cozinhei em água sem limão nem vinagre, para conhecer o quanto de baba elas realmente têm. A conclusão foi de que fica entre o inhame e o quiabo.



Depois juntei tudo numa frigideira com um arroz integral que já estava na geladeira e mais uns enfeitinhos: tomate, cebola, salsa e cebolinha...


Rendeu um risotinho legal que comi sorrindo, surpresa, pensando na quantidade de comida boa que a gente joga fora sem saber, sem falar da que a gente já desperdiça sabendo. 'Brigada por mais essa, Neide.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Grupos, movimentos e a Horta das Corujas

Foto emprestada do blog da Horta das Corujas

Numa entrevista de 2008 ao Cambridge Programme for Sustainability Leadership, Manfred Max-Neef, autor do livro Human Scale Development (Desenvolvimento na Escala Humana - sem tradução para português), diz que "a consciência se desenvolve na escala humana. Não é algo macro. E, se você vê os movimentos, o que acontece? Cada vez mais um grupo aqui, outro grupo acolá, e um movimento aqui, um movimento social acolá estão começando a desencadear a revolução".

Ao ler este trecho da entrevista, me lembrei imediatamente da Claudia Visoni e dos Hortelões Urbanos, um grupo de jardineiros "amadores" no Facebook que troca ideias e informações a respeito do cultivo de alimentos nas cidades. A Claudia é jornalista e faz parte do grupo de idealizadores da Horta das Corujas, uma horta comunitária recém implantada numa praça da Vila Madalena, bairro de São Paulo. Ela e alguns Hortelões mexeram seus pauzinhos, pás e enxadas e fizeram virar realidade uma ideia comum a todos aqueles que espremem vasos e potinhos com hortaliças nos pequenos quintais das cidades grandes.

Depois de meses de planejamento, germinação de sementes e muita mão na terra, a Horta das Corujas foi inaugurada no último sábado com show de música, lanche comunitário e a presença de mais de 100 pessoas. Para que tudo aquilo se tornasse possível, muita mobilização, bom senso e boa vontade foram necessários: entre outras ações, a Companhia de Engenharia de Tráfego da cidade doou 80 postes de 1,50 metro de altura que seriam descartados (!), os simpatizantes da horta fizeram vaquinha para a compra de tela e arame e a prefeitura doou a mão de obra para a construção da cerca.

Para a manutenção da horta, os voluntários se dividem em uma escala e cada um é responsável por regar os canteiros em um dia da semana. E como de coisa bonita todo mundo quer participar, as escolas da região já começaram a adotar espaços e planejar aulas e projetos com os pequenos, para estimular o contato das crianças com hortaliças e incluir o tema produção de alimentos nos assuntos do dia a dia.

Daqui para frente a ideia é contagiar os que visitam o local e mostrar que quem realmente quer e se mobiliza consegue realizar um projeto como esse. Para isso, a Horta das Corujas está sempre com os portões destrancados, apostando na consciência do cidadão paulistano. Em entrevista dada ao jornal O Estado de São Paulo, Claudia diz "estamos confiando na capacidade das pessoas de respeitar um projeto assim em um espaço público.

E eu morro de vontade de entrar numa máquina do tempo para, num pulinho ao ano 2042, dar uma espiada na transformação que esse projeto terá causado na cabeça dos moradores da cidade. Certamente as crianças que plantaram na Horta das Corujas serão adultos como a Claudia e os Hortelões Urbanos, e como disse Manfred Max-Neef na entrevista, grupos aqui e movimentos acolá terão causado uma revolução.

Para conhecer mais sobre o projeto e sobre cursos e oficinas que serão ministrados pelos voluntários e colaboradores, visite o site da Horta.
E não deixe de ler o Simplesmente, blog da Claudia sobre ecologia e consumo consciente.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Come-se presentes

Acima à esquerda, mangaritos. À direita carás-moela e abaixo orelhas de padre

A teoria dos 6 graus de separação foi elaborada por pesquisadores da Microsoft e diz que todas as pessoas do mundo estão separadas umas das outras por apenas 6 laços de amizade, mas a julgar pela quantidade de coincidências que tenho vivido, certamente essa média vem caindo.

Na última segunda-feira tive a oportunidade de conhecer a Neide, do blog Come-se, atravessando a ponte de um único grau de separação entre nós. Fui levar para ela, em São Paulo, uma muda de limão Yuzu mandada pelo Edilson Giacon, do viveiro Ciprest.
Do Edilson sou cliente fiel; é um dos nomes mais conhecidos no ramo do cultivo e comércio de plantas especiais no Brasil. Se ele não conhece a espécie ou não sabe onde encontrar, é porque ela não existe - ao menos no país. E da Neide sou leitora assídua e cada vez mais admiradora; no blog aprendo sobre cozinha criativa, saudável, sem preconceitos e conheço novos ingredientes, além de escrever melhor só por ler o que ela publica. Texto bom tem esse poder. E, pra melhorar, a danada agora anda fazendo experiências no mundo das plantas, curtindo belezas e curiosidades das árvores e sementes que ganha ou encontra por aí.

Neide mora numa casa linda, toda amarelinha, e logo no início já vem se desculpando que o quintal está uma bagunça, que ela não é uma boa anfitriã... Mas é tudo modéstia, porque o quintal cheio de potinhos com mudas e sementes germinando não podia ser mais interessante, sem falar no chá com pão e geleia caseiros que convidam a passar o resto do dia lá.
Durante uma hora e meia que nem vi passar trocamos histórias, curiosidades, experiências, descobrimos mais amigos em comum e eu, que era só portadora de um presente, saí com as mãos cheias de coisas novas a experimentar. Ganhei mangaritos, carás-moela e orelhas de padre, que nunca comi nem plantei mas conheço das páginas do Come-se. Diversão garantida para os próximos meses, plantando e comendo meus presentes.

 E que seleto grupo de amigos e conhecidos, o meu.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Fusilli tricolore al pesto


Dia de macarrão ao pesto é aquele em que você bate o olho no manjericão e diz "caramba, como cresceu!". E antes que ele comece a ficar meio tombado por não aguentar o próprio peso, mande ver numa poda radical.
Com uma tesoura ou faquinha afiada corte um bom tanto da parte mais alta da planta, tomando o cuidado de deixar pelo menos um palmo de cada galho com folhas, para que logo venham novos brotos.
De posse de um lindo buquê perfumado, é hora de preparar o almoço.

Antes de mais nada devo dizer que nesse momento uma receita faz toda a diferença.
Sempre fiz pesto no olho, começando com todas as folhas de manjerição e batendo aos poucos, cada vez colocando um pouco mais de azeite até chegar à consistência certa.
Nunca errei, mas confesso que passava um pouco de raiva a cada vez que apertava o botão ligar e as folhas eram arremessadas para cima colando nas paredes do copo do liquidificador. Aí toca abrir a coisa, empurrar o manjericão para baixo com uma colher e... voava tudo pra cima outra vez. Uma, duas, três..., seis... oito vezes, até ficar pronto.

Ontem, minutos depois de dizer ao meu manjericão "caramba, como você cresceu!", abri o Technicolor Kitchen (blog imperdível pra quem gosta de cinema e comida boa) e me deparei com uma receita de pesto.
Sim, eu acredito em sinais.
E então, com uma referência de proporções que sempre tive preguiça de pesquisar, pude começar ao contrário: primeiro o azeite, no fundo do copo, e depois as folhas de manjericão aos poucos. Assim vai-se formando um creminho que não voa, e em 3 minutos seu molho pesto está pronto, bem verdinho e perfumado.

É assim:

- 3/4 de xícara de azeite de oliva extra virgem (180 ml)
- 1 + 1/2 xícara de folhas de manjericão (aperte-as um pouco dentro da xícara para ficar bem medido)
- 3 dentes de alho
- 2 colheres de sopa de nozes picadas
- 4 colheres de sopa de queijo parmesão, de preferência ralado na hora
- pimenta do reino
- sal

Coloque o azeite no copo do liquidificador e vá acrescentando aos poucos as folhas de manjericão.
Depois coloque os dentes de alho, as nozes, o sal, a pimenta e bata mais um pouco até tudo sumir.
Então passe o pesto para uma tigela e misture o queijo parmesão.

Ferva o macarrão, escorra bem e misture o pesto na hora de servir.
Um pouco mais de queijo por cima da massa já servida no prato faz toda a diferença, no visual e no sabor.

Algumas observações:
- se comprar um maço de manjericão no mercado, escolha os de folha maior, que facilitam muito sua vida na hora de lavá-los.
- depois de lavadas as folhas devem ficar um tempo escorrendo, para perder o excesso de água. E, se tiver tempo e paciência, passe-as por folhas de papel toalha para secar um pouco mais.
- aqui, como sou eu quem cuida do manjericão e anda chovendo sem parar, usei tudo sem lavar, com uma boa inspeção em busca de bichos. Do mesmo jeito que chupamos fruta no pé, comemos manjericão direto do vaso.

E sobre o Technicolor Kitchen:
Se você tem problemas com gula e/ou calorias, não clique no link. O blog é uma delícia, as receitas são super especiais, as fotos são lindas e a Patrícia tem um jeitinho simpaticíssimo, daqueles de quem certamente viraria uma ótima amiga.
Já fiz mais de uma receita das recomendadas por ela e posso garantir: não pararei por aqui!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Esta verde casa na revista AnaMaria!

A revista AnaMaria desta semana indicou o De Verde Casa como um dos 7 sites que facilitam sua rotina doméstica.
Clique na imagem para ampliar e ler todas as indicações.
E daqui vão nossos mais sinceros agradecimentos. Muito obrigada!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Louça ecológica

Foto: Neide Rigo

Ando viciada no Come-se, da Neide Rigo, blog IMPERDÍVEL pra quem curte cozinha.
Das receitas tradicionais às mais experimentais, lá tem de tudo. Pra ficar ainda mais gostoso, as fotos são ótimas e o texto é sempre temperado com boas sacadas e humor super inteligente.
E se não bastasse isso, às vezes ela ainda aparece com ideias incríveis como essa da foto, dos pratos ecológicos.
Pra te deixar com vontade de saber mais, conto só que são pratos descartáveis (mas reutilizáveis) feitos com bainhas de folhas de palmeiras. O resto não vou nem explicar, porque ninguém melhor do que ela pra contar tudo com fotos e descrição detalhada do passo a passo.
Visite o Come-se e me diga se os seus pratinhos descartáveis de plástico não estão encolhidos de vergonha no fundo do armário!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A grama artificial mais bonita de todos os tempos!

Tá bom, tá bom, eu sei que esse não é um blog de crafts, mas...
Juntou grama com tricot e eu não resisti! Só podia mesmo ser um achado das meninas do Superziper: um tapete de grama feita de tricot! Pra dar um toque verde no chão da sala ou fazer um pic nic com cara de parque no seu quintal cimentado.
Ainda não experimentei, mas não parece ser difícil nem muito demorado. Hoje é sexta, véspera de final de semana prolongado, quem sabe você não passa num armarinho no final do dia e compra o material? Algumas horinhas tricotando e sua grama fica pronta ainda pro feriado!
Clique aqui, aprenda como fazer e corra para produzir a sua!
PS: a foto veio do Superziper, blog obrigatório para quem gosta de tricot, costura e crafts em geral.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O canal da biodiversidade

Conheci a jornalista Liana John assistindo a uma palestra em São Paulo há cerca de dois meses. Ouvi-la falar é tão interessante quanto ler seus textos. Ela é jornalista ambiental e escreve nos principais jornais e revistas do país sobre recursos naturais, ciência, conservação, mudanças climáticas e diversos outros assuntos ligados a ecologia.
Desde julho ela publica também o blog Biodiversa, onde escreve sobre biodiversidade e sobre como todos nós estamos dependentes dela de alguma forma, seja comprando, fazendo opções de alimentos, desenvolvendo tecnologias e em outras tantas vivências do dia-a-dia.
Acesse e descubra que cascas de camarão podem ajudar a limpar vazamentos de petróleo, que o óleo de buriti, palmeira nativa brasileira, pode substituir o óxido de titânio em lâmpadas LED e que uma árvore da Mata Atlântica chamada Cabeludinha pode ser a base para um analgésico de 15 a 20 vezes mais potentes do que o comprimido que você toma para a sua dor de cabeça.
O blog ainda é novo, então durante o final de semana você consegue botar em dia a leitura dos posts desde o início. Depois, é só acompanhar as novidades. Não perca!