domingo, 19 de agosto de 2012

Sobre enterrar sementes



Sementes são pacotinhos recheados de energia de vida e informações genéticas, e foram sendo aprimoradas ao longo de milhares de anos para perpetuar, da maneira mais eficiente possível, a espécie da qual carregam traços e características.
Quando estão livres na natureza, todo o meio ambiente se encarrega de ajudá-las a exercer sua função: ventos levam para longe as mais leves, pássaros carregam no bico e no sistema digestivo as sementes dos frutos que lhes serviram de alimento, algumas são arremessadas pelo estouro do fruto onde foram formadas, outras são transportadas pelas águas... Assim, cada uma segue seu curso natural e, em solo e condições favoráveis, dá início a uma nova vida.

Mas, e quando somos nós os responsáveis por fazê-las germinar, como lidar com cada tipo? Onde semear? Quanto enterrar?

Uma regra muito útil no preparo de sementeiras ensina que cada semente deve ser enterrada em profunidade equivalente ao seu tamanho "deitada" - ou seja, na posição em que fica naturalmente quando cai no chão. Claro que esse cálculo não é muito fácil quando se trata de sementes bem pequenas, mas no caso das grandes, veja:


A semente da Seringueira (Hevea brasiliensis), que tem 1,7 cm de espessura na sua menor dimensão, deve ser enterrada a 1,7 cm de profunidade.


A semente do Guapuruvú (Schyzolobium parahiba), também chamada de ficheira por ser bem achatadinha, deve ser enterrada sob uma camada fina de terra.


Claro que a natureza não obedece regra nenhuma e muitas sementes germinam sem nem mesmo terem sido cobertas de terra, mas essa é uma boa referência para não correr o risco de enterrar demais uma semente, sob mais peso do que ela poderia suportar na hora da germinação. Afinal, nascer não é tarefa fácil nem para os vegetais, e sempre exige algum esforço:





No caso das sementes bem pequenas, espalhá-las sobre a superfície da sementeira e peneirar uma camadinha fina de terra por cima já é mais do que o suficiente para que todas se mantenham firmes no lugar e não sejam levadas pelo vento e pela água das regas, além de permanecerem úmidas por mais tempo, já que expostas secariam muito rapidamente.

Na hora de regar, chuvinha fina feita com borrifador para as sementes pequenas, e volume um pouco maior de água, com regador ou mangueira, para as sementes maiores e mais enterradas. Diariamente.

E como já falei neste outro post  sobre sementeiras, o tempo de germinação pode variar de quatro dias a vários meses, dependendo da planta, por isso é interessante se informar a respeito do que você está semeando, para não sofrer por antecipação achando que não vai dar certo e nem desistir antes da hora.
Boa sorte!

8 comentários:

  1. Oi, Juliana. Ri muito com a quinta foto, parece um sapinho de costas, escondidinho debaixo da terra. Recebi de um amigo um endereço de uma página no facebook de um pessoal propondo a criação de uma Rede Sementes Livres. Você já ouviu falar? Passo-lhe a direção para que visite e conheça. É uma conexão segura. Meu grande abraço, Angela
    http://noticiasdacozinha.blogspot.com

    Aí está:
    https://www.facebook.com/pages/Millones-contra-Monsanto/290999004340502

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    1. Oi, Angela,
      também gosto da foto, mas pra mim parece uma boca de personagem de desenho animado dando um sorriso!
      Obrigada pelo link, vou olhar.
      Um beijo,
      Juliana.

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  2. Obrigada, Juliana! Não erro mais!
    Beijos, N

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    1. Neide, com esse dedo verde que você tem, até parece que errava antes!
      Beijo grande,
      J.

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  3. Olá Juliana!!
    Você sempre com belezuras por aqui né?
    Me senti tão reconfortada quando vi a foto inicial do post, pois as sementes são muito minhas conhecidas, e tenho muita saudade de quando mexia mais com elas.
    Já trabalhei muito com artesanato com essas sementes, inclusive a de Flamboyant tb, e ainda tenho muitas aqui! Tenho um potãaaao dessa de seringueira. Já plantei várias, fiz mudinhas, cuidei, mas acabava sem ter como repassar as mudas. Sabe essa semente vermelhinha maravilhosa que alguns chamam de olho de dragão? Então, tenho kilos! Gostaria de dar uma utilidade verde para elas!! rsrsrs fazer um montão de mudas, ou doá-las para quem quer fazer. Você tem alguma dica para me dar??? =D

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    1. 'Brigada, Poliana!
      Quando às suas sementes, se já as têm por um tempo, pode ser que tenham perdido a capacidade de germinação. Algumas espécies duram mais, outras menos... só testando pra saber sobre como estão as suas.
      Se quiser me doar, vou semeando e te dando notícias. Também podemos trocar por mudas, delas e de outras espécies, se quiser. Essa "olho de dragão", se é a que estou pensando também se chama Carolina, no popular, e Adenanthera pavonina no científico.
      Me escreva no juliana@deverdecasa.com e a gente conversa mais sobre essa doação.
      Beijo grande e volte sempre!
      Juliana.

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    2. faço coleção de sementes e gostaria de receber amostras das sementes que você planta.....

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  4. Olá, sou "reflorestador" por paixão...
    explicando melhor: Sou apaixonado pela natureza e estou empolgado em recuperar algumas áreas nas montanhas capixabas onde deveria ocorrer naturalmente o corredor verde de mata atlântica que vai do nordeste ao sul do país.
    ganhei alguns frutos cambucis e achei seu blog no post da missão cambuci.
    Já estudei bastante sobre reflorestamento, espécies nativas da região, germinação... etc e achava que já estava apto a começar.
    coletei várias sementes, ganhei algumas e comprei outras.
    Germinei todas com sucesso, porem até o momento as plantulas não passam dos 10cm de altura e elas começam a murchar e morrem, não dá tempo de transplantar. Já tentei deixa-las no tempo para pegar insolação, já deixei a meia sombra já deixei em ambiente com clima controlado e banho de luz para a fotossíntese e nada.
    Você teria alguma dica? não sei onde estou errando.

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