segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Novidades gastronômicas


Em tempos de gastronomia globalizada, pica-pau chega de mansinho e vem comer quirera na mesa dos canários amarelos. Pode?

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Etiquetas de alumínio para identificar mudas


Já há tempos estou para mostrar um jeito definitivo de identificar plantas e qualquer coisa que esteja ao ar livre e precise carregar um nome por muito tempo. Nossas plaquinhas de alumínio são prata da casa; foram inventadas aqui mesmo, no viveiro, diante da necessidade de identificar as mais de 150 espécies de árvores, palmeiras e outras plantas que cultivamos.

Grande parte da nossa produção podemos reconhecer num relance, assim como os pescadores reconhecem os peixes e os astrônomos as constelações, mas diante das milhares de variedades de árvores e plantas deste enorme bioma privilegiado - são mais de 10.000 espécies só de árvores nativas do Brasil - sempre haverão as novatas no viveiro, que ainda não conhecemos, ou mesmo as antigas que, por algum motivo, nunca memorizamos o nome. Sem falar nas sementes que germinam parecido, como as diversas cores de ipês, e as variações de uma mesma cor, como o ipê roxo e o ipê roxo de bola. Em todos os casos, é sempre bom que o nome correto acompanhe a planta.

Há alguns meses mostrei aqui as etiquetas de plástico de embalagem de chocolate e saco de ração de cachorro, mas elas têm o problema da permanência da tinta, que por mais que se diga que dura pra sempre, sob o sol e a água da chuva não dura. Foi então que um dia o Flores teve a ideia de escrever em tiras de latinha de alumínio. Cortou com tesoura a tampa e o fundo de uma latinha de cerveja e depois cortou o corpo da latinha em tiras de 2 cm de largura pelo comprimento que deu (coisa de 8 cm). Estava inventada a etiqueta.

Depois vieram os aperfeiçoamentos, como fazer uma ponta num dos lados no caso de querer espetar a etiqueta na terra, ou um furo com prego para passar uma fita ou arame e amarrar no tronco ou num galho da planta. Na hora de escrever, sobre um caderno de jornal, pedaço de borracha ou de madeira, usamos caneta esferográfica comum para marcar o alumínio. Acaba até ficando um pouco da tinta, mas a ideia é marcar o nome em baixo relevo, que esse sim não apaga nunca.

É simples, eficiente e usa material reaproveitado. Se quiser experimentar, fique à vontade que a gente não cobra direitos autorais. Só tome cuidado para não se cortar durante o manuseio, porque a lata sempre fica um pouco afiada.

Plântulas de ipê verde (Cybistax antisyphilitica)

Mudinhas de cereja do rio Grande (Eugenia involucrata)

Muda de barbatimão (Stryphnodendron adstringens)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A técnica dos 20 minutos



As festas de fim de ano e as arrumações de ano novo me fizeram deixar um pouco (muito) de lado a manutenção da horta, daí... A chuvarada acordou o imenso banco de sementes de mato adormecidas na terra e tudo cresceu num ritmo insano, muito mais rápido do que tudo que eu tinha plantado. Depois de quase um mês sem frequentar meus canteiros, o mato chegou a ficar mais alto do que eu.

Nos primeiros dias fiquei triste, triste. Tanto tempo e trabalho empenhados, a horta estava ficando linda, mas foi só dar uma viajadinha pra perder praticamente tudo no meio do matagal.
Depois passei por uma fase de me convencer de que não dou conta de tudo e de que seria melhor dar um tempo da horta. Estou numa época de muito trabalho, de encerramento de assuntos pendentes há anos, encarando novos projetos e desafios, e não dá pra querer abraçar o mundo. Repeti diversas vezes para mim mesma que tem horas que a gente precisa se despir da roupa de mulher maravilha porque ninguém aguenta fazer milagre o tempo todo, então o melhor a fazer seria mesmo dar um tempo da horta.

E dei. Três dias.
No quarto dia não aguentei olhar todo aquele mato crescendo em terra boa, úmida, cheia de minhocas, prontinha pra produzir. Tratei de vestir outra vez meu corpete vermelho e dourado, o short azul com estrelinhas e defini como seria realizada a missão: arrancar mato todos os dias durante 20 minutos, marcados no alarme do celular. E comecei.

Estava inventada a melhor técnica do mundo para lidar com desafios impossíveis. Porque quando se olha tudo aquilo por fazer e mais o monte de coisas a resolver todos os dias, parece uma viagem non stop de bicicleta daqui ao outro lado do mundo, mas quando você se promete pedalar com empenho e também fazer paradinhas pra descansar e admirar a paisagem, daí, quem sabe?

Tenho trabalhado como quem medita. Nessa hora o mundo pára e não importa quanto eu já fiz nem quanto ainda há por fazer. São vinte minutos inteiros de foco e concentração. Nessa toada já limpei mais da metade dos canteiros em dez dias. A foto do início do post mostra em que ponto estou. E no meio do "desmatamento" às vezes aparecem surpresas:

Os tagetes sobreviveram e floresceram

Os sapos aproveitaram minhas férias para por ovos

O gervão está enorme e mais bonito do que nunca

A pimenta biquinho caregou

E o quiabo floresceu e está produzindo!


Não adianta, eu não aguento ficar sem horta. Nos meus sonhos ela é linda, organizada, limpinha e produz a pleno vapor, mas na minha vida real ela é como tem dado pra ser. Tem horas em que está mais bonita, em outras parece meio abandonada, mas vai indo conforme eu consigo cuidar. Paciência. O mais importante é que, além de produzir refeições, tenho realizado belos exercícios de disciplina. E assim vamos indo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Carnaval em Holambra


Esse foi só meu segundo ano, mas já sou fã do desfile de Carnaval de Holambra, cidade que tem raízes holandesas mas que desfila mesmo é com espírito de povo brasileiro. Dizem que no ano passado foi melhor, mais animado, mais cheio, mais divertido, mas neste ano notei de novo o que já tinha me chamado a atenção em 2012: aqui quem desfila faz com empenho seu dever de casa. Sejam grandes ou pequenos, os grupos se organizam com meses de antecedência para decidir o que vão desfilar e começar a produzir as fantasias, enfeites e até, em alguns casos, os carros alegóricos. E que produção!

Esse ano, além dos tradicionais blocos dos homens que adoram se divertir vestidos de mulher,


teve a turma da hidroginástica desfilando de uniforme, 


um bloco de lindos palhaços supercoloridos e animados, 




e críticas, muitas críticas à antiga administração:

Carro alegórico "Lugar de palhaço é no circo"
Caricatura da ex-prefeita
Carro alegórico "Vaza Vacareti" desfilando uma vaca e o antigo "primeiro casal" do município
Carro alegórico "Antes e Depois", mostrando de um lado o astral da administração anterior...
...e do outro uma boa dose de esperança na administração atual.

Nas calçadas da rua Maurício de Nassau, gente de todo tipo se diverte...


...assistindo gente de todo tipo sem vergonha de se divertir. É o novo prefeito que desfila de policial, levando algemado alguém da administração anterior,


é a ex-gerente do banco, hoje vereadora, que desfila de flor junto com a molecada,


e os empresários do comércio local, aqueles de quem a gente compra todo dia, numa boa, dando risada na ala dos veteranos, todos vestidos de baiana. Homens acham sempre muita graça em se vestir de mulher. Vai entender!


E para arrematar o desfile com simpatia, voluntários e produtores da região agradecem a presença de todos distribuindo suco, pipoca e flores.



No ano passado fui surpreendida, nesse já sabia o que esperar e no ano que vem aposto que vai ser bom de novo. De sábado a segunda curto um Carnaval não convencional, mas na terça faço questão de assistir o desfile da cidade que orgulhosamente já ando chamando de minha.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Recomeçando


O ano começou faz tempo, já são seis de fevereiro, mas até hoje quase tudo que fiz foi limpeza e arrumação. Janeiro inteiro foi de revisão geral das coisas de casa: desmontei armários, gavetas, caixas, abri pastas e olhei coisa por coisa. Escolhi o que fica e o que vai embora, limpei quase tudo. Ainda restam dois ou três lugares por terminar, mas já tenho a maior parte em ordem. Delícia. Não tem coisa mais gostosa do que abrir a despensa e encontrar as embalagens todas arrumadinhas, cada coisa no seu lugar. Um, dois, três tipos de arroz juntos, macarrão com macarrão, lata com lata, todas as farinhas organizadas, os vidros com etiquetas, nenhum caruncho comendo a minha comida e nada de pó. Tudo muito bem limpinho.

No armario de roupa da casa, cheirinho de limpeza e as pilhas todas retinhas, tudo dobrado para o mesmo lado. Adoro. Dá orgulho cada vez que eu olho, e uma reconfortante sensação de vida sob controle toma conta da alma.

Esse é o verdadeiro clima de ano novo, vida nova. Principalmente para quem, como eu, se mudou de casa e, pode-se dizer, de mundo. Já há mais de um ano troquei a cidade pelo campo, mas hoje vejo que passei todo o 2012 me estabelecendo. Todas as minhas coisas moram aqui comigo desde o primeiro dia, mas tudo ainda estava encontrando seu lugar. Eu inclusive.

Percebi que a gente precisa de um tempo para entender a casa nova, aprender de que direção o vento sopra na maior parte dos dias, onde bate a luz mais bonita de manhã cedinho, em que árvore os passarinhos acordam cantando, qual a melhor paisagem de janela para emoldurar a tela do computador. E depois de tudo isso percebido e absorvido, aí sim, você instala o sino de vento onde ele toca as melodias mais bonitas, vira a cama para o desenho da luz amarela da manhã na parede, pendura o alimentador de pássaros onde eles gostam mais e trabalha assitindo os beija-flores visitando o jardim durante todo o dia.

Cada lugar tem sua dinâmica e só você é capaz de dizer onde melhor se instala, como melhor se adapta. Não adianta querer fazer tudo rápido nem chamar um decorador para resolver. Só você sabe que sons te agradam e te irritam, que brisa te dá frio ou alivia o calor, que luz te irrita os olhos ou ilumina seu astral. Só você sabe fazer sua casa ficar com a sua cara, sem modas nem manias, sem aquela decoração pasteurizada de stand-apartamento decorado de empreendimento imobiliário.

Aqui, depois de muita arrumação, o ano começa hoje, e eu escrevo ouvindo os primeiros pingos de uma chuva que vem forte. Lá fora o céu vai cobrindo o sítio com uma capa cinza escuro, os trovões fazem tremer os vidros e aqui dentro velinhas acesas perfumam a casa de alecrim. É o clima ideal para dar os últimos arremates no que falta da operação casa nova. Hora de desconectar a internet.

Seja bem vindo ao De Verde Casa 2013.