segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Maus alunos



A grande revelação do domingo foi a notícia de que os supostamente bem educados jovens brasileiros da classe média alta foram pegos no pulo. Ou melhor, no lixo.
O jornal Folha de São Paulo encomendou à Inova, empresa que faz a limpeza das ruas da zona noroeste da cidade, um levantamento do lixo recolhido nos principais locais de balada dos bairros Pinheiros e Vila Madalena.

O resultado é de cair o queixo: em alguns endereços o total de sacos de lixo do final de semana corresponde a até 75% do coletado durante os dias úteis. Na rua Wisard, por exemplo, no período de 22 a 28 de setembro último, 171 sacos foram enchidos com o lixo de segunda a sexta-feira, enquanto 128 sacos foram necessários para recolher o lixo gerado apenas no sábado e no domingo.

Anrafael Vargas, diretor da Inova, diz que a maior parte do material é copo descartável, bituca e maço de cigarro, guardanapo de papel e garafa long neck. "Tem pouco alumínio porque os catadores recolhem as latinhas", diz ele. Alguns bares têm lixeiras do lado de fora e varrem diversas vezes por noite, mas ainda assim a empresa de limpeza pública tem muito o que recolher quando amanhece o dia.

Quem sai do bar para fumar está mais do que acostumado a jogar bituca de cigarro no chão. Eu sei como é, também já fumei e já fiz assim. Bituca se arremessa longe, num peteleco caprichado que todo fumante sabe dar. Ou então é esmagada pela ponta do pé fazendo voltinhas, para ter certeza de que ficou bem apagada. Afinal, acessa é perigosa, mas apagada no chão tudo bem.
Já os que bebem em pé na calçada colocam cuidadosamente seus copos e garrafas vazios nos cantinhos das paredes ou na guia, já que seria feio arremessá-los por aí. Vidro quebra, machuca os outros, não é legal. Mas colocadinho no chão com cuidado, que mal tem?

No dia seguinte, sobra no chão a vida real. Um rastro de falta de educação que o charme e o papo animado da noite anterior não conseguem negar. Os que jogaram tudo aquilo na rua não puderam interromper por um instante a piada para caminhar até a lixeira. Ou, em casos de ainda mais conseciência e empenho, para questionar ao garçom "O bar não tem uma lata de lixo do lado de fora? Onde eu posso jogar isso?"

É chato começar a semana assim, com a triste constatação de que nem aqueles que têm livre acesso à "boa educação" estão fazendo o seu dever de casa.

Para ler a reportagem completa da Folha de São Paulo, clique aqui. E para ver mais números, confira a seguir a tabela produzida pela Folhapress.



3 comentários:

  1. Lamentável... Mas, infelizmente, esse é o país do 'assistencialismo sim, educação não'. Mais pessoas vêm ganhando status de classe média, mas não são educadas para o consumo e o descarte de resíduos conscientes. Muito lixo nas ruas, mais ainda nas mentes - falsa ilusão de 'poder'. Trabalho longo e árduo para mudar alguma coisa, por pouco que seja... Beijos, Angela
    http://noticiasdacozinha.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Parabéns pelo site! É interessante ver esses dados, e eu concordo em dizer que é falta de educação daqueles que supostamente tem mais acesso a ela. Mas isso traz uma questão muito mais séria que quase nunca é abordada que é o lixo criado por restaurantes, bares e hotéis. Após trabalhar em um restaurante/bistrô que servia também convenções e reuniões de empresas, eu me senti completamente impotente diante do tamanho do problema. E aí, os políticos e ativistas cobram do cidadão comum a questão da reciclagem e da consciência, quando os setores industrial e de serviços é que fazem um estrago muito maior. Era tanto resto, tanta embalagem, tanto descartável, e olha que eles reciclavam os restos de legumes e vegetais para o composto. A responsabilidade é de todos, mas a poluição de restaurantes me incomoda.

    ResponderExcluir
  3. Angela, fico me pergunando: o pai e a mãe não ensinaram isso em casa? Ai, ai...

    Ideia Retro, obrigadíssima por seu depoimento. Concordo plenamente, é uma loucura o que os estabalecimentos comerciais produzem de lixo. Essa história de descartável é péssima. E todo mundo descarta com a justificativa de que é reciclável, mas a indústria da reciclagem no país ainda não é grande o suficiente para absorver todo essa material e nem mesmo todos os tipos de material, ainda.

    Um beijo e voltem sempre,
    Juliana.

    ResponderExcluir

Muito obrigada por comentar.
E se você não tem um blog nem um endereço no gmail, para enviar seu comentário basta clicar na opção "anônimo", logo abaixo da caixa de texto. Mas, por favor, assine seu nome.