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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Grandes vasos leves


Desde que comecei a usar vasos grandes, minhas plantas melhoraram e o visual da varanda e do jardim também. No quesito, digamos, ornamentação, percebi que vasinhos pequenos no chão não preenchem bem os espaços e sempre me deixam com a sensação de estar numa casa de bonecas, onde tudo é pequenininho e eu sou gigante. Sem falar que a planta fica confinada num pouquinho de terra que logo perde sua capacidade de nutrição, e aí só a adubação frequente salva.

Aos poucos comecei a investir em vasos maiores - de 40 a 60 cm de altura - e tudo foi ficando bem mais bonito. Mas continuei com um problema antigo e ganhei um problema novo: vasos de barro, meus preferidos, secam muito rápido por causa da porosidade do material. Isso eu já sabia. A novidade foi lidar com o peso dos grandões, que preciso arrastar uma vez ou outra para fazer faxina e quando quero mudar a localização deles na casa. Sem falar no trabalho que deram para entrar e sair do caminhão de mudança, há quase dois anos.

Daí me deu os "cinco minutos" e acabei planejando novos remanejamentos. Nos dias em que sobra um tempinho (e paciência, e disposição e vontade de reformar, reformar e reformar), escolho duas ou três plantas que precisam de uma garibada na terra e parto para o ataque. O primeiro passo é tirar tudo de dentro do vaso. Depois, com uma escovinha de tanque, lavo o barro por dentro até tirar todo o resto de terra e coloco no sol pra secar bem.

No dia seguinte, com o vaso bem seco, é a hora da impermeabilização com tinta asfáltica, dessas que se encontra em qualquer loja de material de construção. Ela fecha todos os poros do barro, impedindo que a terra seque muito rápido. O vaso acaba se comportando como se fosse de plástico e só perde umidade pelo furinho de baixo e pela evaporação normal que acontecem em cima, na superfície da terra.

Aplico Neutrol só por dentro, nas laterais e no fundo, sem muitas cerimônias nem preparativos porque ando meio sem paciência. Fiz um furinho no bico de plástico da tampa da lata e vou vertendo a tinta dali mesmo, nas paredes do vaso. Depois espalho com pincel. Nada de bandejinha, rolinho e outros apetrechos especiais. Tem que ser prático e rápido, senão acabo desistindo antes de fazer em todos.



Algumas vezes dei duas mãos, com algumas horas de intervalo entre elas. Em outras, pintei uma vez só e pronto. Vai servir como experiência, pra descobrir se faz diferença.

Depois da pintura, vem um jeito diferente de remontar o vaso. Antes eu colocava um pouco de pedras ou bolinhas de argila expandida no fundo, para a drenagem da água, depois manta de bidim ou uma camada de areia e enchia todo o resto do espaço com terra (se você não tem experiência com vasos, veja aqui os porquês). Mas aí quem aguenta mover o vaso de lugar?

Agora inventei um fundo falso nos vasos para plantas de pouca raiz, que não precisam de tanta profunidade de solo para se alimentar. É uma maneira de economizar terra e diminuir o peso total do vaso.


Na foto acima, ocupei 30 cm do fundo com latas e garrafas PET que tinha separadas para a reciclagem. Vale também colocar um vaso de plástico quebrado com a boca para baixo, ou uma lixeirinha velha, um baldinho estragado ou qualquer outra coisa que se possa resgatar do descarte. A ideia é não comprar nada e reaproveitar o que está sobrando. Só não use nada biodegradável que vá se decompor nos próximos 10 anos, senão um dia você será surpreendido com o desabamento da sua planta lá para o fundo do vaso.

Depois de resolvido o fundo falso é preciso criar uma base de sustentação da terra capaz de impedir que ela preencha os muitos vãos entre as latas. Isso vai manter o fundo leve e impedir que a terra saia pelo buraquinho de escoamento da água.

A Cuca tem certeza que manta de bidim é paninho de cachorro.
Foi difícil trabalhar com ela deitada em cima.


No vaso das fotos usei uma manta de bidim (manta acrílica para vasos) só porque tinha um retalho antigo em casa, mas também vale um fundo de balde que se ajuste bem, um retalho de cobertor velho, um pedaço de saco de ração de cachorro ou qualquer outro material que se possa moldar com facilidade para isolar as latas lá embaixo.

Daí em diante é o de sempre: terra de boa qualidade até quase em cima, depois ajeitar a base das plantas mais ou menos na altura da boca do vaso, e então completar o que falta de terra. 



Faltou explicar como é que se sabe quando uma planta não precisa de muita profunidade de terra, não faltou? Pois bem, é preciso observar e pesquisar, além de uma boa dose de bom senso.

Uma arvoreta, como uma pitangueira ou jaboticabeira, pode crescer feliz e até dar frutos num vaso grande, mas dê de presente a ela a maior quantidade de terra que puder e ela retribuirá com um bela produção. Além dessa questão da terra abundante para que ela possa se alimentar, é muito importante um vaso bem pesado para que o conjunto todo não tombe quando a árvore crescer, então vasos com fundo falso não são boas opções para arvoretas.

Pequenos arbustos e outras muitas formas de plantas ornamentais têm exigências variadas de espaço para suas raízes. Algumas querem profundidade e não ligam para largura, outras, como a maioria das ervas, querem se esparramar só no rasinho mesmo, então um bom ponto de partida é observar o vaso onde sua planta estava quando veio da loja ou a conformação das raízes quando você desfez seu antigo vaso para reformá-lo.

Na dúvida, garanta terra em pelo menos metade do volume dos vasos grandes, principalmente se sua planta já vivia bem num vaso menor, e observe como suas raízes se espalharam quando fizer os próximos transplantes e reformas.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Reaproveitando, sempre

 
Um saco de 15 kg de ração de cachorro e algumas embalagens de chocolate foram retalhados esta manhã e transformados em etiquetas de identificação para mudas de árvores nativas.
Normalmente, numa venda de mix de espécies, algumas mudas de cada lote vão indentificadas com nome popular e/ou científico, conforme o que quer o cliente.
Como estamos em tempos de economia, reaproveitamento e reciclagem, temos pensado todas as ações do viveiro de maneira que gastem o mínimo possível de material novo, além de priorizar os recicláveis, os reciclados, e ainda gerar quase nada de lixo. Por isso tudo, deixamos de comprar etiquetas de identificação e criamos as nossas próprias.

Neste caso, quase qualquer embalagem plástica flexível serve, desde que tenha uma superfície onde se possa escrever com caneta para retroprojetor. Já tentei usar papel, mas com algumas chuvas ele se desmancha ou rasga quando se engancha em qualquer coisa.

Para que o serviço fique limpo, bem feito e a indentificação dure o máximo possível, abri as embalagens cortando fora as soldas e acabamentos, lavei a face de dentro com buchinha e sabão de coco (para tirar restos de alimento e a oleosidade, que impede a fixação da tinta permanente) e daí cortei tudo em tiras. Numa das pontas fiz um corte, assim posso enfiar ali a outra ponta da tira, envolvendo o tronco numa espécie de gravatinha.
Ao cliente, cabe encaminhar o material para reciclagem quando tiver feito seu plantio, suas plaquinhas definitivas e não precisar mais de nossas etiquetas.

E assim vamos reaproveitando materiais e transformando as coisas, gerando menos lixo e reduzindo o uso de matéria prima para novos produtos.


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Latas com alça e outras embalagens reaproveitáveis


Mais um upcycle da casa da Mamma: latas de tamanhos variados ganharam alça de folha de flandres e viraram medidores de milho para os gansos e de ração para os bichos da casa.
Os gatos comem a medida certinha da lata menor, dessas de atum, e os cachorros ganham a quantidade da lata grande, de pêssego em calda. Quem fez as alças foi o calheiro, profissional das calhas e rufos para telhado. Cada uma custou R$ 2,50 e, certamente, foi feita com sobra de material. Mais um aproveitamento.

Tem muita lata jeitosinha no supermercado, e um critério de escolha dos produtos na hora da compra pode ser também o aproveitamento da embalagem. Vidros com e sem tampa, como os de requeijão e geleia, já são um clássico e viram copos e porta-parafusos na casa de todo mundo, mas com um pouco de criatividade e adaptação muito mais coisas podem ser inventadas. Às vezes a ideia não vem de imediato, mas passar uns dias olhando para uma embalagem interessante, de material de qualidade ou formato curioso pode ser o que sua imaginação precisa para dar um bom uso a ela.
E assim a gente vai parando de comprar porta-sabão em pó, porta temperos, porta-shampoo, porta-sabonete, porta...

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Upcycle parte II - Faça sua parte e ganhe sua recompensa

Este post já estava mais do que planejado e eu enrolando.
O plano era fotografar mais uma ideia de upcycle e, com sorte, alguns de seus beneficiados, quando acabou acontecendo uma surpresa das boas.

A upcyclagem é de uma antiga grade de ventilador que virou comedor de pássaros; ótima ideia porque, melhor que um prato convencional, a grade deixa a chuva passar mantendo as frutas sempre secas, ao invés de mergulhadas na água.
Três ou quatro arames unidos pelas pontas de cima são o suficiente para manter a traquitana pendurada e pronto, é só abastecer com frutas e, se quiser, um pratinho fundo com água para incrementar a refeição.


Procure um local sombreado e instale o seu. Vale parapeito de janela de apartamento, uma aba de telhado ou, claro, os galhos de uma árvore no quintal ou na calçada.
Se o melhor lugar para pendurar seu comedor foi muito alto, lance mão de roldanas e instale-o como um varal, que sobe e desce.
Dentro de alguns dias a turminha começa a perder a desconfiança e se entrega às delícias, é batata. Ou melhor, frutas.
Se você se distraiu e a banana pretejou ou o mamão começou a amolecer demais, ainda da para aproveitá-los e alimentar a passarada. Laranja e abacate também são ótimas opções.
Mesmo que você more em uma cidade grande e movimentada, sabiás, bem-te-vis e sanhaços azuis serão visitas frequentes na sua janela, acredite.

Sanhaço-azul ou Sanhaço-cinzento - Thraupis [sayaca] sayaca

Mas eis que, às 10:40 da manhã, quando eu ainda nem estava de câmera em punho, vem A visita especial se alimentar no "ventilador":

Tucano de bico verde - Ramphastos [dicolorus] dicolorus

Foi um tal de sair correndo que quase não deu. Mas deu. Na verdade era um casal e eu não consegui registrar os dois juntos, mas esse simpático da foto passou um tempo alternando grandes bicadas nas frutas com olhares para mim, desconfiado como todas as aves mas bem à vontade. São 48 cm de lindas penas coloridas e brilhantes em plena Granja Viana, a 14 km do centro de São Paulo.

Receber uma visita dessas no quintal é emocionante a ponto de fazer o coração disparar. A mamma, dona do point, conta de outros ilustres visitantes do "comedor de ventilador" que já fizeram seu sangue correr mais rápido. Em determinadas épocas do ano são bastante frequentes diversas espécies de papagaios grandes e pequenos, saguis e até o Jacu de barriga castanha - Penelope [jacucaca] ochrogaster já apareceu para comer frutas. Uma ave enorme, 77 cm do bico à ponta da cauda, quase do tamanho de um peru. 

Definitivamente, só deixa de aproveitar as partes de um antigo ventilador estragado quem não gosta de grandes emoções.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Upcycle. Faça a sua parte


Muita gente tem vergonha de garimpar objetos descartados em "lixos" e caçambas de entulho por aí, mas os corajosos que já adotaram essa prática têm produzido coisas super úteis e bonitas com um pouco de visão e habilidade manual.
A receita é nem ligar se estão te olhando na rua e passar um tempo observando o que pode ser reaproveitado, com a cabeça aberta para reconhecer potenciais e deixar a criatividade trabalhar.

Ontem, o almoço na casa da Catharine - garimpadora habilidosa e de muito bom gosto - foi cheio de ótimos exemplos. Na primeira foto deste post, a mais recente adaptação: um suporte de alguma coisa, encontrado no lixo do condomínio, foi lixado, pintado e transformado em pendurador de parte da coleção de suculentas, que já há tempos mora nas casquinhas de coco produzidss lá mesmo, no quintal.
Essa, aliás, é uma história a parte. Catharine colhe os cocos do pé e os pendura para secar. Quando estão no ponto, quem faz a limpeza das cascas secas é o Marley, cruzamento super feliz e inteligente de Labrador com vira-lata. Marley rói coco por coco, tirando todas as fibras e deixando sobrar só a parte dura. Depois é só abrir, limpar por dentro e furar o fundo, para o escoamento da água das regas.
Infelizmente fico devendo a foto do Marley trabalhando, que deve ser a melhor parte desse processo de beneficiamento dos cocos!

Na foto abaixo, a horta de temperos plantada dentro de recipientes descartados de filtro de piscina. Os tambores iam para o lixo (reciclagem, provavelmente), mas foram recuperados a tempo e cortados ao meio, rendendo ótimos vasos de 50 litros cada um.


E por lá as plantas, além de lindas, estão sempre em suportes bonitos e criativos. Abaixo, a Phalaenopsis sp. dentro de um cesto de fibra natural e, na última foto, uma Oncidium sp. plantada numa bainha de folha de palmeira.
Por falar nisso, já mostrei um outro exemplo de aproveitamento de bainhas, aqui.



Esses, aliás, são exemplos perfeitos de UPCYCLE, um conceito criado recentemente no mundo da reciclagem. To upcycle significa produzir uma coisa a partir de outra, dar um novo uso a um objeto usado e descartado. Dessa maneira não se desperdiça algo que já foi produzido e economiza-se na produção de um novo produto. É um jeito de reduzir a geração de lixo e evitar um novo gasto de matéria-prima e energia de produção*.

Só para lembrar, o upcycle é diferente da reciclagem, que é o rebeneficiamento de matéria-prima que novamente abastecerá o processo de produção de algo. Por exemplo: latinhas de alumínio que são derretidas para produção de novas latinhas de alumínio ou de outros produtos feitos a partir de alumínio reciclado, como quadros de bicicleta, esquadrias para janelas, peças para indústria automotiva, obejtos de decoração, etc.

Então que tal olhar em volta de você e dar um passeiozinho por aí de cabeça aberta, procurando oportunidades de "upcyclar" e fazer a sua parte?
Inspire-se nos exemplos!

* Quer ver mais "upcyclagens"? Clique aqui e aqui para ler sobre a construção da minha primeira horta, lá no ínício da história desta Verde Casa, aqui para uma casinha de passarinho também feita de coco e aqui para coleta de água da chuva em tambores reaproveitados.