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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Lixo no quintal dos outros é refresco


Nada como ter o problema perto, muito perto de você, para tratá-lo com seriedade.

A área rural onde moro fica a 3 km do centro da cidade. É perto, e isso me agrada porque não é preciso fazer longas viagens para ir ao banco, ao supermercado e outros lugares onde a gente vai sempre. Mas na nossa porta não passam o carteiro nem o lixeiro. O problema da correspondência é facilmente resolvido com o aluguel de uma caixa postal na agência da cidade, mas o do lixo…

A solução é a mesma de quando não existia lixeiro passando na porta de ninguém: um buraco no quintal. Cava-se o mais fundo possível e no entorno da boca do buraco vai uma paredinha de tijolos, para evitar o acesso de ratos e cachorros. Algo de 80 cm de altura. Nos mais de 60 anos em que existe o sítio, o buraco do lixo já foi em diversos lugares. Isso porque com o passar do tempo ele vai enchendo, e um dia é necessário encerrá-lo para abrir um novo.

Se tivéssemos visão de raio X passearíamos pelo jardim enxergando um museu de tudo o que já foi descartado aqui. Felizmente, há 50, 60 anos não eram tantas as embalagens de plástico, e latas de diversos tipos normalmente eram reaproveitadas para outros fins, então muito do que foi enterrado provavelmente já se decompôs e está reintegrado à natureza.

Hoje é que o bicho, ou melhor, o lixo pega. Separamos para reciclagem tudo o que é possível, mas acontece de aparecer uma embalagem sem identificação de tipo de material (o número dentro do triângulo de setas) ou algo tão sujo e engordurado que não pode ser reciclado. Uma embalagem de queijo parmesão, por exemplo, que tem tanto óleo que até escorre. E aí, quem tem coragem de simplesmente jogar aquilo no buraco do lixo, sabendo que o plástico leva 400 anos para se decompor? Enterrar resolve? O que os olhos não vêem o coração não sente?

Uma coisa é transferir o problema para o lixeiro - aquele incrível mágico ilusionista que passa de porta em porta fazendo tudo desaparecer -, outra coisa é ser responsável por cada coisinha que você enterra a 40 metros da sua cozinha, embaixo das plantas bonitas que escolheu a dedo e plantou com as próprias mãos. No fundo é tudo a mesma coisa, o plástico estará enterrado aqui ou no lixão, mas a responsabilidade de cuidar daqui me mobilizou ainda mais.

O resultado é que as experiências e os desafios vão nos aperfeiçoando, e que bom que é assim. Cada vez compro menos coisas embaladas, menos comidas industrializadas, menos glutamato monossódico, e tenho feito mais pães, bolos, biscoitos, arroz, feijão, sopas a partir de vegetais frescos… e no fim das contas não só nós somos beneficiados com toda essa comida de verdade, mas o lixo também. Sobram mais cascas e menos pacotes. Mais matéria orgânica compostável e menos embalagens.

Nos casos de pacotes recicláveis porém engordurados demais, em respeito às usinas que recebem o material que separamos tenho lavado tudo com água e bastante sabão de coco. Não dá trabalho nenhum e torna aproveitável a matéria prima já processada. E não venham me dizer que eu gasto mais água na lavagem do que a usada na produção de um pedaço de plástico novo, porque não é só isso que está em jogo. O pedaço de terra que está sob minha responsabilidade agradece. O seu aterro sanitário também agradeceria.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Como evitar o ressecamento de vasos pendentes. Ou: usando a sacolinha plástica para o bem


Nos objetos do jardim, sempre preferi materiais rústicos e naturais aos plásticos e artificiais. Sei lá, acho que eles têm mais a ver com plantas, natureza, com o "visual botânico", digamos assim. Apesar de já ter comprovado alguns benefícios dos vasos plásticos em relação aos de barro e os de fibras orgânicas, não consigo conviver com aquele visual preto brilhante e nem com os marrons que imitam barro.

Gosto mesmo quando aquele avermelhado da terracota vai ganhando manchas de umidade, e quando o xaxim e a fibra de coco ficam esverdeados de musgo. Tenho sempre a impressão de que ali se forma um micro-bioma, um ambiente cheio de vida espontânea que abriga seres microscópios que eu não vejo mas que estão interagindo com a minha planta. E estão mesmo.

Só que qualquer pessoa com um mínimo de prática com plantas já percebeu que tanto os vasos de barro quanto os de fibras naturais secam muito mais rápido que os de plástico. Se o tempo está quente, seco demais ou ventando, não há rega que dure. Você molha num dia e logo sua planta já te pede mais água. 

Isso acontece porque esses materiais são porosos e permitem que a umidade da terra vá embora facilmente. Às vezes, se estão secos demais, eles funcionam até como esponja, absorvendo a água que deveria ficar na terra, disponível para as raízes. Se você adora regar plantas, tem poucos vasos porosos ou muito tempo disponível, tudo bem. Mas se tempo ou disciplina são artigos raros na sua vida, é batata: suas consciência está sempre pesada porque suas plantas estão secas e não tão bonitas quanto poderiam estar. Assim era eu.

Mas um dia deu os "cinco minutos" e eu combinei comigo mesma que reformaria todos os vasos, trocando a terra antiga por uma novinha e adubada com húmus ou esterco e aproveitaria o embalo pra pintar todos por dentro com impermeabilizante. Falei sobre isso aqui.

Ainda estou nesse movimento, reformando aos poucos os muitos vasos de barro. Só na hortinha de temperos são quinze. No entorno da casa tem outros quinze, mais ou menos. Falta um tanto pra reformar mas tudo bem, é atividade relax, sem data marcada pra terminar.

Só que além dos de barro tenho mais quatro ou cinco de fibra de coco, pendurados, com plantas pendentes, e finalmente de um modelo que eu gosto. Meus preferidos de pendurar eram os de xaxim, feitos a partir do tronco de uma planta nativa do Brasil que se chama Dicksonia sellowiana - nome popular: samambaiaçú. Acontece que depois de muitos anos de extração descontrolada dessa planta, a comercialização dos vasos de xaxim foi proibida para evitar a extinção da espécie, já que para produzir os vasos mata-se o samambaiaçú e nunca houve a preocupação de plantios para reposição. Mas isso é história pra um outro post.

Diante da proibição do xaxim, começaram a aparecer no mercado outras opções de vasos de fibra natural, e certamente os que mais se estabeleceram foram os modelos feitos de fibra de coco. Existem diversas tecnologias de produção e diversos modelos de vasos, mas em todos os casos existe o mesmo problema de ressecamento da terra, assim como acontece nos vasos de barro. Só que os de fibra não dá pra pintar por dentro. 

A solução que encontrei foi forrá-los com uma sacolinha plástico, que faz as vezes da tinta impermeabilizante. Qualquer sacolinha serve, desde que não seja de plástico biodegradável, senão em alguns meses ela se decompõe. É importante encontrar uma sacolinha do mesmo tamanho ou um pouco maior que a parte interna do vaso, pra que a forração fique bem ajustada, e fazer um ou dois furos no fundo, pra que o excesso de água possa pingar para fora.


Neste caso minha primeira opção de sacolinha (na foto acima) ficou um pouco pequena, então acabei trocando por outra maior.


Primeiro abri a sacolinha dentro do vaso e depois cortei a parte das alças um pouco abaixo das bordas da fibra, pra que o plástico não fique aparecendo depois de tudo pronto.


Colocar um pouco de terra no fundo ajuda a fazer a sacolinha parar quieta no lugar. Assim fica mais fácil fazer o corte das beiradas.

Depois é só continuar com o jeito normal de montar vasos: um tanto de terra no fundo, o torrão com a planta e mais terra em volta e em cima para preencher todo o espaço. E assim você tem um vaso de fibra de coco que mantém a umidade da terra como um vaso de plástico. Bingo!

Obs: No caso de vasos pendentes eu não costumo fazer a camada de drenagem abaixo da terra (veja aqui), já que pelo furo do fundo a água pinga livre, sem obstáculos.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Preparativos para festa junina - parte 2. Garrafinhas para suco


Tem gente que chama de frescura, mas pra mim o nome é certo mimo. 'Inda mais em se tratando de festa junina, onde tudo é feito com capricho e as meninas se empetecam de saias rendadas e tranças amarradas com fita.

Ainda no clima da preparação das bandeirinhas e outras bonitezas, chegou o momento de usar as garrafinhas de leite de coco que venho juntando há quase dois anos. Desde o começo da "coleção" já visualizava esse jeito de servir suco mas ainda não tinha tido oportunidade de experimentar.

É tudo simples e rústico, como pede a festa. A juta tem uns 4 cm  de largura e foi aproveitada de uma embalagem para presente; as tirinhas de chita sobraram do corte das bandeirinhas, e os canudos, único item comprado, vieram do supermercado do bairro.

Se as garrafinhas estão prontas com antecedência, o trabalho de servir durante a festa é o mesmo de encher copos. Com uma jarra e um funil, rapidinho você dá conta do recado. E não tem convidado que não se sirva dizendo ai, que bonitinho...

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O Banco do Brasil e o saquinho de jornal para lixo


Neste final de semana, folheando a revista Veja de 20 de junho do ano passado, por acaso encontrei anúncio do Banco do Brasil ensinando a fazer o saquinho de jornal, lançado por esta que vos escreve em 6 de dezembro de 2009.

 
Mais uma vez fiquei orgulhosa pela grande aceitação da ideia, mas triste pela ausência de crédito da fonte, uma vez que até as legendas das ilustrações são praticamente iguais às minhas. Clique aqui para ver a postagem original e compare.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Grandes vasos leves


Desde que comecei a usar vasos grandes, minhas plantas melhoraram e o visual da varanda e do jardim também. No quesito, digamos, ornamentação, percebi que vasinhos pequenos no chão não preenchem bem os espaços e sempre me deixam com a sensação de estar numa casa de bonecas, onde tudo é pequenininho e eu sou gigante. Sem falar que a planta fica confinada num pouquinho de terra que logo perde sua capacidade de nutrição, e aí só a adubação frequente salva.

Aos poucos comecei a investir em vasos maiores - de 40 a 60 cm de altura - e tudo foi ficando bem mais bonito. Mas continuei com um problema antigo e ganhei um problema novo: vasos de barro, meus preferidos, secam muito rápido por causa da porosidade do material. Isso eu já sabia. A novidade foi lidar com o peso dos grandões, que preciso arrastar uma vez ou outra para fazer faxina e quando quero mudar a localização deles na casa. Sem falar no trabalho que deram para entrar e sair do caminhão de mudança, há quase dois anos.

Daí me deu os "cinco minutos" e acabei planejando novos remanejamentos. Nos dias em que sobra um tempinho (e paciência, e disposição e vontade de reformar, reformar e reformar), escolho duas ou três plantas que precisam de uma garibada na terra e parto para o ataque. O primeiro passo é tirar tudo de dentro do vaso. Depois, com uma escovinha de tanque, lavo o barro por dentro até tirar todo o resto de terra e coloco no sol pra secar bem.

No dia seguinte, com o vaso bem seco, é a hora da impermeabilização com tinta asfáltica, dessas que se encontra em qualquer loja de material de construção. Ela fecha todos os poros do barro, impedindo que a terra seque muito rápido. O vaso acaba se comportando como se fosse de plástico e só perde umidade pelo furinho de baixo e pela evaporação normal que acontecem em cima, na superfície da terra.

Aplico Neutrol só por dentro, nas laterais e no fundo, sem muitas cerimônias nem preparativos porque ando meio sem paciência. Fiz um furinho no bico de plástico da tampa da lata e vou vertendo a tinta dali mesmo, nas paredes do vaso. Depois espalho com pincel. Nada de bandejinha, rolinho e outros apetrechos especiais. Tem que ser prático e rápido, senão acabo desistindo antes de fazer em todos.



Algumas vezes dei duas mãos, com algumas horas de intervalo entre elas. Em outras, pintei uma vez só e pronto. Vai servir como experiência, pra descobrir se faz diferença.

Depois da pintura, vem um jeito diferente de remontar o vaso. Antes eu colocava um pouco de pedras ou bolinhas de argila expandida no fundo, para a drenagem da água, depois manta de bidim ou uma camada de areia e enchia todo o resto do espaço com terra (se você não tem experiência com vasos, veja aqui os porquês). Mas aí quem aguenta mover o vaso de lugar?

Agora inventei um fundo falso nos vasos para plantas de pouca raiz, que não precisam de tanta profunidade de solo para se alimentar. É uma maneira de economizar terra e diminuir o peso total do vaso.


Na foto acima, ocupei 30 cm do fundo com latas e garrafas PET que tinha separadas para a reciclagem. Vale também colocar um vaso de plástico quebrado com a boca para baixo, ou uma lixeirinha velha, um baldinho estragado ou qualquer outra coisa que se possa resgatar do descarte. A ideia é não comprar nada e reaproveitar o que está sobrando. Só não use nada biodegradável que vá se decompor nos próximos 10 anos, senão um dia você será surpreendido com o desabamento da sua planta lá para o fundo do vaso.

Depois de resolvido o fundo falso é preciso criar uma base de sustentação da terra capaz de impedir que ela preencha os muitos vãos entre as latas. Isso vai manter o fundo leve e impedir que a terra saia pelo buraquinho de escoamento da água.

A Cuca tem certeza que manta de bidim é paninho de cachorro.
Foi difícil trabalhar com ela deitada em cima.


No vaso das fotos usei uma manta de bidim (manta acrílica para vasos) só porque tinha um retalho antigo em casa, mas também vale um fundo de balde que se ajuste bem, um retalho de cobertor velho, um pedaço de saco de ração de cachorro ou qualquer outro material que se possa moldar com facilidade para isolar as latas lá embaixo.

Daí em diante é o de sempre: terra de boa qualidade até quase em cima, depois ajeitar a base das plantas mais ou menos na altura da boca do vaso, e então completar o que falta de terra. 



Faltou explicar como é que se sabe quando uma planta não precisa de muita profunidade de terra, não faltou? Pois bem, é preciso observar e pesquisar, além de uma boa dose de bom senso.

Uma arvoreta, como uma pitangueira ou jaboticabeira, pode crescer feliz e até dar frutos num vaso grande, mas dê de presente a ela a maior quantidade de terra que puder e ela retribuirá com um bela produção. Além dessa questão da terra abundante para que ela possa se alimentar, é muito importante um vaso bem pesado para que o conjunto todo não tombe quando a árvore crescer, então vasos com fundo falso não são boas opções para arvoretas.

Pequenos arbustos e outras muitas formas de plantas ornamentais têm exigências variadas de espaço para suas raízes. Algumas querem profundidade e não ligam para largura, outras, como a maioria das ervas, querem se esparramar só no rasinho mesmo, então um bom ponto de partida é observar o vaso onde sua planta estava quando veio da loja ou a conformação das raízes quando você desfez seu antigo vaso para reformá-lo.

Na dúvida, garanta terra em pelo menos metade do volume dos vasos grandes, principalmente se sua planta já vivia bem num vaso menor, e observe como suas raízes se espalharam quando fizer os próximos transplantes e reformas.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Etiquetas de alumínio para identificar mudas


Já há tempos estou para mostrar um jeito definitivo de identificar plantas e qualquer coisa que esteja ao ar livre e precise carregar um nome por muito tempo. Nossas plaquinhas de alumínio são prata da casa; foram inventadas aqui mesmo, no viveiro, diante da necessidade de identificar as mais de 150 espécies de árvores, palmeiras e outras plantas que cultivamos.

Grande parte da nossa produção podemos reconhecer num relance, assim como os pescadores reconhecem os peixes e os astrônomos as constelações, mas diante das milhares de variedades de árvores e plantas deste enorme bioma privilegiado - são mais de 10.000 espécies só de árvores nativas do Brasil - sempre haverão as novatas no viveiro, que ainda não conhecemos, ou mesmo as antigas que, por algum motivo, nunca memorizamos o nome. Sem falar nas sementes que germinam parecido, como as diversas cores de ipês, e as variações de uma mesma cor, como o ipê roxo e o ipê roxo de bola. Em todos os casos, é sempre bom que o nome correto acompanhe a planta.

Há alguns meses mostrei aqui as etiquetas de plástico de embalagem de chocolate e saco de ração de cachorro, mas elas têm o problema da permanência da tinta, que por mais que se diga que dura pra sempre, sob o sol e a água da chuva não dura. Foi então que um dia o Flores teve a ideia de escrever em tiras de latinha de alumínio. Cortou com tesoura a tampa e o fundo de uma latinha de cerveja e depois cortou o corpo da latinha em tiras de 2 cm de largura pelo comprimento que deu (coisa de 8 cm). Estava inventada a etiqueta.

Depois vieram os aperfeiçoamentos, como fazer uma ponta num dos lados no caso de querer espetar a etiqueta na terra, ou um furo com prego para passar uma fita ou arame e amarrar no tronco ou num galho da planta. Na hora de escrever, sobre um caderno de jornal, pedaço de borracha ou de madeira, usamos caneta esferográfica comum para marcar o alumínio. Acaba até ficando um pouco da tinta, mas a ideia é marcar o nome em baixo relevo, que esse sim não apaga nunca.

É simples, eficiente e usa material reaproveitado. Se quiser experimentar, fique à vontade que a gente não cobra direitos autorais. Só tome cuidado para não se cortar durante o manuseio, porque a lata sempre fica um pouco afiada.

Plântulas de ipê verde (Cybistax antisyphilitica)

Mudinhas de cereja do rio Grande (Eugenia involucrata)

Muda de barbatimão (Stryphnodendron adstringens)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Maus alunos



A grande revelação do domingo foi a notícia de que os supostamente bem educados jovens brasileiros da classe média alta foram pegos no pulo. Ou melhor, no lixo.
O jornal Folha de São Paulo encomendou à Inova, empresa que faz a limpeza das ruas da zona noroeste da cidade, um levantamento do lixo recolhido nos principais locais de balada dos bairros Pinheiros e Vila Madalena.

O resultado é de cair o queixo: em alguns endereços o total de sacos de lixo do final de semana corresponde a até 75% do coletado durante os dias úteis. Na rua Wisard, por exemplo, no período de 22 a 28 de setembro último, 171 sacos foram enchidos com o lixo de segunda a sexta-feira, enquanto 128 sacos foram necessários para recolher o lixo gerado apenas no sábado e no domingo.

Anrafael Vargas, diretor da Inova, diz que a maior parte do material é copo descartável, bituca e maço de cigarro, guardanapo de papel e garafa long neck. "Tem pouco alumínio porque os catadores recolhem as latinhas", diz ele. Alguns bares têm lixeiras do lado de fora e varrem diversas vezes por noite, mas ainda assim a empresa de limpeza pública tem muito o que recolher quando amanhece o dia.

Quem sai do bar para fumar está mais do que acostumado a jogar bituca de cigarro no chão. Eu sei como é, também já fumei e já fiz assim. Bituca se arremessa longe, num peteleco caprichado que todo fumante sabe dar. Ou então é esmagada pela ponta do pé fazendo voltinhas, para ter certeza de que ficou bem apagada. Afinal, acessa é perigosa, mas apagada no chão tudo bem.
Já os que bebem em pé na calçada colocam cuidadosamente seus copos e garrafas vazios nos cantinhos das paredes ou na guia, já que seria feio arremessá-los por aí. Vidro quebra, machuca os outros, não é legal. Mas colocadinho no chão com cuidado, que mal tem?

No dia seguinte, sobra no chão a vida real. Um rastro de falta de educação que o charme e o papo animado da noite anterior não conseguem negar. Os que jogaram tudo aquilo na rua não puderam interromper por um instante a piada para caminhar até a lixeira. Ou, em casos de ainda mais conseciência e empenho, para questionar ao garçom "O bar não tem uma lata de lixo do lado de fora? Onde eu posso jogar isso?"

É chato começar a semana assim, com a triste constatação de que nem aqueles que têm livre acesso à "boa educação" estão fazendo o seu dever de casa.

Para ler a reportagem completa da Folha de São Paulo, clique aqui. E para ver mais números, confira a seguir a tabela produzida pela Folhapress.



quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Fazendo a minha parte


Prezados fabricantes de absorventes higiênicos,

Em meu último ciclo menstrual me propus a juntar todo o material de embalagem descartado para o uso dos absorventes higiênicos e fiz uma foto, que envio aos senhores junto com esta mensagem. Será que seis dias de menstruação precisam mesmo gerar o descarte de tanto papel e plástico?

Não faz muito tempo um ciclo menstrual não produzia tanto lixo. Eu me lembro de, ainda criança, ver os absorventes higiênicos de minha mãe embalados em caixa de papel ou saco plástico simples, e só. Vinham todos abertos, sem os saquinhos de embalagem individual e as fitas de hoje em dia.

O conforto dos absorventes higiênicos atuais nem sem compara ao uso das antigas toalhinhas íntimas, mas creio que as embalagens estão um pouco além da conta. Não se encontra mais no mercado um único tipo de absorvente que não esteja embalado individualmente. A mulher moderna tem sido levada a produzir um lixo com o qual não necessariamente concorda, por falta de opção no mercado. Entendo a questão da praticidade de levar na bolsa um absorvente embalado individualmente, mas todos precisam ser fabricados assim? E se, em cada pacote, contássemos com duas ou três unidades embaladas e as outras abertas? Ou então uma pequena bolsa ou envelope reutilizável onde se coloque os absorventes que serão levados para o trabalho, por exemplo?

A título de curiosidade, dispus em cima de uma superfície todo o material descartável que aparece na foto anexa e pude constatar que, um ao lado do outro, os plásticos e papéis cobrem uma área de exato meio metro quadrado. Considerando a média de 480 ciclos menstruais na vida de uma mulher, o material descartado por cada uma de nós durante nossos 37 anos de fase fértil é suficiente para cobrir 240 metros quadrados de uma área qualquer. Isso significa que 29 mulheres cobrem a grama de um campo de futebol com o descarte de suas embalagens de absorvente (sem contar os próprios absorventes, claro). E somos mais de 97 milhões de mulheres no país!

Entendo que se trata de material potencialmente reciclável, mas assim mesmo questiono a necessidade do uso de matéria prima e da mobilização de todo um processo industrial para produzir algo que pode (e deve) ser evitado.

Por isso pergunto: qual dos fabricantes será o primeiro a tomar a corajosa iniciativa de dar um passo a frente, voltando atrás na maneira de embalar absorventes higiênicos e, consequentemente, poupando o meio ambiente da extração de matéria prima e do descarte de materiais? Estou certa de que oferecer a opção de absorventes sem embalagem individual, informando a consumidora de que a iniciativa poupa os recursos naturais do planeta, demonstra clara preocupação com a sustentabilidade, o que acrescenta à imagem da empresa ainda mais credibilidade, além de ter imenso caráter educativo.

É tempo de fazermos nossa parte, empresas e consumidores, porque se não valorizarmos o ambiente, poderemos acabar trocando ganhos do capital financeiro por perdas do capital ambiental. Ambiente e economia não são diferentes. Tratá-los como se o fossem é a receita mais certa para o desenvolvimento insustentável.*

Atenciosamente,
Juliana Valentini
www.deverdecasa.com

*Blueprint for a Green Economy de David Pearce, Anil Markandya e  
  Edward B. Barbier. Earthscan Publications, 1989


Carta enviada à Johnson & Johnson, Kimberly-Clark e Procter & Gamble, os três principais fabricantes de absorventes higiênicos no Brasil.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Reaproveitando, sempre

 
Um saco de 15 kg de ração de cachorro e algumas embalagens de chocolate foram retalhados esta manhã e transformados em etiquetas de identificação para mudas de árvores nativas.
Normalmente, numa venda de mix de espécies, algumas mudas de cada lote vão indentificadas com nome popular e/ou científico, conforme o que quer o cliente.
Como estamos em tempos de economia, reaproveitamento e reciclagem, temos pensado todas as ações do viveiro de maneira que gastem o mínimo possível de material novo, além de priorizar os recicláveis, os reciclados, e ainda gerar quase nada de lixo. Por isso tudo, deixamos de comprar etiquetas de identificação e criamos as nossas próprias.

Neste caso, quase qualquer embalagem plástica flexível serve, desde que tenha uma superfície onde se possa escrever com caneta para retroprojetor. Já tentei usar papel, mas com algumas chuvas ele se desmancha ou rasga quando se engancha em qualquer coisa.

Para que o serviço fique limpo, bem feito e a indentificação dure o máximo possível, abri as embalagens cortando fora as soldas e acabamentos, lavei a face de dentro com buchinha e sabão de coco (para tirar restos de alimento e a oleosidade, que impede a fixação da tinta permanente) e daí cortei tudo em tiras. Numa das pontas fiz um corte, assim posso enfiar ali a outra ponta da tira, envolvendo o tronco numa espécie de gravatinha.
Ao cliente, cabe encaminhar o material para reciclagem quando tiver feito seu plantio, suas plaquinhas definitivas e não precisar mais de nossas etiquetas.

E assim vamos reaproveitando materiais e transformando as coisas, gerando menos lixo e reduzindo o uso de matéria prima para novos produtos.


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Hortas e paisagismo na Expoflora 2012


Canteiro de hortaliças elevado com mourões de cerca

 Começou, na última quinta-feira, a Expoflora 2012, a maior feira de flores e paisagismo do país. O evento acontece em Holambra - a cidade das flores, 150 km da cidade de São Paulo - e em meio a muitas plantas, comidas e apresentações culturais, está lá o assunto do momento: horta doméstica. Dentro da mostra de paisagismo são muitas as ideias para diversos tamanhos e estilos de canteiros para montar em casa. E o melhor é que na maior parte das vezes as instalações são simples e reaproveitam materiais já usados e descartados, o que torna os projetos baratos e fáceis de implantar.

Mesmo nos casos de recipientes industrializados, como os da foto abaixo, ver de perto os jardins comestíveis é uma boa oportunidade de conhecer alternativas, tamanhos, alturas e distribuições de vasos e canteiros, para ter certeza de que ervas e hortaliças podem ser instaladas em quase qualquer cantinho da sua casa.


Mas claro que as melhores soluções são as que aproveitam pallets inteiros ou desmontados, dormentes e antigos caixotes para elevar canteiros, além de recipientes inusitados para vasos e outros itens de decoração.

Alfaces em caixa feita de madeira de pallet

Ervas em caixas de madeira de pallet

Ervas e hortaliças em canteiros de dormente

Vasos de ervas em estantes de pallet

Ervas em caixas de vinho

Jardineiras de caixa longavida
Suculentas em conchas de ferro


Luminárias de garrafão de vidro

A feira acontece até 23 de setembro, de quinta a domingo das 9 às 19 horas, os ingressos custam R$ 30 por pessoa e mais R$ 20 do estacionamento. Crianças de até 5 anos entram de graça e estudantes e idosos pagam meia.
É programa para o dia inteiro, contando a viagem pelas ótimas rodovias Anhanguera ou Bandeirantes.
Venha com tempo e traga máquina fotográfica.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Latas com alça e outras embalagens reaproveitáveis


Mais um upcycle da casa da Mamma: latas de tamanhos variados ganharam alça de folha de flandres e viraram medidores de milho para os gansos e de ração para os bichos da casa.
Os gatos comem a medida certinha da lata menor, dessas de atum, e os cachorros ganham a quantidade da lata grande, de pêssego em calda. Quem fez as alças foi o calheiro, profissional das calhas e rufos para telhado. Cada uma custou R$ 2,50 e, certamente, foi feita com sobra de material. Mais um aproveitamento.

Tem muita lata jeitosinha no supermercado, e um critério de escolha dos produtos na hora da compra pode ser também o aproveitamento da embalagem. Vidros com e sem tampa, como os de requeijão e geleia, já são um clássico e viram copos e porta-parafusos na casa de todo mundo, mas com um pouco de criatividade e adaptação muito mais coisas podem ser inventadas. Às vezes a ideia não vem de imediato, mas passar uns dias olhando para uma embalagem interessante, de material de qualidade ou formato curioso pode ser o que sua imaginação precisa para dar um bom uso a ela.
E assim a gente vai parando de comprar porta-sabão em pó, porta temperos, porta-shampoo, porta-sabonete, porta...

terça-feira, 31 de julho de 2012

Os 5 primeiros passos da formiguinha consciente


As duas perguntas que mais tenho respondido em entrevistas para matérias de jornais e revistas são:
  • Quais são as atitudes sustentáveis imprescindíveis que as pessoas devem adotar urgentemente?
  • Como cada um de nós pode fazer a sua parte?
Convicta que estou, respondo sempre começando com:

Antes de mais nada, é fundamental sentir-se parte de um todo (e não dono de tudo) e entender que temos responsabilidades para com nossas ações, porque todas elas têm efeitos e consequências no meio ambiente. É preciso ter consciência da necessidade de mudança de atitude para então comprometer-se com ela, porque sem um sério comprometimento, logo a falta de hábito, algumas dificuldades e um pouco de preguiça põem a perder toda a disposição de mudar.

Depois, faço uma listinha básica de atitudes urgentes que devem ser adotadas por cada formiguinha do planeta:

  • CONSUMO CONSCIENTE. O valor em dinheiro não pode ser mais o único critério de desempate na escolha de bens de consumo. É preciso avaliar também, no momento da compra, critérios de produção, escolha de matéria-prima, eficiência e aproveitamento do material da embalagem, reciclabilidade e a real necessidade do produto
  • RACIONALIZAÇÃO DAS COMPRAS DE ALIMENTO. Mais da metade do lixo produzido no Brasil é composto por matéria orgânica, e grande parte dela é de restos de alimento. Estima-se que residências e restaurantes joguem fora cerca de 40% de toda a comida que adquirem. É importante fazer compras menores, mais planejadas e aproveitar melhor os produtos
  • USO RACIONAL DE ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA. Pensar na melhor maneira de usar a água cada vez que se abre a torneira, apagar luzes e desligar equipamentos que não estão sendo utilizados são os primeiros passos para a economia desses recursos. Substituir lâmpadas incandescentes e aparelhos de alto consumo de energia elétrica também são ações importantes
  • SEPARAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS. Empenho na separação do que pode ser reciclado deve virar um hábito. É cada vez maior o número de usinas de reciclagem de papel, vidro, metal e plástico, esses materiais têm grande valor no mercado e a população deve fazer a sua parte encaminhando corretamente embalagens e produtos usados, além de cobrar dos municípios a coleta seletiva de lixo
  • MUDANÇA DE HÁBITOS DE TRANSPORTE. Abrir mão do automóvel e usar o transporte público pelo menos alguns dias da semana pode ajudar bastante a redução do uso de combustíveis fósseis e consequentemente as emissões de gás carbônico nas cidades. É comum que a população que se locomove diariamente de carro tenha resistências com relação a essa mudança por questões de praticidade e conforto, mas em alguns casos é bastante frequente que, depois de experimentá-la, descubra-se que o transporte público não é tão ruim e incômodo quanto se pensava

Para quem não está acostumado com nenhuma das atitudes sugeridas acima esse pode parecer um pacotão difícil de carregar, mas uma coisa é certa: uma vez que as mudanças de hábitos se tornem atitudes normais e estejam completamente inseridas no dia a dia, é um caminho sem volta.
Ou você tem algum conhecido ex-consciente e ex-comprometido?

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Reconheça firmas e descarte baterias


Para quem pensa que o interior anda a passos mais lentos do que as grandes capitais, a notícia é que em Holambra, uma pequena cidade de 11 mil habitantes próxima a Campinas, já são muitas as iniciativas de mudanças de hábitos e atitudes sustentáveis.

O cartório da cidade - que aliás já ganhou prêmio pela qualidade do atendimento - supostamente não tem a função de coletar materiais descartados, mas tomou a iniciativa de oferecer aos seus clientes a oportunidade de entregar baterias usadas e celulares aposentados para que sejam encaminhados ao destino correto.

Com este tipo de iniciativa do comércio fica cada vez mais fácil organizar o descarte de lixo da população, que tem à disposição diversas opções de pontos de entrega de seus rejeitos. Sem falar que a simples presença de um coletor de baterias também faz sua parte educativa.

Se você é proprietário ou empregado de um comércio com grande circulação de clientes ou frequenta um lugar assim, que tal sugerir a adoção de iniciativas como essa? Facilitar a logística do descarte de lixo e material reciclável também é uma maneira de fazer a sua parte.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Upcycle parte II - Faça sua parte e ganhe sua recompensa

Este post já estava mais do que planejado e eu enrolando.
O plano era fotografar mais uma ideia de upcycle e, com sorte, alguns de seus beneficiados, quando acabou acontecendo uma surpresa das boas.

A upcyclagem é de uma antiga grade de ventilador que virou comedor de pássaros; ótima ideia porque, melhor que um prato convencional, a grade deixa a chuva passar mantendo as frutas sempre secas, ao invés de mergulhadas na água.
Três ou quatro arames unidos pelas pontas de cima são o suficiente para manter a traquitana pendurada e pronto, é só abastecer com frutas e, se quiser, um pratinho fundo com água para incrementar a refeição.


Procure um local sombreado e instale o seu. Vale parapeito de janela de apartamento, uma aba de telhado ou, claro, os galhos de uma árvore no quintal ou na calçada.
Se o melhor lugar para pendurar seu comedor foi muito alto, lance mão de roldanas e instale-o como um varal, que sobe e desce.
Dentro de alguns dias a turminha começa a perder a desconfiança e se entrega às delícias, é batata. Ou melhor, frutas.
Se você se distraiu e a banana pretejou ou o mamão começou a amolecer demais, ainda da para aproveitá-los e alimentar a passarada. Laranja e abacate também são ótimas opções.
Mesmo que você more em uma cidade grande e movimentada, sabiás, bem-te-vis e sanhaços azuis serão visitas frequentes na sua janela, acredite.

Sanhaço-azul ou Sanhaço-cinzento - Thraupis [sayaca] sayaca

Mas eis que, às 10:40 da manhã, quando eu ainda nem estava de câmera em punho, vem A visita especial se alimentar no "ventilador":

Tucano de bico verde - Ramphastos [dicolorus] dicolorus

Foi um tal de sair correndo que quase não deu. Mas deu. Na verdade era um casal e eu não consegui registrar os dois juntos, mas esse simpático da foto passou um tempo alternando grandes bicadas nas frutas com olhares para mim, desconfiado como todas as aves mas bem à vontade. São 48 cm de lindas penas coloridas e brilhantes em plena Granja Viana, a 14 km do centro de São Paulo.

Receber uma visita dessas no quintal é emocionante a ponto de fazer o coração disparar. A mamma, dona do point, conta de outros ilustres visitantes do "comedor de ventilador" que já fizeram seu sangue correr mais rápido. Em determinadas épocas do ano são bastante frequentes diversas espécies de papagaios grandes e pequenos, saguis e até o Jacu de barriga castanha - Penelope [jacucaca] ochrogaster já apareceu para comer frutas. Uma ave enorme, 77 cm do bico à ponta da cauda, quase do tamanho de um peru. 

Definitivamente, só deixa de aproveitar as partes de um antigo ventilador estragado quem não gosta de grandes emoções.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Upcycle. Faça a sua parte


Muita gente tem vergonha de garimpar objetos descartados em "lixos" e caçambas de entulho por aí, mas os corajosos que já adotaram essa prática têm produzido coisas super úteis e bonitas com um pouco de visão e habilidade manual.
A receita é nem ligar se estão te olhando na rua e passar um tempo observando o que pode ser reaproveitado, com a cabeça aberta para reconhecer potenciais e deixar a criatividade trabalhar.

Ontem, o almoço na casa da Catharine - garimpadora habilidosa e de muito bom gosto - foi cheio de ótimos exemplos. Na primeira foto deste post, a mais recente adaptação: um suporte de alguma coisa, encontrado no lixo do condomínio, foi lixado, pintado e transformado em pendurador de parte da coleção de suculentas, que já há tempos mora nas casquinhas de coco produzidss lá mesmo, no quintal.
Essa, aliás, é uma história a parte. Catharine colhe os cocos do pé e os pendura para secar. Quando estão no ponto, quem faz a limpeza das cascas secas é o Marley, cruzamento super feliz e inteligente de Labrador com vira-lata. Marley rói coco por coco, tirando todas as fibras e deixando sobrar só a parte dura. Depois é só abrir, limpar por dentro e furar o fundo, para o escoamento da água das regas.
Infelizmente fico devendo a foto do Marley trabalhando, que deve ser a melhor parte desse processo de beneficiamento dos cocos!

Na foto abaixo, a horta de temperos plantada dentro de recipientes descartados de filtro de piscina. Os tambores iam para o lixo (reciclagem, provavelmente), mas foram recuperados a tempo e cortados ao meio, rendendo ótimos vasos de 50 litros cada um.


E por lá as plantas, além de lindas, estão sempre em suportes bonitos e criativos. Abaixo, a Phalaenopsis sp. dentro de um cesto de fibra natural e, na última foto, uma Oncidium sp. plantada numa bainha de folha de palmeira.
Por falar nisso, já mostrei um outro exemplo de aproveitamento de bainhas, aqui.



Esses, aliás, são exemplos perfeitos de UPCYCLE, um conceito criado recentemente no mundo da reciclagem. To upcycle significa produzir uma coisa a partir de outra, dar um novo uso a um objeto usado e descartado. Dessa maneira não se desperdiça algo que já foi produzido e economiza-se na produção de um novo produto. É um jeito de reduzir a geração de lixo e evitar um novo gasto de matéria-prima e energia de produção*.

Só para lembrar, o upcycle é diferente da reciclagem, que é o rebeneficiamento de matéria-prima que novamente abastecerá o processo de produção de algo. Por exemplo: latinhas de alumínio que são derretidas para produção de novas latinhas de alumínio ou de outros produtos feitos a partir de alumínio reciclado, como quadros de bicicleta, esquadrias para janelas, peças para indústria automotiva, obejtos de decoração, etc.

Então que tal olhar em volta de você e dar um passeiozinho por aí de cabeça aberta, procurando oportunidades de "upcyclar" e fazer a sua parte?
Inspire-se nos exemplos!

* Quer ver mais "upcyclagens"? Clique aqui e aqui para ler sobre a construção da minha primeira horta, lá no ínício da história desta Verde Casa, aqui para uma casinha de passarinho também feita de coco e aqui para coleta de água da chuva em tambores reaproveitados.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Bombeiros de Crocs


O telefone tocou na noite de sábado trazendo a notícia de que uma árvore do sítio (enorme, 40 anos de idade) estava pegando fogo. Foi o tempo de pegar alguns baldes e sair correndo, de Crocs e roupinha gostosa de ficar em casa, porque quando eu disse "vamos chamar os bombeiros", ouvi o que ainda não sabia: Holambra não tem corpo de bombeiros, então conta-se apenas com a própria torneira e a colaboração de quem estiver por perto e disposto a ajudar.

Trabalhamos por uma hora com pouca pressão na mangueira, enchendo baldes e arremessando água para o alto, e enquanto combatíamos o fogo ouvimos de alguns vizinhos pérolas do tipo "eu passei aqui e vi o fogo há meia hora atrás mas não tinha seu telefone para avisar".
Telefone para avisar??? Por que não buzinou no portão?

As muitas folhas secas do chão fizeram um fogaréu que queimou os primeiros metros da casca do tronco e alguns galhos mais baixos. Conseguimos apagar o grosso e os pequenos focos em pontas de galhos e forquilhas altas foram apagados pelo orvalho. Sorte.

E se você está se perguntando como o incêndio começou, eu conto: um funcionário piromaníaco recolheu folhas do chão, fez um montinho "isolado", colocou fogo, disse que esperou acabar de queimar e foi embora pra casa. Resultado:


Muita gente por aí tem mania de usar fogo para queimar lixo ou mesmo fazer "limpeza" em áreas tomadas por mato, por exemplo, mas está passando da hora de substituir essa cultura da queimada por atitudes mais sensatas. Em um mundo ideal, o material reciclável deve ir para a reciclagem, o orgânico para a compostagem e o que sobrar, para fornos de queima controlada, onde a fumaça que sai é filtrada para não poluir o ar e o calor é transformado em energia para abastecer lâmpadas, aquecedores e coisas do gênero.

Um ótimo exemplo de "quero ser assim quando eu crescer" é Boras, cidade na Suécia que joga fora apenas 1% do lixo que produz. Os resíduos gerados por seus 105.000 habitantes têm três destinos: 42% são incinerados e convertidos em energia elétrica, 30% são tratados biologicamente e transformados em combustível e 27% são levados para a reciclagem pela própria população, que se encarrega de separar e levar o material até os postos de coleta espalhados por toda a cidade. Apenas 1% do lixo que sobra é enterrado, porque o imposto para usar o aterro é muito alto.
Esse modelo de destinação do lixo foi iniciado em 1988 (pasme!), com 300 famílias, e é exportado pela universidade local, que presta assessoria de reaproveitamento de lixo para cidades no mundo inteiro, inclusive para as brasileiras Macaé, no Rio de Janeiro, e Sobral, no Ceará.
A experiência deu tão certo que atualmente o município importa detritos da Noruega para gerar mais energia limpa e no futuro tem planos de investir na eliminação total dos combustíveis fósseis (informações da Revista Veja - Especial Sustentabilidade, dez/2011).
Não é demais?

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Restaurorecicloterapia


Comprei num ferro velho dois pedaços de grades antigas - que provavelmente um dia foram cerca de quintal - para prender numa parede externa da casa e fazer subir uma trepadeira.
O ferro está em ótimo estado; foi protegido por camadas de tinta de várias cores que contam a história dessas peças. E aí está a graça: raspar tudo muito bem raspadinho para reaproveitar duas ótimas grades que agora terão nova função.
No ferro velho gastei R$100,00, na loja de tinta mais R$ 32,00 e do fim de semana já investi 6 horas de trabalho. Ainda falta bastante até chegar ao ponto de poder pintar, mas não tem nada não: outro dia li em algum lugar que a satisfação por um desafio superado é diretamente proporcional ao esforço nele empenhado. Mal posso esperar!
E o carnaval está aí. Se você planeja não cair na folia, que tal se dedicar a um projeto de restauro como esse para colher o resultado de ter sua casa enfeitada com uma instalação do tipo "foi feito por mim"?

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Menos sacolinhas e menos saquinhos também!

Uma das ótimas surpresas da mudança para o interior foi a descoberta de que nos supermercados daqui já há tempos não se esbanja sacolas plásticas.
Além de ser muito mais comum do que em São Paulo ver compras embaladas em sacolas retornáveis, aqui economiza-se também aquele saquinho de embalar vegetais a granel nos setor de hortifruti.
Clientes e funcionários estão mais do que acostumados a lidar com frutas e legumes dentro de um mesmo saco plástico. O que se faz é pesar cada item separadamente, claro, e então o próprio funcionário da balança vai colocando tudo dentro de um só saquinho e juntando as etiquetas, que são passadas individualmente no leitor do caixa.
O que também se vê muito por aqui é gente abolindo de vez o saquinho plástico e colando a etiqueta direto no vegetal (ou em um "representante" do grupo). Uma vez que tudo é lavado ou descascado, não há prejuízo para a saúde.
No fim das contas, quando isso deixa de ser novidade, a vida segue exatamente como seguia antes de inventarem o plástico. E nós, mais do que adaptados, nem nos lembramos mais que um dia tivemos hábitos diferentes.
Experimente. No começo pode parecer estranho, mas você não vai se arrepender de ter aderido!
Ou você conhece alguém que tentou, não gostou e voltou atrás, enchendo outra vez o lixo de embalagens descartáveis?

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Embalando com criatividade

Quem disse que embrulho de presente tem sempre que ser feito com papel de presente?
Use a criatividade e reaproveite aquele retalho de tecido guardado há anos, o papel de seda colorido que sobrou de uma embalagem, a caixinha de papel craft bem sacada que veio protegendo a câmera fotográfica...
Hoje, no final da tarde, uma amiga querida vai ganhar o presentinho da foto. Aproveitei um sacão de juta que não me lembro mais o que era, cortei uma tira comprida e simplesmente enrolei o mimo, sem dobras nem durex nas laterais.
Claro que um laço bem feito é fundamental para dar o acabamento e o toque caprichado que toda amiga merece.
E para tornar o pacote ainda mais ambientalmente correto, a juta pode ser picada e jogada no jardim em meio às plantas. Em poucas semanas passará por processo de decomposição e será rapidamente incorporada à terra, servindo como adubo. Suas fibras vão voltar para onde vieram, afinal são retiradas de uma planta chamada Corchorus capsularis, populamente conhecida como.... juta! Assim como o algodão, o tecido leva o mesmo nome da planta.
Então esta é ou não é uma embalagem ecológica?

quarta-feira, 27 de julho de 2011

É preciso acreditar!

Se você estava acostumada com "um copo americano para uma máquina cheia" e anda tendo dificuldade em acreditar que "uma tampinha basta", então somos duas.
Tenho dado prioridade a sabão concentrado para lavar roupas, baseada no fato de que "rende o mesmo que dois quilos de sabão em pó" e tem volume menor, embalagem menor e consequentemente ocupa menos espaço no transporte da fábrica ao supermercado, então economiza combustível, mas ando brigando comigo mesma na hora de adicionar o sabão à máquina, já que me toma uma vontade irresistível de colocar só mais um pouquinho.

É que para quem usava um copo cheio de pó, colocar só uma tampinha de líquido parece pouco, muito pouco.
Mas é preciso acreditar, cara amiga dona de casa! Liberte-se dos seus antigos hábitos e acostume-se a uma nova medida. Você vai conseguir (e eu também)!
Coloque-se no lugar da sua avó, que lavava roupa no tanque, esfregando cada peça com uma barra de sabão feito de banha, até que um dia falaram pra ela que um copo americano daquele pó azulado faria o mesmo serviço dentro de uma máquina que funcionava sozinha.
Que cara você acha que ela fez?

Pois bem vinda aos tempos modernos! Finalmente a indústria deixou de vender volume de sabão e passou a caprichar no princípio ativo, então faça a sua parte e acredite.
Aproveite também para trocar o detergente de louças e a cera para o piso, que antes vinham cheios de água, pelas novas opções mais concentradas. Já está tudo disponível no mercado, falta só o consumidor prestigiar.

E só pra não dizer que melhorou muito, ainda acho que as embalagens poderiam ser menos caprichadas. Isso mesmo: embalagens piores. A do sabão de roupas da foto acima, por exemplo, pesa vazia quase o mesmo que o produto que saiu lá de dentro. Se houvesse refil, esse mesmo frasco passaria de mão em mão pelas próximas 3 gerações da minha família, tamanha a qualidade e espessura do material.
Para usá-lo apenas por um mês e depois encaminhá-lo para a reciclagem, eu ficaria mais feliz se ele fosse mais fino, mais mole, mais leve...